1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Protesto no Kwanza Norte: "O povo está descontente"

10 de dezembro de 2020

Em alusão ao Dia Internacional dos Direitos Humanos que se assinala esta quinta-feira, jovens saíram às ruas de Ndalatando, província do Kwanza Norte. A falta de emprego e o aumento dos preços estiveram na ordem do dia.

Foto: António Domingos/DW

O Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado esta quinta-feira (10.12), ficou marcado em Angola por manifestações. À semelhança da capital, Luanda, onde centenas de jovens saíram às ruas para protestar contra a corrupção no país e em defesa da realização de eleições autárquicas, também a capital provincial do Kwanza Norte, Ndalatando, foi palco de protestos.

Os manifestantes, sobretudo jovens, foram para as ruas protestar contra o desemprego e pedir a realização das eleições autárquicas em 2021.

Foto: António Domingos/DW

A manifestação decorreu de forma pacífica e ordeira e concentrou-se em frente ao edifício-sede da antiga direção provincial da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social.

Maria Domingos, jovem desempregada a viver na cidade, juntou a sua voz aos protestos e, em declarações à DW África, explicou que se juntou ao grupo essencialmente pela falta de emprego e pela subida dos preços dos produtos. "O povo está descontente com a governação do país", assinalou.

Também Conceição Lumbo, mãe de dois menores, se mostrou preocupada com o aumento do custo de vida face à crise económica, agravada pela pandemia da Covid-19.

"Estamos muito nervosos aqui no Kwanza Norte. Desde que o novo Presidente [João Lourenço] entrou [em 2017], todas as coisas subiram - o saco de arroz, óleo alimentar, descartáveis… Se não fazemos lavras, não comemos. Nos roubam muito, estamos a sofrer muito. Eles estão a viver bem com as famílias deles e nós é que estamos aqui a sofrer", lamentou.

Protesto em Ndalatando esta quinta-feira (10.12)Foto: António Domingos/DW

Protesto sem incidentes

O protesto em Ndalatando foi acompanhado sob o olhar atento dos órgãos de defesa e segurança, que estiveram no local e arredores fardados e à paisana.

O último protesto na província, a 11 de novembro, foi reprimido. Na altura, as autoridades acusaram os manifestantes de não respeitar um decreto presidencial que proíbe ajuntamentos de mais de cinco pessoas na via pública. Mas, desta vez, a polícia não interveio.

Polícia acompanhou protesto à distânciaFoto: António Domingos/DW

Durante o protesto, em pleno Dia Internacional dos Direitos Humanos, um dos jovens manifestantes lembrou que as liberdades de opinião, de expressão e de reunião pacífica são direitos inalienáveis do ser humano.

"Fazermos exaltar a nossa voz em prol daquilo que são os direitos humanos e, nesta data particular, não temos porque não nos associarmos", afirmou Mariano Sebastião Francisco. "Repudiamos todas aquelas práticas, que têm sido políticas fracassadas de um governo que praticamente não tem uma direção própria."

O desemprego em Angola continua a crescer e atinge principalmente os mais jovens. No terceiro trimestre deste ano rondava os 34%.

Luanda: "Governo assassino, acaba de me matar"

00:44

This browser does not support the video element.

Saltar a secção Mais sobre este tema