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Professores sem salários desde 2022 na Zambézia

12 de maio de 2023

Na Zambézia, há mais de 300 professores com salários em atraso desde o ano passado. O número é confirmado pelas autoridades de Educação, que alegam que o problema deve ser resolvido pelo governo central.

Foto: Marcelino Mueia/DW

O problema da falta de salários que afeta muitos professores na Zambézia, é descrito como grave pelas autoridades provinciais. Nos distritos de Gile e Mulumbo, alguns cidadãos, que preferem o anonimato, contam à DW terem conhecimento de casos de professoras que estão a prostituir-se em troca de comida, roupa e produtos de higiene, por estarem muito longe das famílias e sem salário para se sustentar.

A DW ouviu também alguns professores que confirmam a existência do problema de salários em atraso. Os docentes, que  também pediram anonimato, apelam aos governos - tanto provincial, como central - que resolvam o problema o mais brevemente possível.

Zambézia: Professores sem salários desde 2022

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"Está demais, são coisas que não podem acontecer!", afirma um docente em conversa com o repórter da DW. E acrescenta: "A nossa escola está há 10 meses sem salário e a Direção Distrital não diz nada! Apenas avisam: espera lá pelo próximo mês, próximo mês. O próximo mês não acaba, agora ficar 10 meses sem salário, quase um ano? Estamos a progredir ou estamos a regredir?"

Outra docente confirma: "Desde o ano passado até aqui estou sem nada, estou a aguentar assim não tenho como. A minha família não me tem apoiado, no próximo mês vou fazer um ano sem salário. Eles sempre dizem no próximo mês, mas quando o mês chega não há nada."

Salários de mais de 300 professores em atraso

As autoridades de Educação na província dizem que são mais de 300 os professores que não recebem salário desde outubro do ano passado. E os mais lesados são docentes do ensino primário que lecionam nos distritos da zona norte da Zambézia, segundo Joaquim Casal, diretor de Educação na província.

"Estamos em perto de 317 professores que não estão a receber. Eu pessoalmente, na semana que terminou, estive nos distritos de Mocuba, Gilé, que são dos distritos mais afetados pelo problema", diz.

O diretor de Educação da província diz que está a negociar com os professores, mas não adianta uma data para o pagamento dos salários em atraso, alegando que existem alguns casos em que os professores em questão ainda não foram devidamente inscritos como funcionários no Ministério da Educação.

"Na verdade o que está a acontecer é exatamente falta de cadastramento, é uma situação bem-sabida por nós. Temos vindo a fazer negociação com os professores levando-os a perceber que não é por falta de vontade por parte da direção. Não posso precisar, quando é que isso vai terminar, mas é uma questão que dia a dia estamos a lutar", promete.

Joaquim Casal, Diretor Provincial do Ensino, reconhece a gravidade do problema dos salários em atraso de centenas de docentesFoto: Marcelino Mueia/DW

"Falta de vontade das autoridades"

O historiador e analista, Bruno Mendiate, considera que há falta de vontade por parte das autoridades para resolver o problema: "Não se pode aceitar que uma pessoa fique desde agosto de um ano até abril do outro ano sem salário e a alegacão ser que estamos a ter dificuldades por causa de sistema. Quem trabalha com o sistema são homens, é passível de atualização e é passível de manutenção."

O analista também não poupa críticas ao ministério de Educação, no governo central, em Maputo. E questiona: "Como é possível num governo, que todas as terças-feiras se senta em Conselho de Ministros, a ministra de Educação não fale com o ministro da Economia e Finanças, explicando-lhe que há uma situação assim, para que ele mande os seus técnicos desbloquearem essa tal janela de cadastro, para que essa questão seja ultrapassada? Porque não fazem isso?"

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