Burkina Faso: Principal suspeito dos ataques está detido
AFP | AP | Lusa | tms
4 de março de 2018
Segundo o Governo, "um dos cérebros" dos ataques à Embaixada de França e à sede militar do país já foi ouvido pela Justiça. Grupo ligado à Al-Qaeda assumiu a autoria do atentados.
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O Governo do Burkina Faso confirmou, este domingo (04.03), que deteve um dos principais suspeitos dos ataques que deixaram pelo menos 16 mortos na última sexta-feira na capital do país.
De acordo fonte governamental ouvida pela agência de notícias AFP, o detido poderia ser "um dos cérebros" por trás dos ataques na zona diplomática de Ouagadougou. O suspeito foi preso horas após os ataques, na sexta-feira, à Embaixada de França e ao quartel-general das Forças Armadas do país.
Ainda segundo esta fonte, há "fortes suspeitas" de que pessoas "infiltradas no Exército" haviam repassado informações ao Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (GSIM), que reivindicou a ação, dizendo ser uma represália por uma operação das tropas francesas realizada em fevereiro no Mali. O GSIM é formado por jihadistas do Sahel com ligações à Al-Qaeda.
O mais recente balanço do duplo ataque dá conta da morte de sete membros das forças de segurança do Burkina Faso e nove atacantes, além de pelo menos 80 feridos, entre civis e militares.
O Governo do Burina Faso disse que o ataque à sede militar foi realizado com um carro-bomba e que uma reunião regional contra o terrorismo pode ter sido o alvo pretendido. Ao visitar o local no sábado, o primeiro-ministro Paul Kaba Thieba disse que viu "cenas apocalípticas" e condenou "com a maior severidade esse ataque terrorista, covarde, que ataca nosso país, mais uma vez, que semeia a morte, destruição desnecessária".
"Situação calma"
Em Ouagadougou, a situação permanece calma, apesar de três pessoas terem tentado, sem sucesso, forçar uma barragem das forças de segurança numa zona próxima da Presidência do país, nos arredores da capital, na madrugada deste domingo, informou a AFP.
Dois indivíduos conseguiram fugir, mas o terceiro foi detido e abatido a tiro depois de, segundo a fonte governamental, ter tentado fugir com a arma de uma dos agentes de segurança.
Viagem a partir de Agadez
Todas as semanas, milhares de pessoas atravessam o deserto do Sahel rumo à Europa. A meio da viagem, muitos param em Agadez, a maior cidade do centro do Níger.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
Sala de espera
Vêm do Benim e estão cansados. Num centro para refugiados, em Agadez, estes homens aproveitam para dormir. Eles aguardam o transporte que os levará ao norte do continente africano, passando pelo deserto e pela fronteira com a Líbia, até chegar ao Mar Mediterrâneo. Destino final: Europa.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
A cidade dos guetos
Agadez serve de sala de espera aos refugiados da África Ocidental. Migrantes da Nigéria, Senegal, Gana ou Mali vivem nos cerca de 70 guetos que existem por aqui, separados geralmente por país de origem. Estima-se que, em 2015, cem mil refugiados atravessaram o Níger a caminho do norte.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
À entrada do cemitério
"O deserto foi sempre um cemitério para migrantes", diz Rhissa Feltou, edil da cidade localizada no centro da região do Sahel. Ele ouve frequentemente as histórias dos viajantes sobre cadáveres à beira da estrada ou esqueletos encontrados na areia. O tráfico de pessoas é uma importante fonte de rendimento por aqui. A cidade já quase não tem turistas.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
Pedir proteção divina
Antes de seguir viagem, muitos buscam a benção de um imã numa das mesquitas de Agadez. Os viajantes não são só ameaçados pelo calor e areia, mas também pelos ladrões e radicais islâmicos estacionados no deserto.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
Coragem e desespero
"É assustador", diz Fousseni Ismael, de 16 anos. "Mas tenho de vencer o medo. Na vida, precisamos de ser corajosos." O jovem do Benim pretendia seguir viagem pelo deserto, a bordo de uma carrinha, nessa noite.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
Seguir em frente, apesar de tudo
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), morrem tantas pessoas na travessia do deserto, a caminho do norte do continente, como no Mar Mediterrâneo, rumo à Europa. Na mochila, estes homens do Benim levam apenas o essencial. Às vezes, os migrantes levam anos a chegar à Europa.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
Água para três dias
Ao todo, 19 homens partilham o espaço nesta pequena carrinha. A viagem até ao sul da Líbia dura três dias. Para evitar que a água para beber evapore, os recipientes são protegidos com sacos molhados. Os "passadores", na cabine do veículo, arriscam até 30 anos de prisão. Pelo menos é o que estipula uma nova lei, instituída sob pressão da União Europeia.
Foto: Reuters/Akintunde Akinleye
Falta de segurança e corrupção
Alguns polícias tiram proveito do transporte de pessoas pelo deserto. Muitas vezes, os veículos são parados e os refugiados chantageados e roubados. Mais arriscado ainda é para quem se senta na beira dos carros. Os homens seguram-se apenas em pedaços de madeira fixados ao veículo. Cair no meio do deserto seria morte certa. E isso muito antes de alcançar o Mar Mediterrâneo.