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Professor angolano detido por exigir melhorias nas escolas

Borralho Ndomba
18 de setembro de 2024

Professor angolano detido após protesto por melhores condições nas escolas públicas. Diavova Bernardo exige mais apoio e lamenta as péssimas condições dos alunos, que continuam a estudar sem carteiras.

Professor Bernardo e seus alunos
Professor preso em Angola exige melhores condições escolaresFoto: Privat

Diavova Bernardo, professor angolano, foi detido e libertado no mesmo dia após protestar por melhores condições nas escolas públicas. O docente realizou uma manifestação espontânea na administração municipal de Viana, exigindo melhores condições para os seus alunos.

Segundo Bernardo, por volta das 13h de segunda-feira (16.09), foi forçado a suspender o protesto pela polícia, sendo colocado à força num carro e levado ao posto policial, onde ficou detido com ativistas do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), que o acompanhavam.

"O que não entendo é se há uma outra Constituição. Se for assim, que nos informem, enquanto povo, porque, na Constituição que conhecemos, em nenhuma das alíneas há informação sobre esperar deferimento para a realização de uma manifestação", explicou o professor.

A polícia justificou a detenção pela falta de permissão para a manifestação, o que vai ao encontro da lei que prevê a necessidade de informar as autoridades sobre eventos em espaços públicos. No entanto, Bernardo contesta esta interpretação. Mais tarde, ao final do dia, foi libertado.

Uma voz ativa

Bernardo tem sido uma voz ativa contra as más condições nas escolas públicas há vários anos. Em 2022,foi suspenso das suas funções por promover uma manifestação com alunos contra a falta de carteiras.

Detido em protesto, professor luta por educação em AngolaFoto: Privat

"Parte-me o coração saber que, dois anos depois, nada mudou", lamentou o professor. "Na escola onde trabalho não há carteiras. Os estudantes correm para as turmas e atiram-se para o chão", acrescentou.

Apesar das constantes ameaças que diz receber, Bernardo afirmou que não vai desistir de lutar por melhorias no sistema educativo angolano. "O sentinela, chefe das escolas do município de Viana, ameaçou partir-me a cabeça dentro da esquadra e diante do instrutor processual. Eu vivo com medo", relatou.

No entanto, reafirmou o seu compromisso com a causa: "Isto é sobre a pátria. Não é sobre mim. Isto é sobre a educação em Angola. Sozinho não consigo fazer nada devido às várias interferências. Precisamos aqui de uma sinergia", sublinhou.

Educação de qualidade

Francisco Teixeira, presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), apoia a posição de Bernardo e apelou à sociedade civil para pressionar o Governo a investir numa educação de qualidade. "As ideias apresentadas pelos responsáveis da Educação não oferecem desenvolvimento nem a curto nem a longo prazo. Não se pode aceitar que, em pleno século XXI, as escolas até agora não tenham carteiras", criticou Teixeira.

O presidente do MEA também condenou a detenção dos membros da sua organização e do professor, considerando-a ilegal. "Quer o professor Diavova, quer os membros do MEA que estavam no local, não representavam perigo nenhum. Tinham apenas uma Bíblia na mão. Queriam fazer somente uma oração pela educação pública", afirmou.

A DW contactou as autoridades policiais, mas não foi possível obter um comentário sobre o caso.

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