Operadores turísticos e residentes pedem interrupção de exploração de areias pesadas, gás e petróleo, em prol da proteção do Parque de Bazaruto. Governo diz que ainda não emitiu qualquer autorização de exploração.
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População e operadores turísticos no norte da província de Inhambane reclamam da destruição do ecossistema marinho, supostamente protagonizada pela multinacional sul-africana Sasol.
Yassine Amugy, presidente da Associação de Turismo de Vilankulo, afirma haver mortes de golfinhos desde 2008, quando a empresa começou pesquisas de exploração de petróleo, alegadamente, sem autorização do Estado.
"Em outubro, tivemos 22 golfinhos [mortos]. Este processo de perder animais [cresce] por ambição nossa", diz.
Impacto ambiental e violação da lei
Pouco mais de dez anos depois, durante as auscultações públicas no início de julho deste ano, o projeto apresentado pela Sasol foi chumbado pelos participantes, que apontaram impactos negativos para o futuro do meio ambiente.
Por isso, Yassine Amugy apela às autoridades para que não aprovem o projeto e diz que as mensagens pela preservação do ecossistema já foram dadas.
Entretanto, segundo Amugy, a Ilha de São Sebastião, no Parque Nacional de Bazaruto, já foi entregue a uma empresa chinesa para a exploração de areias pesadas. O Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique prometeu juntar-se à população para defender a região.
Projetos de exploração ameaçam Parque de Bazaruto
Enquanto isso, Nelson Alfredo, porta-voz do Centro Terra Viva, vocacionado na proteção do meio ambiente, diz que as empresas e o Governo estão a violar a lei, o que no futuro poderá resultar na devastação do ecossistema.
"É proibido a realização de pesquisas nas zonas de conservação, viola a legislação moçambicana. Se avançar um projeto desta natureza, as consequências serão devastadoras", alerta.
Licenças não foram concedidas
No entanto, de acordo com o governo, nenhuma empresa recebeu licença para a exploração de petróleo e areias pesadas no Parque Nacional de Bazaruto.
Salomão Mujoi, diretor provincial dos Recursos Minerais e Energia em Inhambane, afirma que, só depois que as empresas receberem as licenças é que irão avançar com o estudo do impacto ambiental para obter o direito à exploração. "Primeiro será feita a identificação das medidas de mitigação para, depois, avançar para fase da exploração", explica.
A DW África tentou ouvir a Sasol sobre as acusações, mas a empresa não quis prestar esclarecimentos.
Ilha de Santa Carolina: paraíso abandonado
A ilha de Santa Carolina é uma pérola no arquipélago de Bazaruto, na província moçambicana de Inhambane – tem praias paradisíacas e uma grande riqueza natural. Mas tem um problema: edifícios ao abandono.
Foto: DW/L. da Conceição
Um paraíso na terra
A ilha de Santa Carolina, na província moçambicana de Inhambane, tem praias paradisíacas, com areia branca e águas cristalinas. E poucos a visitam. Mas a ilha tem um problema: com os conflitos armados da década de 70, vários edifícios ficaram ao abandono, incluindo um hotel que tinha 100 camas, campos de ténis e até um spa. Há quem acredite que a ilha está assombrada.
Foto: DW/L. da Conceição
Visita não é para todos
Viajar até à ilha de Santa Carolina sai caro - chega a custar o equivalente a 100 euros por pessoa. Antes, era possível ir até à ilha em pequenos aviões. Mas agora o barco é a única forma de lá chegar. Uma viagem pode demorar mais de quatro horas, em barcos públicos. Os barcos privados chegam lá em metade do tempo, mais saem mais caros.
Foto: DW/L. da Conceição
"Praia dos Namorados"
O antigo proprietário do hotel de Santa Carolina, hoje em ruínas, costumava trazer os amigos para a região para passar férias. Diz-se que eles gostavam de vir a este local, a que chamaram de "Praia dos Namorados". Antes de a ilha ficar ao abandono, várias celebridades sul-africanas também terão passado por aqui. Quem não gostaria de tirar férias, andar por aqui e nadar nestas águas cristalinas?
Foto: DW/L. da Conceição
Os guardiães da ilha
A ilha de Santa Carolina é protegida por guardas. Quem quiser entrar aqui tem de pagar uma taxa, cujo montante varia consoante as atividades a serem praticadas na zona. Mas os guardas precisam de equipamentos - barcos, por exemplo.
Foto: DW/L. da Conceição
Vista paradisíaca
Daqui dá para imaginar que a vista deste hotel sobre as águas do Oceano Índico seria paradisíaca. Mas o edifício está lentamente a ficar em ruínas.
Foto: DW/L. da Conceição
Outros empreendimentos
Foi um cidadão português, Joaquim Alves, quem construiu o hotel na ilha de Santa Carolina. O empresário tinha outros empreendimentos na costa moçambicana, incluindo o hotel "Dona Ana", na vila turística de Vilankulo. "Dona Ana", esposa de Alves, era conhecida pelos piripiris que fazia para os restaurantes. O hotel ainda funciona em Vilankulo, com novos proprietários.
Foto: DW/L. da Conceição
Mais sinais de abandono
Na ilha de Santa Carolina, este era um local de hospedagem anexo ao edifício principal do hotel. O empreendimento de Joaquim Alves deixou de funcionar em 1973. Hoje, diz-se que o local está assombrado.
Foto: DW/L. da Conceição
Renascer das ruínas
Novos empresários preparam-se para reabilitar esta zona. O Grupo Echos Delta Holding Lda, de origem britânica, detém o título de concessão da ilha de Santa Carolina desde 2006 e pretende renovar uma parte do antigo hotel, juntamente com sócios moçambicanos e portugueses.
Foto: DW/L. da Conceição
Lugar de golfinhos
Por enquanto, os golfinhos aproveitam o sossego da ilha de Santa Carolina e vão brincando com os visitantes, que vêm e vão de barco. Entretanto, as águas devoram cada vez mais a ilha. As alterações climáticas estão a transformar este habitat.