Protestos pró-democracia paralisam o reino de eSwatini
19 de outubro de 2021Protestos de alunos, trabalhadores e grupos pró-democracia contra o Rei Mswati III de eSwatini alargaram-se esta segunda-feira (18.10). Os manifestantes bloquearam estradas no pequeno reino africano e provocaram o encerramento de lojas fechadas por medo de violência e vandalismo.
"O povo está zangado e a sua raiva está prestes a aumentar", disse o secretário-geral da Frente Democrática Unida da Suazilândia, Wandlile Dludlu, à agência de notícias dpa.
Há relatos de ataques incendiários a esquadras de polícia. Muitas pessoas não conseguiam chegar ao trabalho devido à intimidação e falta de transporte público, porque condutores de autocarros e táxis estão em greve. Também foi relatada falta de combustível.
"Lutei para conseguir combustível. Optei por chegar atrasada ao trabalho porque conduzi pela cidade para encher o meu carro", relatou uma funcionária de um banco sobre a sua procura de gasolina.
Também houve interrupções no serviço de Internet do reino.
"Ameaças a empresas"
Numa conferência de imprensa na segunda-feira, a ministra da Indústria e Comércio, Manqoba Khumalo, disse que "as contínuas ameaças e ataques incendiários às empresas" deixariam mais cidadãos sem emprego e lançá-los-iam ainda mais na pobreza.
Stephane Dujarric, porta-voz do Secretário-Geral das Nações Unidas António Guterres, expressou a sua preocupação com os desenvolvimentos, isto incluiu o destacamento de forças de segurança armadas nas escolas.
Jovens relatam uso excessivo da força durante as manifestações estudantis, e o Governo determinou o encerramento por tempo indeterminado das escolas, o que afetou negativamente crianças e jovens.
Vida de luxo
A pressão tem vindo a aumentar sobre o último monarca absoluto de África para instituir reformas democráticas após protestos e greves prolongados, que começaram em junho e voltaram nos últimos dias.
Mswati tem sido criticado pelo seu estilo de vida de ostentação de riqueza, em contraste flagrante com a pobreza generalizada vivida por grande parte da população em eSwatini, um país sem litoral há muito conhecido como Suazilândia que faz fronteira com Moçambique e África do Sul.
A dissidência no reino é quase impossível, uma vez que os partidos políticos foram proibidos desde 1973.