"Createc" possibilita a jovens criadores mostrarem o seu talento empresarial com uso das tecnologias. Candidatos participam de competição para viabilizar suas ideias criativas.
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Chegou o "Createc", um projeto que junta no mesmo palco profissionais de diferentes áreas para a criação de soluções artísticas e empreendedoras de base tecnológica.
A ideia é do Centro Cultural Moçambicano-Alemão (CCMA) que já aceitou 40 candidaturas de jovens empreendedores de diversas áreas com recurso às tecnologias.
O projeto insere um leque de artistas profissionais - como músicos, bailarinos, fotógrafos, designers, cinematógrafos, atores, entre outros - que podem criar o auto-emprego.
Nuno Amado, designer, elogia esta ideia e entende que é um momento ímpar para os jovens mostrarem o seu talento nesta área para a promoção do auto-emprego.
"Sempre tive uma ideia de criar uma empresa gerida por jovens. A primeira coisa que pensei ao criar a empresa foi buscar jovens, porque acredito que os jovens são mais recetivos a ideias inovadoras e foi o ingrediente perfeito", recorda.
"Temos soluções super inovadoras, viradas para o mundo digital, que os jovens percebem melhor que os outros", defende.
Enquanto alguns jovens já criaram bases para o auto-emprego, há quem ainda vê este projeto como uma luz no fundo do túnel. É o caso de Rui Marques que também é designer.
"Aqui está a nata dos inovadores. Então, todo mundo quer estar aqui. Não poderia ser diferente, nós também queremos estar aqui porque é uma grande oportunidade", avalia Marques.
Projeto Createc CCMA - MP3-Stereo
Seleção de talentos
A seleção de candidatos será feita num encontro do tipo seminário, em que cada um dos concorrentes terá o seu tempo para defender a sua ideia. Isto porque, segundo a diretora do CCMA, Konstanze Kampfer, "ideias não faltam e criatividade não falta".
"Agora, a questão é como podemos fazer dinheiro com isto. O desemprego é muito grande. Por isso, juntamos a este projeto a Câmara da Indústria e Comércio da Alemanha para África Austral e a incubadora do Standard Bank, que tem também o conceito de dar um espaço para os jovens empreendedores", explica Kampfer.
Os candidatos são igualmente desafiados a ter o melhor e mais competitivo produto, no sentido de convencer os empresários a comprar as suas ideias.
A diretora do CCMA avança ainda a estratégia para atrair a atenção do mercado.
"O que vamos fazer é bater às portas de muitos empresários digitais e convidá-los a participar e a ver os produtos", revela.
"Estamos a pensar em convidar os empresários para fazer parte do júri para selecionar os três melhores [candidatos]. Podem ficar animados e gostar da criatividade, dos procedimentos, dos produtos", conclui Kampfer.
Está aí então mais um desafio aos jovens empreendedores moçambicanos para mostrarem o que valem, promoverem o auto-emprego e, quiçá, serem empresários digitais.
Angola: Jovens desempregados marcham em Luanda
O elevado índice de desemprego levou os jovens angolanos novamente às ruas. Durante a caminhada de sábado (08.12) os "kunangas", nome atribuído aos desempregados, exigiram políticas para a criação de postos de trabalho.
Foto: DW/B. Ndomba
Caminhar por mais emprego
Onde estão os 500 mil empregos que o Presidente da República, João Lourenço, prometeu durante a campanha eleitoral de 2017? Foi uma das questões colocadas pelos jovens desempregados que marcharam nas ruas de Luanda. A marcha decorreu sob o lema "Emprego é um direito, desemprego marginaliza".
Foto: DW/B. Ndomba
Apoio popular
Populares e vendedores ambulantes apoiaram o protesto deste sábado, que foi também acompanhado pelas forças de segurança. Participaram na marcha algumas associações como o Movimento Estudantil de Angola (MEA) e a Associação Nova Aliança dos Taxistas. Os angolanos que exigem criação de mais postos de trabalho marcharam do Cemitério da Sant Ana até ao Largo das Heroínas, na Avenida Ho Chi Minh.
Foto: DW/B. Ndomba
Níveis alarmantes
O Governo angolano reconhece que o nível de desemprego é preocupante no país. 20% da população em idade ativa está desempregada, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados no ano passado. Os jovens em Angola são os mais afetados - 46% não têm emprego.
Foto: DW/B. Ndomba
Palavras de ordem
Os manifestantes exibiram vários cartazes com mensagens dirigidas ao Presidente e ao Governo: "João Lourenço mentiroso, onde estão os 500 mil empregos?", "Ser cobrador de táxi não é minha vontade" e "Por kunangar perdi respeito em casa”, foram algumas das questões levantadas.
Foto: DW/B. Ndomba
Estágios, inclusão e subsídios
Além de empregos, os manifestantes exigem políticas de estágio - para que os recém formados tenham a experiência exigida pelas empresas – e programas que beneficiem pessoas com deficiência física. Este sábado, pediram também ao Governo que atribua subsídio de desemprego aos angolanos que não trabalham.
Foto: DW/B. Ndomba
Sem perspetivas de trabalho
O índice do desemprego piorou com a crise económica e financeira em Angola, desde 2015. O preço do crude caiu no mercado internacional, e, como o país está dependente das exportações de petróleo, entraram menos divisas. Muitas empresas foram obrigadas a fechar as portas e milhares de cidadãos ficaram desempregados.
Foto: DW/B. Ndomba
Formados e desempregados
Entre os manifestantes ouvidos pela DW África em Luanda, histórias como a de Joice Zau, técnica de refinação de petróleo, repetem-se. Concluiu a sua formação em 2015 e, desde então, não teve quaisquer oportunidades de emprego: "Já entreguei currículos em várias empresas no ramo petrolífero e nunca fui convocada", conta. Gostaria de continuar a estudar, mas, sem emprego, são muitas as dificuldades.
Foto: DW/B. Ndomba
É preciso fazer mais
Para a ativista Cecília Quitomebe, o Executivo está a "trabalhar pouco para aquilo que é o acesso ao emprego para os jovens". No final da marcha, a organização leu um "manifesto" lembrando que a contestação à política de João Lourenço começou a 21 de julho, quando o mesmo grupo de jovens exigiu mais políticas de emprego. Na altura, a marcha realizou-se em seis cidades. Este sábado, ocorreu em 12.