Anúncio dos membros do novo Governo ocorreu sete meses depois da tomada de posse do Presidente congolês, Felix Tshisekedi. Governo de coligação entre apoiantes de Kabila e Tshisekedi é formado por 65 membros.
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Pouca ou nenhuma experiência na administração pública e forte ligação com o antigo Presidente Joseph Kabila. Este é o perfil da maioria dos membros escolhidos para formar o novo Executivo da República Democrática do Congo. Os nomes foram anunciados esta segunda-feira (26.08) pelo primeiro-ministro Sylvestre Ilunga Ilunkamba, sete meses depois da tomada de posse do Presidente congolês, Felix Tshisekedi, a 24 de janeiro.
"Aqui está finalmente o Executivo. Com o Governo instalado e depois da investidura da Assembleia Nacional, em breve, começaremos a trabalhar", afirmou o primeiro-ministro, que foi nomeado a 20 de maio.
Trata-se de um Governo de coligação com 65 membros, nomeadamente, 48 ministros e 17 vice-ministros. A coligação foi formada entre as forças políticas de Tshisekedi, vencedor das eleições presidenciais de 30 de dezembro, e o seu antecessor, Joseph Kabila, que manteve a maioria no Parlamento e nas 26 províncias do maior país da África Subsariana.
O acordo entre as partes, assinado em julho, estabeleceu que 42 elementos seriam colocados pelo movimento opositor de Kabila, a Frente Comum pelo Congo (FCC), e 23 pelo partido Mudança de Rumo (CACH), do Presidente da República. "Esta é uma experiência de coabitação que é a primeira no nosso país", acrescentou o primeiro-ministro.
Novos membros
Segundo Ilunga Ilunkamba, as discussões entre as duas forças políticas "levaram tempo", porque era necessário "esvaziar tudo o que pudesse impedir o funcionamento do Governo". Do total de ministros, 76,9% nunca foram membros do Governo anteriormente, o que representa "uma inovação importante", de acordo com o primeiro-ministro.
Apenas 17% dos novos membros são mulheres. "Esta percentagem ainda é fraca, mas tem de se pesar a importância das pastas que foram atribuídas às mulheres", explicou Ilunga Ilunkamba.
Entre os nomeados, o antigo diretor-geral dos impostos Sele Yalaghuli vai ocupar o cargo de ministro das Finanças. Ngoy Mukena, um aliado próximo de Kabila, será o novo ministro da Defesa.
As eleições de 30 de dezembro puseram fim a dois anos de demora e incerteza. Joseph Kabila, que estava no poder desde 2001, concluiu por lei seu segundo e último mandato em dezembro de 2016, mas continuou na Presidência até as eleições no ano passado. O triunfo de Felix Tshisekedi, com 38,57% dos votos, foi posto em dúvida por observadores nacionais, assim como pelo opositor Martin Fayulu, o segundo colocado nas urnas.
Os resultados das eleições legislativas, realizadas no mesmo dia das presidenciais, deram uma larga maioria às forças favoráveis ao Presidente cessante, Joseph Kabila, com cerca de 70% dos assentos no Parlamento, além de ampla maioria nas assembleias provinciais.
RDC: Chocolates de um país em crise
A República Democrática do Congo é conhecida pela violência, pobreza e corrupção. Apesar dos problemas, a primeira empresa de chocolate do país está a produzir doces. Uma visita à "Cocoa Congo", na província de Goma.
Foto: DW/J. Raupp
Grãos do Beni
Adèle Gwet e Matthew Chambers inspecionam um carregamento de grãos de cacau que chegou da zona de Beni, a 300 quilómetros de distância. O casal empreendedor investe muito tempo e dinheiro: Chambers investiu 250 mil dólares na "Cocoa Congo", com a ajuda do Ministério Britânico do Desenvolvimento. Mas "o valor agregado do nosso 'chocolate premium' é produzido na própria RDC", diz Chambers.
Foto: DW/J. Raupp
Matéria-prima em vez de exportação
Grãos de cacau são transportados em autocarros de passageiros através de uma floresta onde milícias atuam. A empresa Cocoa Congo paga aos produtores de cacau - especialmente às mulheres - um quinto a mais pela matéria-prima do que as grandes empresas que exportam diretamente os grãos. Além disso, a empresa treina agricultoras para aumentarem seus rendimentos, atendendo aos padrões ambientais.
Foto: DW/J. Raupp
"Chocolatière" autodidata
"Eu vim ao Congo para trabalhar e ajudar outras mulheres", diz Adèle Gwet, natural dos Camarões. "Eu quero ajudá-las a ter uma vida melhor, por isso eu ensino como fazer chocolates." As receitas, ela buscou na internet. Durante meses, trabalhou com o marido, um americano, provando-as.
Foto: DW/J. Raupp
Ajuda para mulheres
Seis dos dez funcionários do Cocoa Congo, em Goma, são mulheres em risco. Aqui, elas aprendem a ferver a massa de cacau. A cozinha onde trabalham está localizada num edifício residencial. O chocolate está a ser produzido há apenas três meses - até agora, foram algumas centenas de barras. A previsão é de 20 mil por mês no próximo ano!
Foto: DW/J. Raupp
100% congoleses
Mamy Simire embala o chocolate em papel de alumínio. Ela mal consegue acreditar que foi feito aqui. Para a mãe de cinco filhos, comer doces por um longo tempo era impensável: "Eu só conhecia chocolates pela televisão, onde via outras pessoas comendo. Experimentar mesmo não era possível, pois é muito caro para nós". Agora, as crianças dela podem provar: são o controle de qualidade!
Foto: DW/J. Raupp
Produtos artísticos de exportação
A Cocoa Congo quer primeiro vender o chocolate no exterior pela internet. Chambers criou algo especial para entrar no mercado: artistas de Goma pintam quadros para o papel de embalagem. Um pacote de chocolate com três barras de 50 gramas deve custar 20 dólares. "Não exportamos apenas chocolate, mas também uma imagem positiva da RDC", diz Chambers.
Foto: DW/J. Raupp
Ativista
Sylvie Chishungu Zawadi se preocupa com as produtoras de cacau em Beni. Com frequência, milícias estupram mulheres que trabalham nos campos. Algumas são sequestradas e assassinadas. "Sim, é bom trabalhar com elas. Mas até que ponto a segurança delas está garantida? Ou será que elas estão à mercê das milícias?". Para um chocolate verdadeiramente seguro, o Estado também deve fazer a parte dele.