Primeiro-ministro do Japão renuncia por motivos de saúde
28 de agosto de 2020O primeiro-ministro do Japão anunciou esta sexta-feira (28.08) a renúncia ao cargo devido a problemas de saúde relacionados com uma doença intestinal chamada colite ulcerosa.
Shinzo Abe ocupava o cargo há sete anos e oito meses, um recorde de longevidade como chefe de Governo no Japão. Curiosamente, o primeiro-ministro que mais tempo tinha ficado no cargo antes dele foi seu tio-avô, Eisaku Sato - entre 1964 a 1972.
Abe sobreviveu a inúmeros escândalos durante sua gestão, mas ficou marcado no estrangeiro sobretudo devido à sua política económica apelidada de "Abenomics", lançada no final de 2012. Mas a ausência de reformas ambiciosas o conduziu a sucessos parciais na economia japonesa – a terceira maior do mundo. A performance questionada foi agravada pela crise económica generalizada provocada pela pandemia de Covid-19.
Lenta e confusa
A ação do primeiro-ministro contra a pandemia foi ainda considerada lenta e confusa, o que fez com que a sua popularidade diminuísse drasticamente. Abe apegou-se à esperança de manter as Olimpíadas de Tóquio no verão de 2020, que seria um dos pontos altos de sua gestão. A realização do evento, porém, foi adiada para 2021 por medida de prevenção ao novo coronavírus.
Tendo construído parte de sua reputação com base na firmeza em relação à Coreia do Norte, a sua retórica política concentrava-se frequentemente em fazer do Japão uma nação "normal” e "bonita”, com um exército mais forte e um papel maior em assuntos internacionais.
Após a demissão de Abe, líderes do Reino Unido, Rússia, Coreia do Sul e Taiwan já reconheceram publicamente o trabalho do agora ex-primeiro-ministro no reforço das relações bilaterais com os seus países. A chanceler alemã, Angela Merkel, lamentou a demissão, aplaudindo o empenho de Shinzo Abe no "combate pelo multilaterialismo".
Artigo atualizado às 17:34 (CET) de 28 de agosto de 2020, acrescentando a declaração da chanceler Angela Merkel.