Putin alerta para "séria ameaça" de segurança
21 de fevereiro de 2022O Presidente russo considera que o braço de ferro entre Moscovo e Kiev está a ser usado pelo Ocidente como desculpa para ameaçar a segurança do país.
Segundo Vladimir Putin, "a utilização da Ucrânia como instrumento de confrontação com [a Rússia] representa uma ameaça grave". Durante uma reunião extraordinária do conselho de segurança russo, esta segunda-feira (21.02), o chefe de Estado sublinhou que a prioridade de Moscovo "não é o confronto, mas a segurança".
Os EUA e a Ucrânia temem, no entanto, que o confronto possa ser a via escolhida pela Rússia.
Durante a reunião do conselho de segurança, em Moscovo, Putin disse que vai estudar os pedidos de reconhecimento de soberania que lhe foram endereçados pelas autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.
"A decisão será tomada hoje", anunciou Putin.
Se o pedido for aceite, a tensão entre a Rússia e a Ucrânia poderá aumentar exponencialmente. Moscovo poderia usar a medida como pretexto para enviar tropas para a Ucrânia.
De acordo os EUA, já foram destacadas mais de 150 mil tropas russas para a fronteira com a Ucrânia. Se o país for invadido, "será uma guerra travada contra o povo ucraniano para reprimi-lo, esmagá-lo", alertou Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca.
Informação e contrainformação
Moscovo declarou, esta segunda-feira, que matou cinco "sabotadores" ucranianos que circulavam em "dois veículos de infantaria, violando a fronteira ucraniana com a Rússia".
A Ucrânia afirmou, no entanto, que se trata de uma notícia falsa. Antes, a Rússia alegara que um projétil disparado desde território ucraniano teria destruído por completo um posto fronteiriço, mas a informação também foi negada por Kiev.
"A declaração russa sobre o bombardeio do posto avançado dos guardas fronteiriços russos é uma provocação", frisou o Serviço de Guarda de Fronteira da Ucrânia em comunicado.
"Não brinquem com vidas humanas"
Em entrevista à DW, a ministra alemã para a Cooperação e Desenvolvimento, Svenja Schulze, assegurou que Berlim está a fazer "tudo o que pode" para encontrar uma solução diplomática para a crise entre a Rússia e a Ucrânia.
"Queremos conversar o máximo que conseguirmos", afirmou Schulze.
A ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, apelou ao Governo e ao Presidente russo: "Não brinquem com vidas humanas".
Para os próximos dias estão previstos contactos entre o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, que também se encontrará com o homólogo francês, Jean-Yves Le Drian.
O Ocidente continua a rejeitar a exigência russa de fechar as portas da NATO à Ucrânia.
Putin disse que o Presidente norte-americano, Joe Biden, lhe garantira que seria possível adotar uma "moratória" em relação à entrada do país na Aliança Atlântica, mas o chefe de Estado russo rejeitou a oferta.
A União Europeia prepara-se, entretanto, para a possível chegada de refugiados da Ucrânia.
Segundo o vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, entre 20 mil e um milhão de ucranianos poderão refugiar-se na Polónia, Eslováquia, Hungria e Roménia se a Rússia invadir o país. A Alemanha e a Áustria também planificam a mobilização de ajuda humanitária, em caso de guerra.