Presidente moçambicano prolonga estado de emergência
Lusa
29 de abril de 2020
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, decretou a prorrogação do estado de emergência até 30 de maio, devido à pandemia da Covid-19, para evitar uma eventual pressão sobre o sistema de saúde.
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Apesar de não haver um confinamento obrigatório, o chefe de Estado moçambicano pediu a todos os cidadãos para que optem por não sair, sem ser por motivos essenciais.
"Em palavras simples digo: Vamos ficar em casa", afirmou Filipe Nyusi, numa declaração à nação transmitida pela Televisão e Rádio Moçambique.
Nyusi anunciou que o país vai reforçar a capacidade de testagem, principalmente em locais onde há aglomerações, bem como a criação de "cordões ou corredores sanitários", para evitar que o país tenha de adotar medidas mais profundas para conter a propagação da Covid-19.
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Embora mantenha as medidas decretadas em abril, o chefe de Estado moçambicano pediu o reforço no cumprimento das mesmas, condição para que "o sistema de saúde não sofra pressão".
"Decidi declarar a prorrogação do estado de emergência, com início às 00:00 do dia 01 de maio e término às 23:59 do dia 30 maio. A prorrogação do estado de emergência foi ainda hoje por mim submetida ao Parlamento para ratificação. Ao tomarmos esta decisão temos a consciência de que mais dias difíceis nos esperam, contudo, é pretensão do Governo abrandar a disseminação do vírus", declarou Filipe Nyusi.
"Há um relaxamento na postura" dos moçambicanos
O Presidente moçambicano pediu o reforço de medidas de prevenção, com destaque para a limitação de circulação de pessoas, o uso obrigatório das máscaras em todos locais de aglomeração de pessoas e o distanciamento social.
De capulanas a máscaras: alfaiatarias de Moçambique inovam em tempos de Covid-19
Em Moçambique, a grande procura levou muitas pessoas a investirem na produção e no comércio de máscaras faciais feitas de capulana.
Foto: DW/R. da Silva
As máscaras de capulana
As pessoas procuram pelas máscaras na tentativa de conter a propagação do coronavírus no país. O uso da máscara é também uma recomendação do Governo e, em alguns casos, obrigatório. As müascaras feitas de capulana estão a ganhar o mercado, conquistar os clientes e render um bom dinheiro.
Foto: DW/R. da Silva
Nova utilidade da capulana
É a capulanas como estas que muitos produtores recorrem para fabricar o seu mais novo produto: máscaras faciais. A capulana passou a ter mais esta utilidade por causa do coronavírus. O preço da capulana continua a ser o mesmo, custando entre o equivalente a 1,20 a pouco mais de 4 euros, dependendo da qualidade.
Foto: DW/R. da Silva
Tradição em capulanas
Na baixa de Maputo, a "Casa Elefante" é uma das mais antigas casas de venda de capulana da capital moçambicana. Vende variados tipos do produto. São muitas as senhoras que se deslocam ao local para a compra deste artigo para a produção das máscaras. As casas de venda de capulana passaram a ter muita afluência para responderem à grande procura pelos artigos por causa do coronavírus.
Foto: DW/R. da Silva
Produção caseira
Esta alfaiataria caseira funciona há cerca de 15 anos, em Maputo. Antes, a proprietária dedicava-se a costurar uniformes escolares. Por causa do coronavírus, passou a investir mais na produção de máscaras. Ela vende aos informais a um preço de 0,20 euros cada unidade.
Foto: DW/R. da Silva
Aproveitar a demanda
A alfaiataria da Luísa e da Fátima dedica-se à produção de vestuário de noivas e não só, mas também à sua consertação. Quando começou a procura pelas máscaras de produção com recurso à capulana, as duas empreendedoras tiveram que redobrar os esforços para produzi-las sem pôr em causa a confecção habitual. O rendimento diário subiu de cerca de 40 euros para 60 euros, dizem.
Foto: DW/R. da Silva
Produção a todo o vapor
Estes alfaiates, no mercado informal de Xiqueleni, costumam dedicar-se ao ajustamento de roupas de segundam mão, compradas no local. Mas devido à intensa procura pelas máscaras, dedicam a maior parte do tempo a produzir estes protetores faciais à base da capulana. Também eles estão a aproveitar a grande demanda pelo acessório.
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Informais a vender máscaras
Desde que o Governo determinou a obrigatoriedade do uso de máscaras nos transportes e aglomerações, há pouco mais de uma semana, muitos vendedores informais, mulheres e homens, miúdos e graúdos compraram-nas para a posterior revenda. Um dos principais locais para a venda ao consumidor final são os terminais rodoviários.
Foto: DW/R. da Silva
Máscara para garantir a viagem
Os maiores terminais rodoviários, como por exemplo a Praça dos Combatentes, são os locais de aglomerados populacionais e onde muitos cidadãos acorrem para comprar as máscaras caseiras. Quando um passageiro não tem a máscara, sabe que pode encontrar o produto sem ter que percorrer longas distâncias e garantir o embarque nos meios de transporte.
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Grande procura em Maputo
Neste "Tchova", carrinho de tração humana, há vários artigos. Os clientes estão a apreciar as máscaras, e não só, que o vendedor informal exibe. Os clientes referem que compram as máscaras não só para evitar a propagação do coronavírus, mas também porque os "chapeiros" exigem o uso das mesmas, sob pena de não permitirem a viagemm de quem não tiver o acessório.
Foto: DW/R. da Silva
Bons rendimentos
Os vendedores informais aproveitam a muita procura pelas máscaras caseiras para juntar ao seu habitual negócio. Jorge Lucas, além de vender acessórios de telefones, diz que "há muita procura" pelas máscaras feitas de capulana e que este negócio está a render "qualquer coisa como 20 euros por dia".
Foto: DW/R. da Silva
Quase 20 euros por dia
António Zunguze vende uma máscara pelo valor equivalente a 0,80 euros. Por dia, diz que consegue levar para casa o equivalente a quase 20 euros e explica que a procura é muita nos mercados informais. António compra as máscaras nas alfaiatarias e vai, posteriormente, revendê-las nos terminais de semi-coletivos.
Foto: DW/R. da Silva
Propaganda, "a alma do negócio"
Este jovem montou um megafone para anunciar que, além das sandálias, já tem igualmente máscaras para a venda. Na imagem, as máscaras podem ser vistas no topo da sombrinha e o megafone instalado no muro. O jovem refere que na sua banca não tem havido muita procura, mas acredita que melhores dias virão.
Foto: DW/R. da Silva
Máscaras até nos salões de beleza
Alguns salões de beleza também não perderam a oportunidade e estão a revender as máscaras. Neste salão, já não há clientes devido ao período de restrições para conter a propagação do coronavírus. O salão também investe na venda de máscaras feitas de capulana.
Foto: DW/R. da Silva
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"Apesar do aumento dos casos de contaminação, há um relaxamento na postura dos nossos compatriotas em relação às medidas de prevenção", afirmou Filipe Nyusi, alertando que as pessoas em Moçambique "continuam a efetuar viagens internamente sem que seja necessário".
Por outro lado, o chefe de Estado apelou para um maior envolvimento das instituições de ensino superior e de pesquisa no combate a esta pandemia.
Nyusi pediu ainda às comunidades para denunciarem casos de comerciantes que desrespeitam o decreto, abrindo estabelecimentos de lazer e bares durante este período.
"O uso da força por parte das autoridades não pode existir. Mas para que isso aconteça é necessário que estas medidas sejam cumpridas", declarou Filipe Nyusi, acrescentando que a ideia é evitar que o país chegue ao nível quatro, o 'lockdown' (recolher obrigatório).