Zelensky pede protestos à escala mundial contra a guerra
cm | com agências
24 de março de 2022
O Presidente Volodymyr Zelensky, rosto da resiliência ucraniana, apelou a protestos à escala mundial esta quinta-feira, dia que marca um mês desde o início da invasão russa. "Manifestem-se em nome da paz", pediu.
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"Mostrem a vossa posição. Manifestem-se em nome da paz, com símbolos ucranianos, para apoiar a , apoiar a liberdade, apoiar a vida. Manifestem-se no emprego, em casa, na escola e nas universidades", apelou Volodymyr Zelensky, numa mensagem de vídeo em inglês, divulgada na quarta-feira (23.03) à noite.
Na véspera do dia que marca o primeiro mês da invasão russa, o líder ucraniano pediu ao mundo que "se levante contra a guerra" iniciada a 24 de março. "Tornem-se visíveis e façam-se ouvir. Digam que as pessoas são importantes. A liberdade é importante. A paz é importante. A Ucrânia é importante", sublinhou.
O Presidente ucraniano agradeceu o apoio que o seu país tem recebido ao longo das últimas semanas, mas salientou que "a guerra continua" e deixou um alerta: "Este é apenas o começo para a Rússia em terras ucranianas. A Rússia está a tentar acabar com a liberdade de todas as pessoas na Europa. De todas as pessoas no mundo. Tenta mostrar que apenas a força bruta e cruel importa."
Cimeiras em Bruxelas
Bruxelas acolhe esta quinta-feira (24.03) três cimeiras de alto nível, com os líderes da NATO, do G7 e da União Europeia (UE)com a presença do Presidente norte-americano, Joe Biden, de visita à Europa.
Zelensky agradece protesto que interrompeu emissão na Rússia
01:03
Zelensky, que tem insistido em apelos de mais ajuda de armas e na zona de exclusão aérea, irá discursar, através de videoconferência, na reunião extraordinária de líderes da Aliança Atlântica.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, garantiu que a adesão da Ucrânia à NATO "não está na agenda" da cimeira.
"Espero que os aliados concordem em fornecer apoio adicional, incluindo assistência de segurança cibernética, bem como equipamentos para ajudar a Ucrânia a se proteger contra ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares", reiterou.
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Alemanha não apoia zona de exclusão aérea
Esta quarta-feira (23.03), no Parlamento alemão, o chanceler Olaf Scholz deixou claro que a Alemanha não irá apoiar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia ou enviará tropas para intervir na guerra
"Em quase 80 anos de história do pós-guerra, conseguimos evitar o impensável, um confronto direto entre a nossa aliança de defesa ocidental da NATO e a Rússia. Assim deverá continuar. A NATO não se tornará parte da guerra. Estamos de acordo com os nossos aliados europeus e com os Estados Unidos. Qualquer outra posição seria irresponsável".
No entanto, a Alemanha anunciou que vai entregar 2.000 armas antitanque adicionais à Ucrânia. Também os EUA - que acusaram formalmente a Rússia de crimes de guerra na Ucrânia - deverá enviar nos próximos dias um novo pacote de armamento a Kiev.
Quando pouco resta da cidade portuária de Mariupol, no centro de Kiev, intensificam-se os bombardeamos. Ontem, vários ataques provocaram fortes estragos e incêndios em pelo menos duas zonas residenciais. Segundo o presidente da câmara, as forças russas mataram pelo menos 264 civis, na capital ucraniana desde o início da guerra.
Rússia - Ucrânia: Uma cronologia das relações que levaram a guerra à Europa
Ao invadir a Ucrânia, o Presidente Vladimir Putin foi acusado pelos países ocidentais de provocar uma guerra na Europa. Veja aqui a cronologia dos acontecimentos que levaram à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2004
O candidato pró-Rússia, Viktor Yanukovich (na foto), é declarado Presidente, mas alegações de fraude eleitoral provocam um movimento de protesto. Conhecida como a Revolução Laranja, a iniciativa força uma nova votação, que resulta na eleição do pró-ocidental Viktor Yushchenko.
Foto: Reuters/T. Makeyeva
2005
Um ano mais tarde, o novo Presidente, Viktor Yushchenko, promete retirar a Ucrânia da órbita de Moscovo e conduzi-la em direção à NATO e União Europeia. Durante a sua campanha em 2004, Yushchenko sofreu uma tentativa de assassinato por envenenamento que o deixou desfigurado. Desde então, fez uma recuperação física total.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/A. Vitvitsky
2008
Na cimeira de Bucareste, a NATO concorda em iniciar o processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia. "Acordámos hoje que estes países se tornarão membros da NATO", lê-se na declaração da cimeira. Na mesma cimeira, o Presidente russo, Vladimir Putin (na foto), avisou que as relações com o Ocidente dependeriam do respeito pelos interesses do seu país.
Foto: Vladimir Rodionov/dpa/picture-alliance
2010
Viktor Yanukovich derrota Yulia Tymoshenko nas presidenciais e torna-se chefe de Estado. As eleições foram consideradas justas por observadores internacionais. Uma semana antes da assinatura do acordo com a UE, Yanukovich suspende o processo e anuncia que a Ucrânia prefere juntar-se à Rússia na União Aduaneira Eurasiática.
Foto: Reuters
2013 e 2014
A decisão de Yanukovich gera uma onda de protestos de apoiantes da integração europeia. O movimento chamado "Euromaidan", por centrar as manifestações na Praça Maidan, em Kiev, tornam-se violentos. Dezenas de manifestantes são mortos, mas o Presidente acaba por ser retirado do Governo, exilando-se na Rússia.
Foto: Tomas Rafa
2014 - anexação da Crimeia
Em março, a Rússia anexa a península da Crimeia, no sudeste da Ucrânia.
Em abril, separatistas com apoio de Moscovo declaram a independência das "repúblicas" de Luhansk e de Donetsk, na região oriental ucraniana do Donbass, iniciando uma guerra que provoca 14 mil mortos em oito anos.
Foto: Imago Images
2019
O ex-ator e comediante Volodymyr Zelensky é eleito Presidente da República em 21 de abril e promete pôr fim ao conflito no leste da Ucrânia. Em 2021, apela ao novo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, para apoiar a adesão da Ucrânia possa à NATO, colocando o país em novamente nos trilhos rumo à Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Sivkov
2021 - Março até Novembro
O Governo russo estaciona tropas perto da fronteira da Ucrânia, alegando treinos miltares.
A Ucrânia acusa Putin de ter concentrado 100 mil tropas e armamento pesado nas suas fronteiras, o que motiva um pedido de explicação dos EUA ao Kremlin. Putin acusa o Ocidente de exacerbar tensões "entregando armas modernas a Kiev e conduzindo exercícios militares provocatórios" no Mar Negro.
Foto: Maxar Technologies via REUTERS
2021 - Dezembro
Biden adverte que a Rússia será alvo de sanções económicas duras se invadir a Ucrânia.
Moscovo divulga as suas exigências ao Ocidente: tratados a proibir a adesão da Ucrânia e da Geórgia à NATO, o estabelecimento de bases militares no leste e a retirada de tropas aliadas da Roménia e da Bulgária, num regresso à situação anterior a 1997.
Foto: Brendan Smialowski/AFP
2022 - 10 de Fevereiro
Tropas russas e bielorrussas iniciam dez dias de exercícios de combate próximo da fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia. A presença destas tropas gera mais preocupação na comunidade internacional, que vê os exercícios como um posicionamento estratégico das tropas russas, dando-lhes mais um ponto de entrada na Ucrânia.
Foto: Alexander Zemlianichenko/AP Photo/picture alliance
2022 - 21 de Fevereiro
Os líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk pedem a Putin para as reconhecer como Estados independentes. Putin assina os decretos em que a Rússia reconhece a independência das regiões e ordena ao exército russo que envie uma missão de "manutenção da paz" para os territórios no leste da Ucrânia.
A NATO acusa Moscovo de fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia.
Foto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance
2022 - 22 de Fevereiro
Zelensky pede ao Ocidente "medidas de apoio claras e eficazes", assegura que os ucranianos "não vão ceder uma única parcela do país" e responsabiliza a Rússia por tudo o que acontecer.
Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, diz que tomou medidas para interromper a certificação do gasoduto Nord Stream 2, numa decisão saudada pela UE e pelos EUA.
Foto: Clemens Bilan/Getty Images
2022 - 24 de Fevereiro
Tropas russas entram na Ucrânia e muitos locais são atingidos por mísseis. Vladimir Putin pronuncia um discurso no qual afirma que apenas alvos militares serão atingidos. Mas relatos de civis feridos e vídeos de ataques em zonas urbanas enchem as redes sociais. Várias baixas são reportadas nas primeiras horas do conflito.
Foto: Ukrainian President s Office/Zuma/imago images
2022 - 24 de Fevereiro
Edifícios residenciais civis atingidos durante a operação militar do Kremlin contra a Ucrânia. Relatos, vídeos e pedidos de ajuda surgem nas redes sociais, expondo vários cenários em que zonas urbanas e civis foram apanhados na destruição dos ataques militares.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2022 - 24 de fevereiro
Muitas pessoas utilizaram as estações de metro em Kiev como abrigo durante a operação militar do Kremlin. As sirenes contra ataques aéreos soaram pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial. As estações encheram-se de pessoas à procura de guarida.
Foto: Zoya Shu/AP/dpa/picture alliance
2022 - 24 de Fevereiro
Protestos contra a iniciativa militar do Kremlin surgem em vários países, incluindo na Rússia. Na foto, uma manifestante russa é detida pela polícia enquanto segura um cartaz que diz "Não à guerra!".