Primeiro-ministro do Lesoto não comparece a tribunal
kg | Lusa | AFP
22 de fevereiro de 2020
Thomas Thabane não esteve presente na audiência que o acusaria formalmente do assassínio da sua antiga esposa Lipolelo Thabane, ocorrido em 2017. Chefe do Executivo foi à África do Sul para tratamento médico de rotina.
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As especulações de que o primeiro-ministro do Lesoto, Thomas Thabane, poderá deixar o cargo mais cedo do que o esperado aumentaram este sábado (22.02) depois de não ter comparecido ao tribunal para enfrentar acusações sobre o assassínio da sua mulher.
O primeiro-ministro de 80 anos é acusado de ter matado Lipolelo Thabane em 16 junho de 2017 em Maseru, durante um processo de divórcio litigioso do casal, que já durava anos. Thomas Thabane deveria comparecer perante o tribunal esta sexta-feira (21.02), quando seria formalmente acusado.
O motivo para a sua ausência foi uma viagem à África do Sul por "motivos médicos", informou o secretário pessoal do chefe do Executivo, Thabo Thakalekoala. "Trata-se de um controlo de rotina. Ele vai com regularidade à África do Sul", disse. "Quando os médicos considerarem que está tudo bem, ele vai ser autorizado a regressar", acrescentou o secretário.
O vice-comissário de polícia do Lesoto, Paseka Mokete, disse este sábado que as autoridades decidiram esperar o retorno de Thabane em 27 de fevereiro para retomar o caso, depois que seus advogados disseram que o primeiro-ministro tinha um atestado médico. "Embora admitamos que isso seja uma coincidência, teremos nossos próprios meios para verificar esse estado de coisas", disse Mokete à agência de notícias fancesa AFP.
Crime
Dois meses depois do assassinato de Lipoelo, Thomas Thabane casou-se com Maesaiah Thabane. A investigação sobre o crime prolongou-se durante dois anos, tendo a atual mulher do primeiro-ministro sido acusada de envolvimento no assassínio no princípio deste mês.
Na quinta-feira, numa comunicação transmitido pela rádio e televisão públicas do Lesoto, o primeiro-ministro anunciou que vai apresentar a demissão até ao "final do mês de julho", por motivos relacionados com a idade.
O assunto está a agitar politicamente o Lesoto e o partido de Thomas Thabane, o ABC, acabou por pressionar o chefe do Governo a demitir-se. O julgamento ameaça destabilizar o pequeno reino montanhoso situado no meio da África do Sul.
A história recente da monarquia constitucional do Lesoto, encabeçada atualmente pelo rei Letsie III, que não tem poderes executivos, está marcada por diversos golpes de Estado desde que conseguiu a independência do Reino Unido, em 1966.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.