Filipe Nyusi disponível para um novo encontro com Dhlakama
18 de março de 2015 O Chefe do Estado moçambicano, Filipe Nyusi, manifestou esta quarta-feira (18.03) disponibilidade para voltar a encontrar-se com Afonso Dhlakama, o líder do maior partido da oposição, a RENAMO, no âmbito dos esforços para a preservação da paz no país. O anúncio foi feito após um encontro que Nyusi manteve com a sociedade civil.
"O Presidente Filipe Nyusi está disponível para manter um novo encontro com o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama", revelou o seu porta-voz António Gaspar sem adiantar datas.
Obstáculos só podem ser ultrapassados num frente-a-frente
O encontro tinha sido sugerido na última quinta-feira (12.03) pelos mediadores nacionais no diálogo político entre o Governo e a RENAMO, após um encontro com Dhlakama.
O grupo considerou na altura que alguns obstáculos no processo de paz só poderiam ser ultrapassados num frente-a-frente Nyusi - Dhlakama e adiantou que o líder da RENAMO tinha manifestado a disponibilidade para participar num tal encontro.António Gaspar, porta-voz do Chefe de Estado disse aos jornalistas que "o Presidente está sempre disponível para dialogar seja com quem for. Também com o senhor Dhlakama, o Presidente está sempre disponível. Quando diz que tem em mente a paz isso significa que o Presidente está disponível o tempo todo".
António Gaspar fez estas declarações após uma audiência concedida esta quarta-feira (18.03) pelo Chefe de Estado a organizações da sociedade civil.
Apelo à manutenção da paz
Neste encontro, a sociedade civil moçambicana divulgou uma declaração na qual faz um apelo veemente a manutenção da paz e encoraja o Chefe de Estado a manter a atual postura dialogante.
Segundo a declaração subscrita por mais de vinte organizações “esta simplicidade de Nyusi contrasta com a arrogância e o autismo que apenas ajudam a criar desconfianças e tensões”.
A sociedade civil pede ao Presidente para persistir no caminho do diálogo, tolerância e convivência pacífica como a única via para a paz.A declaração refere que “vinte anos depois, a paz em Moçambique volta a ser posta em causa. A conquista de uma nação unida e indivisível voltou a ser posta em causa.”
O documento acrescenta que “um discurso belicista, de chantagem e de ameaça voltou a instalar-se fazendo perigar os esforços de democracia, de inclusão e de
tolerância.”
Nenhum partido deve colocar a paz em perigo
As organizações da sociedade civil defendem por outro lado, que nenhum partido, incluindo o partido no poder (FRELIMO), tem o direito de fazer perigar a paz.
Ninguém está autorizado a usar o idioma da força para impor as suas ideias. Ninguem está autorizado a passar por cima da Constituição e das normas democráticas para fazer valer as suas intenções de poder“.O escritor Mia Couto falou aos jornalistas à saída do encontro com o Chefe do Estado moçambicano. "Estamos numa situação em que regressou de novo essa espécie de nuvem de medo que paira sobre Moçambique. Acho que valem todas as soluções. Quisemos neste momento encorajar este caminho de diálogo. Não há outro", concluiu o escritor.
Para Mário Sitoi, Presidente da Ordem dos Contabilistas e Auditores e também um dos participantes no encontro disse aos jornalistas que "a nossa classe defende a ordem e a integridade das contas públicas e empresariais, mas não existem contas sem empresários que trabalham se o país não estiver a produzir e em paz".