Presidente guineense diz que atual Governo vai até 2018
Lusa | ar
22 de dezembro de 2016
O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, afirmou que o Governo do primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embaló, não será demitido e que vai até ao fim do seu mandato em 2018.
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O chefe do Estado guineense deu estas indicações aos alunos de uma escola de formação profissional, em Bissau, que visitou esta quinta-feira (22.12) e onde abordou o seu percurso pessoal enquanto empresário. José Mário Vaz, prometeu apoio das autoridades aos melhores alunos da escola e ainda anunciou que o Governo de Umaro Sissoco Embaló não será demitido como reclamam quatro dos cinco partidos com representação parlamentar.
Realização de eleições em 2018
"Este Governo não vai cair nem o seu primeiro-ministro", observou o Presidente guineense, apontando para 2018 o fim do atual executivo com a realização de novas eleições legislativas.
Recorde-se que vários partidos políticos criticaram a escolha de Umaro Embaló para primeiro-ministro, acusando o chefe de Estado de não respeitar o Acordo de Conacri, que estabelece um roteiro para a saída da crise política na Guiné-Bissau, que se arrasta há mais de um ano.
Situação política na Guiné-Bissau preocupa a ONUO secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse na quarta-feira (21.12) em comunicado que partilha a preocupação da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) com a situação política na Guiné-Bissau.
"O secretário-geral partilha a preocupação expressada pelos chefes de Estado e de Governo da CEDEAO com a prolongada crise institucional e política na Guiné-Bissau, que continua a ter um impacto negativo nas pessoas do país", lê-se no comunicado da ONU.
No final de uma cimeira no sábado passado (17.12), os líderes da África Ocidental instaram o Presidente guineense, José Mário Vaz, "para que se conforme aos dispositivos do Acordo de Conacri", instrumento patrocinado pela CEDEAO e com o qual a organização acredita que a Guiné-Bissau poderá sair da crise política que conhece há mais de ano e meio.
Missão da CEDEAO sai da Guiné-Bissau em 2017O Acordo de Conacri visa a formação de um Governo cujo primeiro-primeiro seria uma figura de consenso e que tenha a confiança do Presidente guineense. No entanto, quatro das cinco formações políticas com assento parlamentar não reconheceram Umaro Sissoco Embaló, chefe do executivo proposto por José Mário Vaz.
No comunicado, Ban Ki-moon pede "à liderança política da Guiné-Bissau que demonstre o compromisso e boa-vontade necessários para atingir uma solução política duradoura para a crise no pais, com base no Roteiro da CEDEAO e no Acordo de Conacri."
O diplomata refere-se ainda à saída da missão da CEDEAO do país, planeada para o primeiro quarto de 2017, dizendo ter "a esperança de que tal retirada esteja contingente das pré-condições estipuladas no Mapa da CEDEAO e em articulação adequada com os outros parceiros internacionais, incluindo as Nações Unidas".
Natal em tempos de crise
A crise económica e política que a Guiné-Bissau vive há mais de um ano e meio não vai passar sem deixar as suas marcas no Natal. Muitos salários estão em atraso e o poder de compra dos guineeneses voltou a cair.
Foto: DW/B. Darame
Natal na Guiné-Bissau não é para todos
Muitas famílias na Guiné-Bissau tentam manter a tradição da árvore de Natal, apesar da crise. Mas mesmo a venda das árvores de plástico sofreu uma queda significativa neste ano. Foi um ano diícil para a população, apanhada entre querelas políticas e pessoais e crises económicas e financeiras, que, mais uma vez, adiaram o desenvolvimento do país.
Foto: DW/B. Darame
Cuidado com os larápios
Como a contrariar o espírito natalício, neste período aumenta o número de roubos nos mercados do país. Jovens sem emprego nem escola, entre os 15 e os 30 anos, aproveitam a azáfama para furtar carteiras, telemóveis e fios de ouro. O reforço das medidas de segurança pela polícia não consegue deter os delinquentes.
Foto: DW/B. Darame
Made in Germany
Quem pode, compra produtos de importação, alegadamente de melhor qualidade. Mas os fregueses desta loja de móveis no bairro de Pilum, que vende produtos em segunda mão importados da Alemanha, não são muito numerosos. Mesmo os móveis descartados pelos alemães, recolhidos do lixo naquele país longínquo, não encontram muita vazão na Guiné-Bissau.
Foto: DW/B. Darame
Prendas para as crianças
Os produtos fabricados na China são mais baratos e têm maior procura, mesmo se a qualidade muitas vezes deixa a desejar. Hélia Sá, mãe de três filhos, passou muito tempo a vender comida na rua para poder dar uns poucos presentes de Natal às crianças. Na Guiné-Bissau, o lema é gastar o menos possível, mesmo nos mini-mercados.
Foto: DW/B. Darame
Compras de Natal e não só
Não obstante a crise, no mercado a céu aberto de Bandim regista-se um aumento de movimentação à medida que se aproxima o dia de Natal. Mas não é só por causa da quadra natalícia. É que tradicionalmente os guineenses celebram os casamentos em dezembro, dando ímpeto ao comércio. Fraco consolo para os funcionários públicos, por exemplo, alguns dos quais têm os salários mais de 30 meses em atraso.
Foto: DW/B. Darame
Quebra de receitas
Os comerciantes queixam-se do fraco negócio de Natal neste ano. As mulheres que vendem legumes e fruta dizem que, comparadas a 2015, antes da queda do Governo naquele ano, as receitas baixaram fortemente. Neste contexto não cai bem a todos o diretor do Banco Central, João Fadia, afirmar que a saúde financeira do país é "boa", tendo em conta as reservas cambiais e a inflação modesta de 2,6%.
Foto: DW/B. Darame
Roupa ocidental
A roupa em segunda mão importada da Europa chama-se "fuca" e é muito procurada por quem tem poucos meios. A maioria dos jovens guineenses é desempregada e por isso recorre aos comerciantes que chegam com esta mercadoria dos países vizinhos. A loja é um pano no chão, sobre o qual se deitam as camisas, calças, meias, bocers e camisolas importados do velho continente. É à escolha do freguês.
Foto: DW/B. Darame
Têxteis africanos estão na moda
Apesar da crise, e das roupas em segunda mão oriundas da Europa serem muito baratas, este ano os panos tradicionais africanos ganharam nova popularidade. Para grande satisfação dos alfaiates e artesãos nacionais, jovens e adultos dos dois sexos estão a comprar panos, ou vestidos e camisas feitos com têxteis africanos para usar na quadra festiva.
Foto: DW/B. Darame
Espírito natalício?
Há famílias desavindas que não vão passar juntas a quadra festiva e a tradicional ceia de Natal. O motivo: a política. A crise política que divide o país passa pelo meio de famílias, com os dois lados a assumir posições intransigentes. O impacto da crise na vida das pessoas assume as mais variadas formas, mas todas são negativas.