Primeiros resultados dão vitória a Kenyatta no Quénia
Jane Ayeko-Kümmeth | Andrew Wasike | nn | AFP | Lusa
9 de agosto de 2017
Os primeiros números apontam para uma clara maioria do partido no poder, de Uhuro Kenyatta, com 55% dos votos. Dados divulgados pela Comissão Eleitoral e imediatamente criticados pelo líder da oposição Raila Odinga.
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"Estes resultados são fictícios e falsos", reagiu Raila Odinga. De acordo com os primeiros resultados das eleições gerais no Quénia divulgados online pela Comissão Eleitoral, o partido do principal líder da oposição terá obtido 44% dos votos, em cerca de dois terços das 41 mil assembleias de voto apuradas.
"Estão a divulgar resultados que estão a ser digitados de forma manual por alguns indivíduos e não pelos oficiais das estacões de voto", criticou ainda Odinga.
Kenyatta e Odinga votaram em Nairobi
Do lado do partido de Uhuro Kenyatta, o secretário-geral do Jubilee, Raphael Tuju, reprova as críticas da oposição. "se os resultados divulgados lhes fossem favoráveis, o que estariam a dizer agora?", questionou.
"Antes das eleições, essas pessoas disseram que o anúncio dos presidentes e diretores das assembleias eleitorais seriam tidos como válidos e o tribunal chegou mesmo a pronunciar-se sobre isso. Não se pode fazer ou mudar as leis ao sabor de cada um. Regras são regras e todos nós temos de cumpri-las", lembrou ainda Raphael Tuju.
À espera dos resultados
A divulgação dos resultados finais das eleições gerais do Quénia é esperada nos próximos dias. Na terça-feira (08.08), as autoridades eleitorais do Quénia encerraram à hora marcada a maioria das urnas no país, após a participação em massa dos eleitores.
Pelo menos 24 pessoas ficaram feridas na abertura das portas de uma assembleia de voto no centro de Nairobi. O incidente ocorreu na escola primária de Moi Avenue, uma das principais artérias da capital.
Na zona oeste do Quénia, em Kisumu, registaram-se falhas técnicas nos equipamentos eleitorais, rapidamente resolvidas segundo fonte oficial da Comissão Eleitoral.
Quase 20 milhões de quenianos estavam inscritos para eleger um Presidente, governadores, autarcas, deputados, senadores e representantes das mulheres no parlamento.
As eleições no Quénia são tradicionalmente decididas por sentimentos de pertença étnica. Em 2007, uma vaga de violência pós-eleitoral, alimentada pela contestação aos resultados eleitorais, fez mais de mil mortos.
Política e controvérsia nas eleições do Quénia
A campanha eleitoral no Quénia acaba de se tornar ainda mais complicada do que já era com a formação da Super Aliança Nacional (National Super Alliance – NASA), que almeja derrotar o partido no Governo.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
NASA tenta derrotar o partido no poder
A aliança da oposição, NASA, nomeou o ex-primeiro ministro Raila Odinga candidato à presidência. Trata-se, com grande probabilidade, da última tentativa de Odinga, um opositor veterano de 72 anos, de ser eleito Presidente, após três candidaturas falhadas. A NASA esforçou-se por nomear um candidato passível de angariar votos dos principais grupos étnicos.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
A recruta de novos membros de áreas chave
A NASA quer derrotar o Presidente em exercício, Uhuru Kenyatta, que concorre pela segunda e última vez pela sua formação política, Jubilee Party. Recentemente, a aliança ganhou um novo co-presidente na pessoa do governador de Bomet, Isaac Ruto. O dirigente do sudoeste do país garante à NASA o apoio do Vale de Rift, a maior província do país.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Eleições no décimo aniversário de violência política
As eleições gerais quenianas realizam-se em 18 de agosto de 2017. Este ano, cerca de 19 milhões de quenianos recensearam-se para votar, embora ainda decorra um inquérito para eliminar da lista os eleitores entretanto falecidos. As eleições realizam-se dez anos após um sufrágio que desencadeou uma onda de violência, que resultou em mais de mil mortos e centenas de milhares de deslocados.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Número inesperado de eleitores
O número elevado de eleitores que se apresentou nas mesas de voto para eleger o candidato à presidência do partido governamental, obrigou ao adiamento do voto. O Jubilee Party não estava preparado para tantos eleitores, e teve que providenciar mais boletins de votos, antes de continuar a votação poucos dias mais tarde.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Violência eleitoral
As eleições deste ano para os governos e parlamentos regionais já foram marcadas pela violência. Dezenas de pessoas foram feridas no início do mês de Maio em Nairobi na central do partido de oposição Movimento Laranja Democrático, quando apoiantes de um candidato ao senado atacaram os adeptos da candidata desta formação política.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Alegações de fraude
Já há alegações de fraude. O líder da oposição, Raila Odinga, afirmou que o seu cartão de identidade foi usado para recensear outras pessoas. Em 2013, o equipamento electrónico para a contagem de votos falhou, alimentando suspeitas de fraude eleitoral. Em janeiro, o Presidente Kenyatta aprovou uma lei que impõe um recurso à contagem manual de votos caso o equipamento electrónico não funcione.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
O problema das etnias
No Quénia, o voto geralmente é determinado pela etnia. O critério para as alianças políticas é a capacidade de angariar votos dos cinco principais grupos étnicos do país. Kenyatta e o seu vice, William Ruto, formaram uma aliança entre dois grupos étnicos: a maioria kikuyu, da qual origina o Presidente, e os kalenjin de Ruto. Estas duas etnias protagonizaram os confrontos violentos de 2007.