"Iremos para as eleições de 15 de outubro sem armas", prometeu o Presidente de Moçambique durante visita de 48 horas à província de Inhambane. Filipe Nyusi também lamentou assassinatos em Cabo delgado, no norte do país.
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Num comício popular no distrito de Inharrime, em Inhambane, na quarta-feira (05.06), o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, garantiu à população que vai conseguir desarmar a guerrilha da Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO) e que todos serão integrados e bem acolhidos.
O chefe de Estado garantiu que nas conversações mantidas recentemente com o presidente da RENAMO, Ossufo Momade, têm surgido resultados positivos e que combinaram ultrapassar as diferenças. "Temos de mobilizar as pessoas e iremos para as eleições de 15 de outubro sem armas. As pessoas devem ser integradas na sociedade", declarou.
Ataques em Cabo Delgado
Em relação aos ataques e à destruição de residências na região norte do país, Filipe Nyusi disse que lamenta a situação que todos os dias semeia luto e desgraça no seio das famílias, mas garantiu que as forças de segurança vão continuar empenhadas até eliminar por completo esses grupos armados que aterrorizam as populações.
Nyusi promete desmilitarizar RENAMO antes das eleições
"Lamento que na província de Cabo Delgado existam pessoas que estão a matar moçambicanos, queimar casas todos os dias sem dar a cara e não dizem quem são e porque fazem isso. Mas continuaremos a perseguir um a um. Vamos ficar vigilantes porque ninguém pode desorganizar o desenvolvimento deste país", prometeu.
Povo pede melhores condições de vida
A população da província de Inhambane aproveitou a visita do Presidente da República para pedirem melhores condições de vida. Felisberto Chilundo diz que o maior problema que a população de Inhambane tem é a falta da corrente elétrica, apesar de o país produz em grandes quantidades.
Afonso Gondane, residente, no distrito de Inharrime, pediu que seja construído um hospital para servir os povoados de Kambula, Chacama e Nhamueza, "para reduzir as distâncias que a população percorre, principalmente as mulheres grávidas". Pediu também a abertura de mais furos de água, uma ambulância e um carro para o posto policial.
Durante a visita de dois dias, o chefe do Estado visitou a Feira de Agronegócios e inaugurou o novo edifício onde vai funcionar a delegação do Instituto Nacional de Segurança Social.
Guerrilheiras da RENAMO aguardam paz e reintegração
A desmilitarização também se faz no feminino. As mulheres estão prontas para entregar as armas, assegura a Liga Feminina da RENAMO, e aguardam com expetativa a reintegração nas forças governamentais.
Foto: DW/M. Mueia
Na expetativa do acordo
Muitas mulheres na RENAMO são guerrilheiras e aguardam a sua reintegração social. Estão interessadas em entregar as armas e exercerem outras atividades profissionais. Esperam pelo acordo final entre as principais partes envolvidas no processo de deliberação, neste caso as bancadas parlamentares da RENAMO e A FRELIMO.
Foto: DW/Marcelino Mueia
O aguardado regresso à vida civil
Teresa Abdul, da província do Niassa, começou a combater quando tinha apenas 14 anos. Aguarda o desarmamento e o regresso à vida civil com muita expectativa. “Este processo é muito melhor. Temos muitas pessoas que passaram pela guerra, lutaram, mas até agora não estão a ser reintegradas nos seus lugares, é triste. Caso este processo ocorra, estaremos agradecidos porque todos estarão na linha”.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Luta de quase quatro décadas
As mulheres do maior partido da oposição comemoraram o 38º aniversário da criação da Liga Feminina a 5 de Julho de 2018. As celebrações a nível nacional tiveram lugar na província moçambicana da Zambézia, juntando representantes do partido oriundos maioritariamente das províncias.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Que se cumpra o acordo feito com Dhlakama
Albertina Naene, ex-guerrilheira, ingressou nas fileiras militares da RENAMO com apenas 13 anos. Hoje, com 46, apela ao Presidente para prosseguir com os acordos de cessação definitiva das hostilidades militares."O Governo da FRELIMO está a atrasar o processo. Deveria cumprir o que ficou acordado com o presidente Dhlakama. Queremos que aqueles nossos irmãos saiam para virem conviver connosco”.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Encontros para motivar e mobilizar apoiantes
A morte do líder da RENAMO não significa o fim do regime partidário. As autoridades políticas da RENAMO na província da Zambézia, têm mantido encontros constantes depois da morte de Afonso Dhlakama. Os encontros não visam apenas traçar planos de atividade para as delegações distritais e membros do partido, também servem para motivar os seus simpatizantes e eleitores.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Maria Inês Martins - presidente da Liga da Mulher da RENAMO
Para a presidente da Liga da Mulher da RENAMO, a integração dos guerrilheiros nas forças governamentais podia começar pelos que, depois dos acordos de paz de 1992, foram integrados e depois afastados “sem justa causa”. “Foram desmobilizados e despromovidos, a outros foram dadas reformas compulsivas. Esta seria uma prova de que o Presidente Nyusi está disponível para cumprir o que acordaram".
Foto: DW/M. Mueia
O desejo de uma vida em paz
Populares querem paz, para continuar a produzir comida, dizem as vendedeiras ao longo da estrada EN1 em Malei, distrito de Namacurra, na Zambézia. Apesar da zona não ter sido afetada pelo conflito no ano passado, algumas vendedeiras dizem que
temiam a situação. Dormiam em prontidão, com malas preparadas para abandonarem as suas casas, em caso de conflito.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Partido "envelhecido"
A RENAMO, continua a ser um partido político com muitos membros idosos. De acordo com o politólogo Ricardo Raboco, a derrota da RENAMO nos pleitos eleitorais está também associada a este fator. Mas o politólogo também opina que, em Moçambique, os mais velhos são mais fiéis à RENAMO e poucos emigram para outras formações políticas. E há cada vez mais idosos a filiar-se pela RENAMO.