Ambientalista da WWF diz que a proibição do comércio de marfim na China é um "marco para a conservação dos elefantes em África". Mas será preciso fazer mais para travar os caçadores furtivos.
Foto: picture alliance/AP Images/B. Curtis
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Para Arnulf Köhncke, especialista em conservação da vida selvagem do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês), o anúncio da proibição de todo o comércio e transformação de marfim, na China, até ao final de 2017 é um "marco" e uma "grande oportunidade" para travar a caça furtiva.
A China é um dos maiores consumidores mundiais de marfim. Todos os anos, 20 mil elefantes são mortos por caçadores furtivos em África.
Mas a proibição, por si só, "não vai parar o comércio ilegal de marfim" se a procura continuar, alerta o especialista.
Proibição da venda de marfim na China 'não chega'
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Aumentar a consciencialização
Köhncke diz que "é importante que o Governo chinês continue a esforçar-se para diminuir a procura de marfim, para aumentar a consciencialização pública e a conservação, na China e em África", para "acabar com o comércio ilegal de marfim."
Para Arnulf Köhncke, a luta contra a procura de marfim, particularmente em países asiáticos como a China, a Tailândia e o Vietname, deve igualmente ser uma causa mundial.
No continente africano, esse combate passa por reforçar a legislação e melhorar o controlo alfandegário e nas fronteiras, segundo o especialista da WWF. Outro fator fundamental é, argumenta, "a luta contra a corrupção, porque a corrupção pode impedir o cumprimento da lei."
Apesar da proibição da venda de marfim até ao final do ano, a China vai permitir a venda de antiguidades em marfim, desde que identificadas e com origem em fontes legítimas, de acordo com o Conselho de Estado chinês.
Segundo o Fundo Mundial para a Natureza, restam apenas 420 mil elefantes em África.
Novos dados da Fundo Mundial da Natureza (WWF) indicam que a caça furtiva de elefantes e rinocerontes em Moçambique multiplicou-se. Em algumas zonas do país, o número de carcaças aumentou até seis vezes.
Foto: STEPHANE DE SAKUTIN/AFP/Getty Images
Carcaças de elefantes em Niassa triplicam
Novos dados da WWF indicam que a caça furtiva de elefantes e rinocerontes em Moçambique multiplicou-se. O número de carcaças de elefantes é seis vezes superior em certas áreas do país. Dados preliminares indicam que a caça furtiva na Reserva Nacional do Niassa, fez com que o número de carcaças estimado em contagens aéreas triplicasse, de cerca de 756 em 2011 para 2.365 em 2013.
Foto: E. Valoi
Armas da polícia moçambicana usadas
O relatório afirma que, apesar do número de armas apreendidas estar a aumentar, muitas destas pertencem a instituições de segurança moçambicanas. Um dos exemplos apontados indica que uma das armas da polícia moçambicana em Masssingir foi apreendida três vezes consecutivas em atividades de caça furtiva no Parque Nacional do Limpopo.
Foto: E. Valoi
Rinocerontes moçambicanos extintos
Segundo o estudo, a caça furtiva levou à extinção das populações de rinoceronte em Moçambique no ano passado, com a morte dos últimos 15 rinocerontes no final de 2013. As autoridades acreditam agora que a maioria dos caçadores opera a partir da zona do Limpopo, área que faz fronteira com Parque National Kruger na África do Sul.
Foto: picture alliance/WILDLIFE
Elefantes da Reserva do Niassa sob ameaça
A população de elefantes de Moçambique concentra-se, na sua maioria, na Reserva Nacional do Niassa e no distrito de Mágoè, além das zonas transfronteiriças. Mas dados preliminares indicam que a caça furtiva na Reserva Nacional do Niassa fez com que o número de carcaças, estimado em contagens aéreas, triplicasse de cerca de 756 em 2011, para 2.365 em 2013.
Foto: E. Valoi
Quirimbas também sob ameaça
Também noutras áreas tem aumentado a caça de elefantes. Em novembro do ano passado, a WWF Alemanha financiou uma contagem áerea no Parque Nacional das Quirimbas. Um em cada dois elefantes avistados era um carcaça, num total de 811. Este número é seis vezes superior às contagens de 2011, onde o número de carcaças contabilizado era 119. Na foto: um elefante morto na Reserva do Niassa.
Foto: Estácio Valoi
Capacidade de deteção continua fraca
O relatório acrescenta que a capacidade das autoridades moçambicanas em detetar marfim nos portos e aeroportos do país é fraca (na foto: guardas da Reserva do Niassa). No entanto, as apreensões aumentaram um pouco: em 2013 foram apanhados cerca de 20 chifres de rinocerontes no Aeroporto de Maputo. No primeiro trimestre de 2014, já se contabilizam 6 chifres de rinoceronte apreendidos.
Foto: E. Valoi
Aumento da procura nos mercados asiáticos
A WWF acredita que o aumento da caça está relacionado com o incremento da procura nos mercados asiáticos, onde o chifre de rinoceronte é usado na medicina tradicional asiática, uma vez que é considerado um ingrediente essencial. O marfim, por sua vez, é visto como uma raridade e um item de luxo, algo muito prezado nas classes emergentes chinesa e vietnamita.
Foto: E. Valoi
Moçambicanos incriminados no Kruger
Em meados de junho de 2014, apareceram cartazes populares na zona da fronteira do Parque Nacional Kruger com Massingir que acusam Moçambique de ser o principal responsável pela morte dos animais na reserva sul-africana. Os cartazes revindicavam ainda a reconstrução da cerca que marca a fronteira entre os dois parques. Só nos primeiros meses do ano, foram presas 57 pessoas e mortos 266 animais.
Foto: JON HRUSA/AP/dapd
Patrulhas do Kruger matam caçadores
Nos últimos anos tem aumentado o número de incidentes entre caçadores furtivos e os guardas-patrulha do Parque Nacional Kruger da África do Sul, acabando muitas vezes com a morte ou prisão dos caçadores furtivos. Segundo a polícia de Moçambique, morrem, por mês, dois jovens moçambicanos por causa da caça furtiva.