PM guineense garante haver meios para as legislativas
Lusa
3 de junho de 2018
Aristides Gomes apelou aos atores políticos da Guiné-Bissau para serem otimistas, porque haverá meios para a realização de eleições legislativas, previstas para novembro, num clima de transparência.
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"Queria lançar um apelo aos atores políticos, aqueles que deverão participar nestas eleições, para que sejam otimistas porquanto haverá meios para as eleições e elas serão organizadas de molde a satisfazer toda a gente através da criação de um clima de transparência como nós sempre organizámos as eleições no nosso país", afirmou Aristides Gomes este sábado (02.06).
"Vai ser feito o recenseamento eleitoral numa base de transparência, portanto, nós vamos estar à altura de criar condições para que toda a gente se sinta à vontade através do recenseamento que vamos fazer e do escrutínio que vai ter lugar em novembro", salientou o primeiro-ministro guineense, que falava aos jornalistas no aeroporto de Bissau, depois de ter terminado um périplo por seis países da sub-região.
Questionado sobre se o recenseamento eleitoral e a emissão de cartões de eleitores vão ser feitos no país e não no estrangeiro como tem sido avançado, o primeiro-ministro disse que só "injetando mais dinheiro", mas que o Governo vai conseguir.
"Penso que os atores em questão devem trabalhar no sentido de ajudar o Governo para haver entendimento, porque nós trabalhamos a favor da transparência nas eleições de novembro próximo", sublinhou.
Encontro com parceiros regionais
Sobre o périplo pela sub-região, Aristides Gomes disse que foi "extremamente positivo" e os parceiros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) estão a seguir o "processo com muito entusiasmo".
"Estão a compreender muito bem aquilo que nós queremos e renovam cada vez mais a vontade de nos acompanharem no nosso processo. Nós é que seremos os decisores, eles vão continuar pura e simplesmente a acompanhar a Guiné-Bissau para que o país possa sair da crise política de uma vez por todas", afirmou Aristides Gomes, que visitou durante quatro dias a Guiné-Conacri, Senegal, Togo, Gana, Nigéria e Costa do Marfim.
As eleições legislativas na Guiné-Bissau, previstas para 18 de novembro, estão orçadas em cerca de 7,8 milhões de dólares (cerca de 6,6 milhões de euros).
Guiné-Bissau: O país onde nenhum Presidente terminou o mandato
Desde que se tornou independente, a Guiné-Bissau viu sentar na cadeira presidencial quase uma dúzia de Presidentes - incluindo interinos e governos de transição. Conheça todas as caras que passaram pelo comando do país.
Foto: DW/B. Darame
Luís de Almeida Cabral (1973-1980)
Luís de Almeida Cabral foi um dos fundadores do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e também o primeiro Presidente da Guiné-Bissau - em 1973/4. Luís Cabral ocupou o cargo até 1980, data em que foi deposto por um golpe de Estado militar. O antigo contabilista faleceu, em 2009, vítima de doença prolongada.
Foto: Bundesarchiv/Bild183-T0111-320/Glaunsinger
João Bernardo Vieira (1980/1994/2005)
Mais conhecido por “Nino” Vieira, este é o político que mais anos soma no poder da Guiné-Bissau. Filiado no PAIGC desde os 21 anos, João Bernardo Vieira tornou-se primeiro-ministro em 1978, tendo sido com este cargo que derrubou, através de um golpe de Estado, em 1980, o governo de Cabral. "Nino" ganhou as eleições no país em 1994 e, posteriormente, em 2005. Foi assassinado quatro anos mais tarde.
Foto: picture-alliance/dpa/L. I. Relvas
Carmen Pereira (1984)
Em 1984, altura em que ocupava a presidência da Assembleia Nacional Popular, Carmen Pereira assumiu o "comando" da Guiné-Bissau, no entanto, apenas por três dias. Carmen Pereira, que foi a primeira e única mulher na presidência deste país, foi ainda ministra de Estado para os Assuntos Sociais (1990/1) e Vice-Primeira-Ministra da Guiné-Bissau até 1992. Faleceu em junho de 2016.
Foto: casacomum.org/Arquivo Amílcar Cabral
Ansumane Mané (1999)
Nascido na Gâmbia, Ansumane Mané foi quem iniciou o levantamento militar que viria a resultar, em maio de 1999, na demissão de João Bernardo Vieira como Presidente da República. Ansumane Mané foi assassinado um ano depois.
Foto: picture-alliance/dpa
Kumba Ialá (2000)
Kumba Ialá chega, em 2000, à presidência da Guiné-Bissau depois de nas eleições de 1994 ter sido derrotado por João Bernardo Vieira. O fundador do Partido para a Renovação Social (PRS) tomou posse a 17 de fevereiro, no entanto, também não conseguiu levar o seu mandato até ao fim, tendo sido levado a cabo no país, a 14 de setembro de 2003, mais um golpe militar. Faleceu em 2014.
Foto: AP
Veríssimo Seabra (2003)
O responsável pela queda do governo de Kumba Ialá foi o general Veríssimo Correia Seabra, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. Filiado no PAIGC desde os 16 anos, Correia Seabra acusou Ialá de abuso de poder, prisões arbitrárias e fraude eleitoral no período de recenseamento. O general Veríssimo Correia Seabra viria a ser assassinado em outubro de 2004.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Bordalo
Henrique Rosa (2003)
Seguiu-se o governo civil provisório comandado por Henrique Rosa que vigorou de 28 de setembro de 2003 até 1 de outubro de 2005. O empresário, nascido em 1946, conduziu o país até às eleições presidenciais de 2005 que deram, mais uma vez, a vitória a “Nino” Vieira. O guineense faleceu, em 2013, aos 66 anos, no Hospital de São João, no Porto.
Foto: AP
Raimundo Pereira (2009/2012)
A 2 de março de 2009, dia da morte de Nino Vieira, o exército declarou Raimundo Pereira como Presidente da Assembleia Nacional do Povo da Guiné-Bissau. Raimundo Pereira viria a assumir de novo a presidência interina da Guiné-Bissau, a 9 de janeiro de 2012, aquando da morte de Malam Bacai Sanhá.
Foto: AP
Malam Bacai Sanhá (1999/2009)
Em julho de 2009, Bacai Sanhá foi eleito presidente da Guiné Bissau pelo PAIGC. No entanto, a saúde viria a passar-lhe uma rasteira, tendo falecido, em Paris, no inicio do ano de 2012. Depois de dirigir a Assembleia Nacional de 1994 a 1998, Bacai Sanhá ocupou também o cargo de Presidente interino do seu país de maio de 1999 a fevereiro de 2000.
Foto: dapd
Manuel Serifo Nhamadjo (2012)
Militante do PAIGC desde 1975, Serifo Nhamadjo assumiu o cargo de Presidente de transição a 11 de maio de 2012, depois do golpe de Estado levado a cabo a 12 de abril de 2012. Este período de transição terminou com as eleições de 2014, que foram vencidas por José Mário Vaz. A posse de “Jomav” como Presidente marcou o regresso do país à ordem constitucional no dia 26 de junho de 2014.