Presidente guineense culpa principais partidos pelo impasse político
3 de junho de 2013 O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, não tem dúvidas que as duas principais forças politicas do país são as únicas responsáveis pelo impasse na formação do novo governo de inclusão, como exigido pela comunidade internacional, por estarem a reclamar as melhores pastas.
O PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) e o PRS (Partido da Renovação Social) recusaram (nos dias 30 e 31 de maio) propor nomes para as pastas ministeriais para a formação de um governo mais inclusivo.
Após terem recebido uma carta do primeiro-ministro de transição, Rui Barros, os dois partidos alegaram que a partilha de poder não vai ao encontro do acordo assinado entre eles, na presença dos membros da comunidade internacional, facto que bloqueou a remodelação.
O país continua assim a aguardar a formação de um executivo de transição mais inclusivo, exigida pela comunidade internacional, bem como a adoção de uma agenda de transição e a marcação da data das eleições. O sufrágio deverá pôr termo ao período de transição, iniciado após o golpe de Estado de 12 de abril de 2012, que depôs o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior que, na altura, se candidatava à Presidência da República.
Interesse nacional subvalorizado, diz Nhamadjo
Na perspetiva de Nhamadjo, é um exagero que os dois partidos assumam 20 pastas num governo de inclusão. O Presidente guineense lamenta o excessivo peso dos valores partidários: “infelizmente, na luta política, muitos põem os partidos acima do interesse nacional, porque senão já teríamos ultrapassado isso”.
“Pressuponho que as pessoas tenham outras intenções, porque servir não significa obter a melhor pasta. Não há melhor nem piores pastas ministeriais. Há sim uma instituição para a qual vamos contribuir com o nosso saber para que o país possa beneficiar da nossa competência”, afirma Serifo Nhamadjo.
Novas negociações com base em partilha equitativa
O Presidente guineense disse ter orientado o chefe do executivo de transição, Rui Duarte de Barros, no sentido de renegociar com o PAIGC e PRS a partilha das pastas ministeriais de forma equitativa.
De acordo com Serifo Nhamadjo, há “uma proposta que foi remetida para o PAIGC para sete pastas e o PRS, se a memória não me falha, para seis. No âmbito dessas propostas, estão agora a negociar”.
O Presidente guineense acrescenta: “como árbitro, estou à espera que os partidos enviem os nomes, que o primeiro-ministro me remeta a proposta, como mandam os preceitos legais, para eu poder promulgar. Se fosse na ditadura, já teria feito um governo há muito tempo. Mas como é democracia, temos que discutir, buscar cedências, negociar para que o consenso seja respeitado”.
De recordar que os dois partidos têm 95 dos 100 deputados que compõem a Assembleia Nacional Popular.
Pequenos partidos apontam o dedo aos grandes
Além de Serifo Nhamadjo, também o Fórum dos partidos políticos (que agrupa mais de duas dezenas de pequenos partidos) aponta o dedo ao PAIGC e ao PRS pelo atual impasse na Guiné-Bissau.
Em comunicado, o grupo dos partidos que apoia o golpe de Estado considera que as duas forças mais votadas nas últimas legislativas querem com a partilha das pastas acordada perverter o pacto de transição e o acordo político assinados logo depois de golpe de Estado de 2012.
O presidente guineense viajou, esta segunda-feira (03.06), para a Nigéria para controlo médico de rotina às diabetes. Serifo Nhamadjo espera ver o impasse ultrapassado para quando chegar ao país, dentro de três dias, poder anunciar o novo governo.