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Isabel dos Santos apela por libertação de manifestantes

27 de outubro de 2020

Empresária usou a hashtag #trabalhandoporangola para expressar no Twitter a sua indignação com a detenção dos manifestantes em Luanda. Organizadores convocam manifestação para 11 de novembro: "Nova independência", dizem.

Unternehmerin Isabel dos Santos
Foto: Miguel Riopa/AFP

A empresária Isabel dos Santos, acusada de negócios suspeitos denunciados pelo escândalo Luanda Leaks, usou a sua conta no Twitter para apelar pela libertação dos 103 manifestantes e jornalistas detidos durante a manifestação de sábado (24.10) em Luanda. Os jornalistas foram libertados nesta segunda-feira (26.10)

"Respeito ao direito de manifestar e a liberdade de expressão, diversidade e democracia, com paz fazemos a diferença", escreveu a filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos via Twitter, utilizando a hashtag #trabalhandoporangola.

Os organizadores da manifestação de sábado dizem que não vão parar os protestos enquanto todos os detidos não forem libertados. E já agendaram outra grande manifestação para 11 de novembro, Dia da Independência de Angola. O grupo promete que será uma "nova independência".

UNITA quer processar polícia

O deputado da União Nacional para a Indpendência Total de Angola (UNITA), Nelito Ekuikui, que foi agredido no sábado durante uma manifestação em Luanda, admitiu avançar com uma queixa contra a Polícia Nacional que acusa de ter usado violência excessiva contra os manifestantes.

"Vamos abrir um processo contra os excessos da Polícia Nacional. Temos pessoas presas desde sábado e achamos que a polícia agiu com excesso de zelo e violência gratuita", destacou.

O também secretário provincial da UNITA em Luanda salientou que havia respaldo legal para o protesto e afirmou que vão "trabalhar com os coordenadores da manifestação" e cerca de 60 advogados no sentido de abrir um processo contra os excessos da Polícia Nacional. "O Presidente quis deixar uma mensagem muito clara de que vai reprimir manifestações, vai cortar direitos e quer ensaiar uma ditadura", disse Ekuikui.

Nelito Ekuikui reclama de excesso da políciaFoto: DW/B. Ndomba

Entenda o caso

Uma manifestação no passado sábado em Luanda resultou na detenção de 103 pessoas, entre as quais dirigentes da UNITA, de acordo com o secretário de Estado do Ministério do Interior, Salvador Rodrigues, que negou a existência de qualquer morte resultante do evento promovida por ativistas da sociedade civil, com apoio do maior partido da oposição angolana.

Segundo o governante angolano, estão detidos 90 homens e 13 mulheres e seis polícias ficaram feridos na sequência de confrontos entre o cordão policial e os manifestantes.

Na sexta-feira, o Governo angolano fez sair novas medidas de combate e prevenção da covid-19, num decreto sobre o Estado de Calamidade Pública, que entre várias restrições, proibiu ajuntamentos na rua de mais de cinco pessoas.

De acordo com o governante angolano, as forças da ordem foram recebidas com violência, "apedrejamento, queima de pneus na estrada", tendo ficado queimada uma motorizada da força pública, uma viatura dos bombeiros, uma ambulância que ficou com o vidro partido e uma viatura da unidade de trânsito.

Nesta segunda-feira, quando da sua chegada ao Tribunal Provincial de Luanda, os detidos foram recebidos aos gritos de "Liberdade, Já" por várias dezenas de jovens que se concentraram frente ao edifício durante todo o dia e só desmobilizaram ao início da noite, protagonizando alguns momentos de tensão com a polícia.

Luanda: "Governo assassino, acaba de me matar"

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