A poucos dias do fim da caça ao voto, a propaganda da FRELIMO é a que mais se tem imposto em Inhambane, no sul de Moçambique. Partidos da oposição queixam-se da destruição dos seus cartazes nas ruas por pessoas de má fé.
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Nas cinco autarquias da província de Inhambane, a Frente de Libertação de Mocambique (FRELIMO) tem dominado a campanha eleitoral para as autárquicas de 10 de outubro com material de propaganda nas ruas, ao contrário dos partidos da oposição.
José Madeira, cabeça de lista do Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), disse à DW África que os panfletos estão a ser rasgados ou retirados dos locais por pessoas que não entendem o significado da democracia. "Eles veem aqueles panfletos como se fosse de uma pessoa e não de um partido. As pessoas entendem mal e estão a rasgar coisas dos cabeças de lista", conta.
Apoiantes da RENAMO ameaçados
Mamud Beny, porta-voz do e mandatário da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) em Inhambane, afirma que esses atos de vandalismo já foram participados às autoridades que estão administrar o sistema eleitoral, mas estes não fazem cumprir a lei: "Apresentamos estes factos. Estamos a falar de alguns panfletos que estão nos sinais luminosos e instituições públicas do Estado."
Propaganda da FRELIMO domina campanha em Inhambane
O porta-voz nacional da RENAMO, José Manteigas, disse esta quinta-feira (04.10) em Inhambane que muitos membros do partido, principalmente funcionários públicos, estão a ser ameaçados pelo governos locais por apoiarem a campanha da oposição. "Um pouco por todo o país têm estado a hostilizar, ameaçar e chantagear funcionários públicos", lamentou.
A FRELIMO diz que não tem nada a lamentar. E intensifica a caça ao voto, com promessas de continuidade. O governador de Inhambane, Daniel Chapo, tem reforçado a campanha do partido, usando viaturas do Estado.
Falsas promessas
José Sinequinha, cabeça de lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) na cidade de Maxixe, afirma que a população está cansada das falsas promessas do partido no poder e, por isso, está confiante na mudança nestas eleições. "O povo diz que já está cansado da governação da FRELIMO, isso encoraja-nos e galvaniza-nos, significa que a oposição tem terreno fértil", sublinha o candidato.
O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) em Inhambane, Mateus Roberto, confirmou à DW que recebeu queixas da oposição sobre a retirada do material de propaganda nas vias públicas por desconhecidos, mas diz que a culpa é… do vento.
"Quanto à vandalização, aquela ventania que se fez no terceiro dia da campanha pode ter sido causadora desses panfletos que tiveram de voar, rasgaram-se devido à colagem não muito eficiente", diz.
Moçambique: O que foi feito ao dinheiro destas obras?
É a pergunta de vários cidadãos de Massinga, província moçambicana de Inhambane. Cada vez há mais obras na vila, que nunca chegam ao fim.
Foto: DW/L. da Conceição
Obras atrasadas
As obras arrastam-se no município de Massinga, sul de Moçambique, e os cidadãos querem saber porquê. Os empreiteiros ganham obras de construção civil na região, mas muitas são abandonadas após ser pago 50% do dinheiro para a sua execução, segundo o Conselho Municipal. A Justiça já notificou alguns empreiteiros para explicarem os atrasos, mas as estradas e avenidas continuam em péssimas condições.
Foto: DW/L. da Conceição
Mercado por construir
A União Europeia e a Suécia financiaram a construção de um mercado grossista em Massinga. Segundo a placa de identificação, as obras começaram a 28 de setembro de 2017 e deviam ter terminado a 28 de janeiro, mas até agora estão assim. O município remete as responsabilidades para o empreiteiro; contactada pela DW, a empresa negou explicar o motivo do atraso nas obras.
Foto: DW/L. da Conceição
Jardim perdido
O Conselho Municipal de Massinga gastou mais de 1,5 milhões de meticais (20.000 euros) para construir aqui um jardim etnobotânico - um projeto com a participação do Governo central e da Universidade Eduardo Mondlane. Mas as plantas colocadas aqui desapareceram e o terreno está abandonado. O Município promete que o jardim voltará a funcionar em breve, embora falte água para regar as plantas.
Foto: DW/L. da Conceição
Estrada sem fim à vista
Os trabalhos neste troço de cinco quilómetros duram há mais de três anos. O município de Massinga culpa o empreiteiro pela demora; a DW tentou contactar a empresa, sem sucesso. Segundo o município, aos 4,8 milhões de meticais (63 mil euros) pagos inicialmente ao empreiteiro foram acrescentados outros 3,9 milhões (51 mil euros) para continuar as obras, que deviam ter terminado em outubro.
Foto: DW/L. da Conceição
Estrada acabada?
25 de setembro de 2017 era a data de "entrega" desta estrada, segundo a placa de identificação. Mas a via, que parte da EN1 até ao povoado de Mangonha, continua em estado crítico. A obra está orçada em cerca de 1,9 milhões de meticais (quase 25 mil euros). Tanto a Administração Nacional de Estradas, delegação de Inhambane, como o Conselho Municipal recusaram comentar este assunto.
Foto: DW/L. da Conceição
Mais obras por acabar
Os trabalhos da pavimentação desta avenida também já deviam ter terminado, mas as obras continuam. O custo: cerca de 3,9 milhões de meticais (cerca de 51 mil euros). Mas a avenida continua por pavimentar. A DW tentou perguntar o motivo da demora à empresa Garmutti, Lda, responsável pela execução da obra, sem sucesso.
Foto: DW/L. da Conceição
Falta transparência
Segundo o regulamento de contratação de empreitadas de obras públicas, nos locais de construção devem constar as datas de início e do término dos trabalhos. Mas não é isso que acontece aqui. Segundo um relatório do governo local, um ano depois desta obra começar, só 30% dos trabalhos foram concluídos. O empreiteiro está incontactável; a empresa não tem escritório em Inhambane.
Foto: DW/L. da Conceição
Fatura sobre fatura
O orçamento inicial para os trabalhos de reabilitação no Hospital Distrital de Massinga rondava os dois milhões de meticais (cerca de 26 mil euros), mas, meses depois, o custo aumentou 600 mil meticais (8.000 euros).
Foto: DW/L. da Conceição
Edifício milionário
Este edifício custou à edilidade mais de 40 milhões de meticais (acima de 500 mil euros), sem contar com os equipamentos novos - cadeiras, secretárias ou computadores. Alguns empreiteiros acham estranho que tenha custado tanto dinheiro, porque o material de construção foi adquirido na região. Em resposta, o município justifica os custos com a necessidade de garantir o conforto dos funcionários.
Foto: DW/L. da Conceição
Adjudicações continuam
O município de Massinga continua a adjudicar novas empreitadas apesar de muitas obras não terem terminado. Vários residentes dizem-se enganados pelo edil, Clemente Boca, por não cumprir as promessas eleitorais.
Foto: DW/L. da Conceição
Campo por melhorar
Todos os anos, a Assembleia Municipal de Massinga aprova dinheiro para melhorar este campo de futebol, mas o campo continua a degradar-se. Segundo membros da assembleia, o dinheiro "sai" dos cofres públicos, mas nada muda e os jogadores "sempre reclamam". Em cinco anos, terão sido gastos 30 mil meticais (cerca de 400 euros). Nem o edil, nem os gestores do campo dizem o que foi feito ao dinheiro.
Foto: DW/L. da Conceição
"Fazemos sozinhos"
Devido à demora na construção de mercados e bancas, os residentes da vila de Massinga têm feito melhorias por conta própria, para manterem os seus produtos em boas condições. Questionados pela DW, os vendedores disseram que preferem "fazer sozinhos", porque se esperarem pelo município nunca sairão "do sol, da chuva e da poeira".