Presidente do PAICV reeleita para um novo mandato de três anos à frente do maior partido da oposição cabo-verdiana. Almada considerou a sua reeleição como um grande exemplo de cidadania dos militantes do seu partido.
Publicidade
Janira Hopffer Almada foi reeleita nas diretas de domingo (29.01) do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), com 97 por cento dos votos expressos numa eleição em que foi candidata única. A taxa de participação foi superior a 60 por cento dos mais de 34 mil militantes do PAICV, 2 por cento dos eleitores votaram contra e 1 por cento em branco.
Dez meses depois de ter sido relegada para a oposição, a presidente do PAICV considera agora que o seu partido está a ganhar as condições para começar uma nova caminhada e saudou os militantes pelo exemplo de cidadania demonstrado.
"Este ato eleitoral foi demonstrativo de que a democracia é uma extraordinária escola da cidadania. Todos protagonizamos uma extraordinária jornada democrática estribada em princípios e valores em que os militantes do PAICV puderam exercer o seu direito de voto e demonstrarem de forma inequívoca a sua vontade”.
Contestação à liderança
Comentando as eleições no PAICV, o analista político cabo-verdiano Manuel Brito Semedo considerou, em declarações à DW África, que Janira Hopffer Almada não vai ter vida fácil, uma vez que aumenta a contestação interna contra a sua liderança e acrescenta que "os resultados são para fazer rir. Com mais de 90 por cento dos votos, quando há uma movimentação interna de contestação à liderança e o processo de se recandidatar sem se ter demitido, é no mínimo caricato. A verdade é que os problemas do PAICV vêm muito antes da Janira, mas agravaram-se com as três derrotas que sofreu em 2016 (eleições legislativas, autárquicas e presidenciais”.
Manuel Brito Semedo é da opinião que o país precisa de uma oposição forte, mas para que tal aconteça Janira Hopffer Almada tem de saber congregar todas as sensibilidades.
"A eleição da Janira Hopffer Almada em 2014 deixou o partido praticamente dividido. Ela teve 51 por cento dos votos e não conseguiu agregar os 49 por cento e, agora, avança para o Congresso com a sua lista. Corre-se o risco de não haver o pluralismo dentro do partido”.
Falta pluralismo no PAICV
Esta é segundo Manuel Brito Semedo, uma das razões para a fraca afirmação política da jovem presidente do PAICV."Janira Hopffer Almada não conseguiu até agora mostrar-se e afirmar-se, ela não tem conseguido trazer gente mais velha que tem a história e o peso do PAICV”.Depois das eleições internas começam agora os preparativos para o Congresso do PAICV marcado para os dias 17, 18 e 19 de Fevereiro.
30.01.2017 PAICV/reeleição de JHA - MP3-Mono
Juntamente com Janira Hopffer Almada foram eleitos mais de 200 delegados ao Congresso.
Vulcão mergulha Cabo Verde na inquietude
A erupção do vulcão Pico do Fogo começou no domingo, 23 de novembro de 2014. A última, em abril de 1995, durou quase dois meses. As autoridades já falam de danos materiais avultados.
Foto: DW/D. Borges
Deslumbrante e assustador
A erupção do vulcão na ilha do Fogo de novembro de 2014 tem sido acompanhada por fortes explosões e torrentes de lava e cinzas. Se o espetáculo é fascinante, a verdade é que a erupção ameaça a subsistência de muitos habitantes das localidades atingidas.
Foto: DW/D. Borges
Abertura de caminhos
As lavas cortaram todas as vias de acesso a Chã das Caldeiras. As autoridades locais mobilizaram tratores para desobstruir as estradas, a fim da garantir a mobilidade dos moradores. Segundo disse à DW África o presidente da Câmara de São Filipe, Luís Pires: "Há que providenciar alojamento, alimentação, cuidados de saúde e escola para as crianças".
Foto: DW/D. Borges
A população está assustada
Quando começaram as explosões, os habitantes de Chã das Caldeiras transportaram para as zonas mais altas os seus eletrodomésticos e outros pertences. Com medo do furto e das lavas, refugiaram-se em lugares que lhes pareciam mais seguros, e optaram por dormir ao relento, apesar do frio.
Foto: DW/D. Borges
Um vái-vem de carrinhas
Cerca de mil pessoas tiveram que ser evacuadas. Nem todas conseguiram levar os seus pertences consigo. Mas muitas regressam às localidades ameaçadas, para retirar os seus bens. Carrinhas de caixa aberta e camiões transportam todo o recheio interior das casas, e muitas vezes partes das casas, como portas e janelas. Quem pode, leva também o seu gado.
Foto: DW/D. Borges
Preocupação com a segurança
Houve registo de assaltos a casas abandonadas. As autoridades reagiram, reforçando a polícia local e enviando cerca de trinta militares para a zona da erupção, com o fim de proteger os haveres dos habitantes. Segundo o presidente da Câmara de São Filipe, Luís Pires, alguns habitantes, conhecedores profundos da região, permanecem no local para apoiar as forças de segurança.
Foto: DW/D. Borges
A lava já destruiu edifícios
A sede do Parque Natural da ilha do Fogo, erigida com assistência financeira da Alemanha, foi parcialmente destruida. Segundo os responsáveis, foi, no entanto, possível, salvar o seu recheio, nomeadamente computadores e mobiliário. A periferia do parque foi igualmente afetada, mas as plantas endémicas para já não correm perigo.
Foto: DW/D. Borges
Temperaturas elevadas
Para além da erupção provocar temperaturas elevadas, nocivas ao ser humano, a emissão de gases, dióxido de enxofre, fumaças e uma forte “chuva” de areia fina atingiram altitudes elevadíssimas, tendo chegado às ilhas de São Vicente e São Nicolau. A erupção afetou também a aviação civil.
Foto: DW/D. Borges
Catástrofe
A actividade sísmica no Fogo está a provocar fissuras em diversos pontos da ilha, o que preocupa especialistas e população. Acresce que, na noite de quinta-feira, 27 de novembro, se registou uma intensificação da atividade vulcânica. O Governo de Cabo Verde anunciou, entretanto, contar com a assistência da diáspora cabo-verdiana e da comunidade internacional para fazer face a esta "catátrofe".
Foto: DW/D. Borges
Impacto económico negativo
Depois da seca, agora é a lava que ameaça as colheitas. Ainda não há um balanço dos danos causados pelo vulcão, mas o presidente da Câmara, Luís Pires, avançou à DW África, que só nos primeiros dias, os estragos foram equivalentes aos dois meses que durou a erupção anterior. Foram já destruídas 15 residências na localidade de Portela e 14 cisternas de água.