Em visita oficial ao Malawi, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, pediu a remoção de barreiras ao investimento e a criação de um ambiente de negócios favorável para o desenvolvimento económico dos países vizinhos.
Daniel Chapo: "Temos de facilitar o ambiente de negócios para desenvolver os nossos países, os nossos povos"Foto: Amanuel Sileshi/AFP
Publicidade
"Somos uma família. Temos os mesmos nomes, a mesma cultura, a mesma língua. Então, não há necessidade de haver essas barreiras. Vamos facilitar o negócio para que os nossos países cresçam", apelou Daniel Chapo, que se encontra no Malawi desde esta quinta-feira (05.06).
"Hoje começamos a chamá-la de fronteira de ida única. Porque essa palavra de parar, nós não queremos parar. Nós queremos trabalhar", disse o chefe de Estado, num encontro com a Câmara de Comércio do Malawi
De acordo com a Presidência da República moçambicana, a visita de trabalho de dois dias a convite do homólogo do Malawi, Lazarus Chakwera, marca um novo impulso que Daniel Chapo pretende incutir nas relações históricas entre os dois países.
O Presidente moçambicano defendeu que o setor público tem a responsabilidade de facilitar os negócios, recordando que a luta atual dos países africanos é pela liberdade económica: "É por essa razão que vamos lutar. Por isso, nós temos de facilitar o ambiente de negócios para desenvolver os nossos países, os nossos povos, mas também desenvolvermos aqueles que trazem dinheiro para terem lucros e poderem desenvolver mais as empresas".
A fronteira entre Moçambique e o Malawi, com uma extensão de 1.569 quilómetros, foi estabelecida em novembro de 1954
Os governos dos dois países assinaram esta quinta-feira (05.06) em Lilongwe, capital do Malawi, vários acordos para fomentar as relações bilaterais, depois de conversações entre os dois chefes de Estado.
"Fortalecer as relações existentes, que são baseadas em valores compartilhados, identidade comum e boa amizade", disse Chakwera, que hoje se desloca com Chapo a Dedza, junto à província de Tete, para inaugurar o primeiro de quatro Postos Fronteiriços de Paragem Única (PFPU) previstos para a fronteira comum, um projeto financiado pelo Banco Mundial destinado a facilitar o comércio bilateral.
Publicidade
Modelo de fronteira de paragem única
De acordo com informação do Projeto de Comércio e Conectividade da África Austral (PCCAA), este modelo "visa fortalecer a conectividade, facilitar o comércio transfronteiriço e promover o crescimento económico sustentável" na África austral.
"Com este modelo inovador de Fronteira de Paragem Única, os processos de controlo fronteiriço de Moçambique e Malawi, nomeadamente, migração, alfândegas, sanidade, e outros, passarão a ser feitos num único ponto de entrada e saída, promovendo uma maior eficiência no trânsito de pessoas e mercadorias entre os dois países, com a redução de tempo e custos logísticos", refere-se na informação.
Conheça o moçambicano vencedor do prémio "Chakwera"
01:45
This browser does not support the video element.
Os dois países vão implementar quatro PFPU para facilitar o comércio bilateral, com "circulação eficiente de bens, pessoas e serviços", conforme acordo ratificado pelo Governo moçambicano.
De acordo com o documento aprovado em Conselho de Ministros no final de 2024, os governos dos dois países reconhecem a necessidade de integração regional, através da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) e os "princípios da melhoria da facilitação do comércio" nesta região, estabelecendo PFPU entre ambos os Estados.
A fronteira entre Moçambique e o Malawi, com uma extensão de 1.569 quilómetros, foi estabelecida em novembro de 1954, por acordo entre os respetivos governos coloniais de então. Assinado pelos dois executivos em 23 de novembro de 2021, mas apenas ratificado por Moçambique mais de três anos depois, o novo acordo prevê PFPU, substituindo o duplo controlo, em cada país, nas fronteiras de Mwanza e Zobué (província de Tete), Dedza e Calómuè (Tete), Muloza e Milange (Zambézia), e Chiponde e Mandimba (Niassa).
Os controlos fronteiriços, assume o acordo, passam a ser "mais céleres e eficazes" e permitirão "reduzir o número de interrupção no comércio transfronteiriço e outras transações, combinando as atividades" de controlo de cada país "em um único local em cada direção".
Moçambique: As novas estradas do Niassa
Com a reabilitação das duas principais estradas do Niassa, a N13 e N14, vitais para o desenvolvimento da província, a ligação da região com o resto de Moçambique e países vizinhos torna-se mais rápida e segura.
Foto: DW/M. David
Mãos à obra
A província de Niassa, a mais extensa de Moçambique, é potencialmente rica em agropecuária, turismo, conservação, extração mineira, entre outras atividades. No entanto, o estado das vias de acesso constitui o principal entrave no desenvolvimento económico da província. Mas esse cenário já começou a mudar com as obras de reabilitação de várias vias.
Foto: DW/M. David
Estrada N13
Finalmente arrancou a construção da N13, estrada nacional que liga as províncias de Nampula e Zambézia, através da via do Cuamba. Também tem ligação com o vizinho Malawi, passando pelo distrito de Mandimba. A reabilitação está dividida em três partes: nas ligações de Lichinga-Massangulo, Massangulo-Muita e Muita-Cuamba. Estes são troços mais complexos devido às pontes que devem ser construídas.
Foto: DW/M. David
De Moçambique ao Malawi
Devido a relação de proximidade entre os dois povos, a estrada Mandimba-Malawi foi igualmente contemplada pelo projeto de asfaltagem. Neste momento, a estrada esta totalmente planada, faltando apenas o seu revestimento para permitir uma ligação mais efetiva entre os dois países vizinhos. O antigo troço dificultava a circulação de pessoas e bens praticamente em todas as épocas do ano.
Foto: DW/M. David
Estrada Montepuez-Balama
As obras de reabilitação e asfaltagem de cerca de 130 km de estradas decorrem a todo gás para que este troço esteja pronto até fevereiro de 2020. Trata-se de uma via que liga a cidade de Montepeuez, em Cabo Delgado, até Balama, no Niassa. O objetivo é assegurar a ligação entre as duas províncias nortenhas, sobretudo do Niassa ao porto de Pemba, dinamizando as trocas comerciais.
Foto: DW/M. David
Limite entre o Niassa e Cabo Delgado
Marrupa é o distrito do Niassa que faz fronteira com a província de Cabo Delgado através do distrito de Balama, separadao pelo rio Ruança. Do lado do Niassa a estrada está totalmente asfaltada. Mas o mesmo não se pode dizer sobre a estrada em Balama, como mostra a foto.
Foto: DW/M. David
Vias alternativas com problemas
No intuito de acelerar as obras de reabilitação da estrada N13 sem criar grandes transtornos na mobilidade das pessoas e bens, as empresas encarregues do projeto de asfaltagem criaram desvios através de vias alternativas. Mas estas vias não estão em condições de transitabilidade e dificultam, principalmente, a circulação de viaturas de grande porte.
Foto: DW/M. David
Travessia mais segura
A ponte inaugurada em dezembro de 2018 pelo Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, sobre o rio Lunho, no distrito turístico do Lago Niassa, é um alívio para a população local. Antes todos atravessavam o rio através de pirogas com risco de serem atacados por crocodilos. A ponte liga as zonas de Chuanga e Messumba, no distrito do Lago.
Foto: DW/M. David
Estrada N14 reabilitada
Com 455 km, a N14 liga a província do Niassa com a vizinha Cabo Delgado. Trata-se de uma estrada totalmente asfaltada e sinalizada e já aliviou muitos niassenses que passam por aquela via diariamente. A estrada conta com duas faixas de rodagem.
Foto: DW/M. David
"Desenvolvimento acelerado"
A reabilitação das estradas no Niassa já anima a população local. Euclides Tavares, que mora na capital provincial, acredita que estas obras poderão trazer um "desenvolvimento acelerado" para a região. "Acho que o Niassa vai mudar, porque o a província só está mais atrasada devido à degradação das estradas", diz o residente, que comemora o fim das obras na N14 - que liga Lichinga a Cabo Delgado.
Foto: DW/M. David
Impacto no futuro
Maria Orlando, também residente no Niassa, também comemora a conclusão das obras em algumas estradas. Para ela, estas vias "estão a trazer uma nova cara ao Niassa" e os seus impactos poderão se refletir no futuro da vida dos niassenses.