A Tunísia assinalou o sétimo aniversário da queda do ditador Ben Ali ao som de protestos. A população contesta o aumento do custo de vida e a subida dos impostos.
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Na Tunísia, este domingo (14.01) foi marcado por protestos anti-austeridade, no dia em que se assinalou o sétimo aniversário da queda do ditador Ben Ali. Na avenida Habib Bourghiba, em Tunes, centenas de pessoas voltaram a contestar as políticas económicas do governo.
Há mais de uma semana que os tunisinos protestam contra a subida dos impostos e os novos preços, em vigor desde o início de janeiro. De acordo com o Ministério do Interior, cerca de 800 pessoas foram detidas por vandalismo e atos de violência.
No sábado, o Governo tunisino tentou acalmar os ânimos com o anúncio de um novo pacote de medidas de cariz social. O Executivo prometeu aumentar o financiamento das prestações sociais para apoiar 250 mil famílias carenciadas. Os novos apoios incluem ainda cuidados de saúde gratuitos para os desempregados. Mas as medidas não chegaram para travar a contestação.
Protestos anti-austeridade na Tunísia
Crise económica grave
A Tunísia enfrenta uma grave crise económica desde a queda de Ben Ali, em 2011. O país adotou uma nova Constituição e realizou eleições livres, mas os vários governos que se seguiram à queda do ditador não conseguiram equilibrar as finanças do país, abaladas por vários ataques terroristas que prejudicaram o vital setor do turismo.
Em 2015, o Fundo Monetário Internacional concedeu ao país um empréstimo de 2,5 mil milhões de euros, em troca de reformas fiscais, cortes e medidas de austeridade. Porém, a receita não serviu para resolver os problemas estruturais da economia tunisina, marcada pela corrupção e pelo desemprego, que ronda os 15%. A estes fatores junta-se o aumento da inflação, e o empobrecimento de grande parte da população que, sete anos depois do fim do regime de Ben Ali, voltou às ruas para exigir justiça social.
Presidente acredita em solução pacífica
Em novo dia de protestos, o Presidente Béji Caïd Essebsi visitou um dos bairros mais pobres de Tunes, palco de confrontos entre jovens e forças de segurança na semana passada.
Os protestos na capital já fizeram uma vítima mortal e deixaram mais de 100 agentes da polícia feridos, uma situação considerada "inaceitável" pelo chefe de Estado tunisino, que, no entanto, se mostra confiante numa solução pacífica.
"Se eu não tivesse a certeza de que conseguimos sair desta situação de forma pacífica, não interviria", afirmou. "Acredito que podemos sair desta situação sem trazer pessoas de fora. Precisamos de um pouco de paciência e compreensão."
Enquanto o Executivo tenta conter os protestos anti-austeridade, a Frente Popular, principal partido de esquerda na oposição, e outros movimentos sociais, prometem continuar a convocar manifestações, até que o Orçamento do Estado seja revogado.
"Cairo. Cidade aberta" - uma exposição
Certas imagens ficaram gravadas nas memórias das pessoas que assistiram através da televisão à revolução egípcia na Praça Tahrir. As redes sociais ajudaram a espalhar essas imagens do Egito em todo o mundo.
Foto: Mosa'ab Elshamy / Museum Folkwang
As fotos da Praça Tahrir
Certas imagens ficaram gravadas nas memórias das pessoas que assistiram através dos meios de comunicação à revolução egípcia na Praça Tahrir (na foto). As redes sociais ajudaram a espalhar essas imagens em todo o mundo. Será que as imagens refletem de forma exaustiva o que de facto se passou na primavera árabe no Egito?
Foto: Mosa'ab Elshamy / Museum Folkwang
Imagens independentes
“Cairo. Cidade aberta” - é este o título de uma exposição no Museu Folkwang, na cidade alemã de Essen, patente ao público até maio de 2013. Aqui são mostrados vídeos como este com o título “toussy” (foto), produzido pelo grupo de ativistas e realizadores críticos “Mosireen”.
Foto: Jasmina Metwali / Museum Folkwang
Revolucionários da geração facebook?
No mundo ocidental, a revolução egípcia é conotada com as redes sociais. Os organizadores da exposição também sublinham a importância dos meios de comunicação modernos. Ao mesmo tempo salientam que "quem fez a revolução foram as pessoas com coragem e não as redes sociais".
Foto: Jonathan Rashaad / Museum Folkwang
Símbolos da violência
Esta é uma das imagens que se transformou em símbolo da brutalidade do regime do presidente deposto Hosni Mubarak: agentes da polícia agrediram a pontapé uma jovem mulher. A foto do acontecimento correu o mundo. Durante uma marcha de protesto pelas ruas do Cairo, em abril de 2012, um manifestante exibe uma fotografia da ativista agredida. Um exemplo da força que uma imagem é capaz de exercer.
Foto: Jonathan Rashad
Protestos femininos
Muitas mulheres egípcias lutaram pelos seus direitos como ativistas da revolução. Em dezembro de 2011, elas movimentaram-se em direção à associação da imprensa do Cairo, exigindo igualdade de direitos entre homens e mulheres. As suas esperanças, no entanto, não se transformaram em realidade.
Foto: Ali Hazza / Museum Folkwang
Estórias da revolução
Como se relata as estórias individuais daqueles que formaram o movimento revolucionário? Artistas plásticos egípcios procuram novas linguagens estéticas para contar essas estórias individuais. A artista Jasmina Metwaly realizou uma curta metragem com o título “Vou falar sobre a revolução”, na qual são apresentadas diferentes perspetivas dos acontecimentos na Praça Tahrir.
Foto: Nadine Khan; Miriam Mekiwi / Museum Folkwang
A ira e a mudança de regime
Para muitos egípcios a queda do regime Mubarak em fevereiro de 2011 não constitui o fim da revolução. Também o novo presidente Mohammed Mursi é alvo de críticas. A fotografia do jornalista Jonathan Rashaaad mostra cidadãos que se manifestam contra Mursi em frente à sede do partido dos "Irmãos Muçulmanos".
Foto: Jonathan Rashaad / Museum Folkwang
Como sera o futuro do Egito?
A exposição de Essen não foi feita para marcar o fim da revolução egípcia. O objetivo é acompanhar um processo que perdurará durante muitos anos. Os observadores são de opinião que os movimentos pela liberdade no mundo árabe continuarão nos próximos anos. O derrube do regime de Husni Mubarak não trouxe a felicidade para os povos. O Cairo permanece uma cidade com muita agitação social e política.