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Protesto pelos direitos políticos das mulheres, em Quelimane

25 de agosto de 2018

Dezenas de mulheres foram às ruas, este sábado (25.08), exigir seus direitos de eleger e de serem eleitas. Em Moçambique, muitas mulheres queixam-se de discriminação pelos partidos políticos dos quais fazem parte.

Mosambik | Demo Frauen
Manifestantes apresentam suas demandas em cartazesFoto: DW/M. Muéia

Nas 53 autarquias moçambicanas que este ano serão palco das eleições municipais, apenas seis mulheres - nos municípios de Majacaze, Sussundenga, Metangula, Beira e Marrumeu, em Sofala - aparecem como cabeças de lista pelo partido FRELIMO. Mas, os outros partidos não indicaram mulheres para dirigir o processo.

É o que fez com que organizações femininas da sociedade civil - tais como, a Associação de Mulheres e Família, o Núcleo das Associações Femininas, o Movimento Moçambicano da Mulher Rural (MMMR) - se unissem para mostrar a sua preocupação quanto ao número insignificante de mulheres a serem eleitas nos escrutínios de 10 de outubro, em Moçambique.

A representante de MMMR e presidente do Núcleo das Associações Femininas da Zambézia, Achima Mussa, defendeu que, em Moçambique "os homens devem ter muita coragem de incluir as mulheres na tomada de decisão".

Margaret Ekpo: Exemplo da luta pelos direitos das mulheres

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"A mulher, estando num setor de trabalho e tendo uma função mais alta, ela consegue gerir o seu trabalho com responsabilidade e zelo. Então, apelamos a todos os partidos que se as mulheres forem cabeças de listas, iram dirigir com responsabilidade, com capacidade e não vão esquecer os homens, como os homens nos esquecem," afirmou.

Para Achima Mussa, o que esta a falhar, por um lado, "são os tabus e tradições por parte da mulher. É como quem diz: ‘eu vou ser votada ,o que é que eu vou lá falar? A mulher tem que ser forte. Se ela não consegue dirigir, então como é que ela é capaz de acordar de manhã e fazer mil trabalhos domésticos?" questiona.

"Nós vamos lutar até que eles nos incluam, até que consigamos estar a par dos homens, 50% a 50%," disparou.

Mulheres na liderança

Cristiano Pernambuco, representante da plataforma Votar Moçambique, considera que "a participação da mulher na politica é satisfatória, mas o que nós queremos é mais representação das mulheres no poder autárquico – como presidentes das assembleias municipais, provinciais, como chefes dasbancadas partidárias".

Marcha percorreu ruas de QuelimaneFoto: DW/M. Muéia

"Nós queremos apelar nessa marcha à participação da mulher em processos eleitorais, queremos apelar aos partidos políticos, aos governos locais para designarem as mulheres como cabeças de listas ou então pessoas que podem assegurar o espaço do poder," explicou.

"É possível alcançar esses objetivos, porque nos já realizamos encontros com os partidos políticos, a procuradoria, as comissões nacional e provincial de eleições, e eles dizem que há muito esforço que está a ser feito para incluir a mulher. O que esta falhar é a falta de sensibilidade daqueles que decidem nos partidos políticos quem deve ser cabeça de lista," avaliou.

A Marcha foi organizada pelas organizações da sociedade civil e decorreu sob o lema "Eleições pacíficas e credíveis, sem violência e com boa participação da mulher". O protesto iniciou logo pela manhã deste sábado na Praça da Juventude e terminou no campo de futebol da sagrada - depois de ter percorrido várias avenidas.

Os manifestantes ostentavam cartazes com dizeres que repudiam a descriminação política e violência contra as mulheres nas eleições em Moçambique.

Autárquicas terão lugar a 10 de outubroFoto: Getty Images/AFP/Gianluigi Guercia

Votar e ser votada

Sílvia Patrício, uma das participantes, disse que gostaria dever muitas mulheres no poder no país.

"Queremos as mulheres a serem votadas e a votarem sem haver barreiras e queremos oportunidade," concluiu.

Por seu turno, uma outra participante, Alzira Gonçalves, explicou que sua expectativa é "ver as mulheres livres para votar a quem  preferem votar, sem  serem intimidadas".

Entretanto, a presidente da Liga Feminina da Resistência Nacional Moçambicana, Maria Inês Martins, teria prometido, na Zambézia, que muitos municípios teriam mulheres como cabeças de lista, mas a promessa não foi cumprida.

Este Sábado, Maria Inês Martins explicou à DW que a promessa foi revertida com a presença massiva de mulheres como candidatas a membros das assembleias autárquicas moçambicanas.

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