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PolíticaTanzânia

Presidente tanzaniano desacredita vacina contra a Covid-19

rl | com agências
29 de janeiro de 2021

O Presidente da Tanzânia, John Magufuli, volta a estar no centro de uma polémica, depois de ter voltado a afirmar, esta quarta-feira, que as vacinas contra a Covid-19 são extremamente perigosas para a saúde humana.

Foto: Reuters/S. Said

Enquanto muitos países do continente africano esperam ansiosamente a chegada destas vacinas, John Magufuli já apelou às autoridades de saúde para que não aceitem a vacina até que os especialistas do país a aprovem.

"Exorto o Ministério da Saúde a não se precipitar na vacinação sem estar certo da sua segurança. Houve um país em que as raparigas de 14 anos foram vacinadas porque lhes disseram que a vacina prevenia o aparecimento do cancro do colo do útero e mais tarde descobriu-se que a vacina as tornou estéreis", disse num evento no noroste do país.

Esta não é a primeira vez que o Presidente tanzaniano faz este tipo de afirmações sem apresentar quaisquer provas que sustentem o seu ceticismo. John Magufuli já afirmou várias vezes que Deus poupou a Tanzânia da Covid-19 e diz agora que, a seu ver, as vacinas doadas a África fazem parte de uma "conspiração para roubar a riqueza do continente".

Opiniões dos tanzanianos dividem-se

Nas ruas, as opiniões dividem-se. Mas Waziri Juma, por exemplo, confia nas palavras do seu Presidente. "O coronavírus ainda não entrou na Tanzânia, não existe no nosso país. Se existisse, o Ministério competente emitiria uma declaração sobre o assunto. Por isso, por agora, as pessoas devem deixar de ter medo e ir trabalhar".

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Preocupada com as consequências que as declarações do Presidente podem trazer ao país, a Igreja Católica, num ato quase desafiador ao governo, pediu aos seus cerca de 10 milhões de seguidores, para que continuem a tomar as devidas precauções contra uma possível segunda onda do vírus no país. 

Fredrick Nwaka, correspondente da DW na capital Dar es Salam, tem estado a acompanhar a situação e diz achar que as pessoas irão ouvir o apelo da Igreja numa altura em que, frisa, o país "não tem qualquer plano de combate à pandemia”.

"Muitos países estão atentos e a tomar precauções severas, mas aqui na Tanzânia é um pouco diferente, porque o próprio governo não tem feito absolutamente nada para levar a sério esta pandemia ou encorajar os cidadãos a tomarem medidas preventivas".?

Consequências para a Tanzânia?

Questionado sobre se o país poderá vir a sofrer consequências por causa da "teimosia" do seu Presidente, Fredrick Nwaka diz que essa é uma pergunta que muitos tanzanianos estão a fazer.

"A Tanzânia já foi banida de alguns países, como o Reino Unido e Dinamarca. E parece que esta tendência se pode repetir em muitos outros países. Sabemos que muitos dos nossos vizinhos, como é o caso do Quénia, estão a levar muito a sério esta doença, o que leva a querer que, nos próximos dias, a Tanzânia terá de pagar o preço das afirmações ridiculas do Presidente John Magufuli", considera.

Esta quinta-feira (28.01), um dia após as declarações do Presidente Magufuli, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a União Africana (UA) pediram ao governo tanzaniano para que respeite as medidas fornecidas a nível mundial e que volte a partilhar os números da doença relativos ao seu país.

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