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EducaçãoAngola

Professores angolanos analisam aumento proposto pelo Governo

gcs | Lusa
1 de fevereiro de 2023

Direção do SINPROF está reunida para analisar a proposta governamental de aumento de 12,5% de subsídio "que está muito aquém das expectativas". Em declarações à DW, secretário-geral admite a possibilidade de greve.

Foto: António Ambrósio/DW

"Não há avanços muito significativos". Foi desta forma que o secretário-geral do Sindicato Nacional de Professores (SINPROF), Admar Jinguma, resumiu o encontro desta terça-feira (31.01) com o Governo angolano, em declarações à DW. 

O sindicato dos professores continua a ameaçar com uma greve, depois da reunião no Ministério da Educação, uma vez que não ficou satisfeito com a proposta apresentada pelo Governo em relação à concessão de um "subsídio de inovação pedagógica" que o SINPROF reivindica.

"Nós encalhámos no último encontro numa proposta de 7,5% que o Governo apresentou, quando nós estamos a exigir 22% de subsídio [de inovação pedagógica] e agora o Governo trouxe uma proposta diferente, de 12,5%, que ainda está muito distante daquilo que estamos a exigir", explica Jinguma.

"Os próximos dias vão depender da análise de um encontro que faremos com os professores, mas a proposta [do Governo] ainda está muito aquém das nossas exigências", acrescenta. A direção do SINPROF vai reunir-se hoje (01.02) para analisar "com profundidade" a proposta governamental.

"Os professores são soberanos", lembra Admar Jinguma, admitindo que a possibilidade de uma nova greve continua em cima da mesa.

Admar JingumaFoto: Borralho Ndomba/DW

"Reparação de uma injustiça"

A exigência de 22% de aumento do subsídio de inovação pedagógica visa nivelar a situação da classe com as outras carreiras homólogas, explicou Admar Jinguma, ouvido também pela agência de notícias Lusa. "Nós entendemos que o Governo pode fazer mais ajustes, porque as justificações de limitação financeira, que nós temos consciência que o país tem, aliás todos os países têm, são mais visíveis quando são os professores a reclamar", disse o secretário-geral do SINPROF.

Admar Jinguma frisou que as exigências dos docentes representam "apenas a reparação de uma injustiça, que tem sido cometida contra os professores já há vários anos". A título de exemplo, Admar Jinguma salientou que um professor licenciado, com o mesmo salário que um enfermeiro licenciado, ambos com um salário de 252 mil kwanzas (460 euros), no final o profissional de saúde aufere o salário líquido de 298 mil kwanzas (544 euros), enquanto o docente vê o seu rendimento baixar para 243 mil kwanzas (452,7 euros).

"Mas que diferenças são essas? Porquê que os professores são sempre relegados para uma posição de segunda", questionou. De acordo com o sindicalista, o SINPROF entende que o Ministério da Educação "não tem sabido fazer o papel que lhe compete junto das instâncias de decisão".

O sindicalista sublinha que os salários atuais desmotivam os professores e põem em causa a exigência de maior qualidade na educação em Angola. 

Protesto de pofessores em CaxitoFoto: António Ambrósio

Professores em debate

Admar Jinguma adiantou que depois da reunião, a direção do SINPROF se vai reunir com os provinciais para analisar a proposta do Governo, a única apresentada, salientando que em relação aos outros pontos estruturantes do caderno reivindicativo, "como já era de se esperar não encontraram acolhimento".

"Os professores aguardam expectantes sobre que decisões iremos tomar e nos próximos dois dias já teremos uma posição pública definitiva em relação às propostas que nos foram apresentadas ontem [terça-feira]", disse.

Os professores tinham dado ao Governo umamoratória para apresentarem propostas para o caderno reivindicativo de 15 pontos, apresentado em 2019, o que levou à suspensão da terceira fase da greve, cujo arranque estava previsto para o dia 3 de janeiro passado.

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