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EducaçãoCabo Verde

Professores cabo-verdianos em greve

Ariana Miranda Praia
22 de novembro de 2023

Os professores pedem melhores salários, progressões na carreira e maior respeito pela classe. Milhares foram para as ruas protestar. Governo diz que está aberto a negociações, mas pede contenção nos pedidos de aumentos.

Foto de arquivo: Praia
Foto: Ângelo Semedo/DW

Depois do último protesto em outubro e de intensas negociações falhadas com o Governo, os três sindicatos que representam a classe docente no país partiram para uma nova greve.

Milhares de professores em todas as ilhas saíram às ruas nesta quarta-feira para reivindicar melhores salários, progressões na carreira e maior respeito pela classe. Na cidade da Praia, a adesão à greve foi acima dos 90%, de acordo com os sindicatos.

Jorge Cardoso, líder do Sindicato Nacional dos Professores, diz que não havia alternativa ao protesto. "O Governo tinha prometido que resolveria todas as pendências em 2023 e mudou para 2024", afirmou.

"A nossa proposta é razoável, daí que não entendemos o porquê da não flexibilização do Governo nessa matéria."

Algumas escolas com "adesão de 100%"

A manifestação é extensível aos professores do ensino primário e secundário, de Santo Antão à Brava, sendo que em cada ilha a concentração foi feita em frente às escolas.

Na ilha de São Vicente, o representante do Sindicato Nacional dos Professores disse ter ficado satisfeito com a participação dos docentes.

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"Há muitas escolas com uma adesão de 100%", revelou Nelson Cardoso. "Há professores que, por motivos religiosos, não participam nas lutas, mas estão solidários com os colegas, e há aqueles que têm contrato precário e não aderiram por isso."

Nova greve?

Os sindicatos já estiveram reunidos com o ministro da Educação, o vice-primeiro-ministro e a ministra da Administração Pública, mas ficou pendente uma questão sobre a nova grelha salarial e a equiparação salarial de acordo com a inflação, para todos os professores.

Por isso, o sindicalista Jorge Cardoso faz um ultimato ao Executivo, ameaçando com uma nova paralisação nacional em dezembro se as negociações não chegarem a bom porto.

"Estaremos na disponibilidade de convocar uma greve a nível nacional para condicionar, de facto, as avaliações", referiu Cardoso. "Não estamos a agir de forma radical, mas queremos que o Governo respeite a classe. Nós somos os instrutores de todas as classes profissionais, inclusive do Governo."

Ministro diz que aumentos são impossíveis

O ministro da Educação, Amadeus Cruz, assegura que o Executivo está disponível para negociar com os professores, mas refere que as exigências dos sindicatos estão bastante acima da capacidade orçamental.

"Os sindicatos convocaram uma greve dos professores para os dias 22 e 23 de novembro tendo como única justificação o pedido de aumento salarial de 78.678 escudos [cerca de 715 euros] para 107.471 escudos [977 euros]", referiu o governante. Mas isso "significa um aumento dos salários absolutamente incomportável para a economia nacional", acrescentou.

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Amadeus Cruz reforça que, perante o cenário atual do país, é impossível satisfazer as vontades da classe: "O Governo é claro, nós temos a disponibilidade de avaliar estas propostas no quadro da revisão do estatuto da carreira docente e da tabela remuneratória dos professores, mas [devemos chegar a] uma solução duradoura, sustentável, que não coloque em causa a estabilidade do país".

Os professores reclamam ainda o pagamento de subsídios pela não redução da carga horária e a valorização e dignificação da classe, bem como mais qualidade do ensino.

A greve continua nesta quinta-feira. Os professores da Ilha de Santiago deverão concentrar-se em frente à Assembleia Nacional, na cidade capital.

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