Zelensky - Putin: Conversa a dois ainda é uma miragem?
5 de setembro de 2025
O Presidente dos EUA afirmou na noite desta quinta-feira (04.09) que falará em breve com o homólogo russo, Vladimir Putin, sobre a guerra na Ucrânia. As tentativas de Donald Trump de mediação entre a Ucrânia e a Rússia não deram em nada até agora e o chefe de Estado tem mantido as suas próximas decisões em segredo.
Em declarações aos jornalistas, Trump admitiu que já resolveu muitas guerras, mas que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia tem sido o mais difícil até agora.
"Estamos a ter um diálogo muito bom. Resolvi sete guerras. Às vezes pensamos que algo vai ser fácil, mas acaba por ser um pouco mais difícil", reconhece.
E Trump acrescenta: "A guerra que eu achei que seria mais fácil de resolver, devido à minha relação com o presidente Putin e com a Ucrânia, foi esta onde esta semana morreram 7014 pessoas.”
O Presidente dos EUA participou ontem (04.09) numa conversa telefónica com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e outros líderes europeus que estiveram presentes na Cimeira da Coligação dos Dispostos, que decorreu em Paris.
Segundo Zelensky, foram discutidas a adoção de novas sanções contra a Rússia e a proteção dos céus ucranianos contra os ataques russos.
O compromisso dos aliados
Vinte e seis países comprometeram-se ontem (04.09) com uma "força de segurança" em caso de um acordo de paz no conflito da Ucrânia. Segundo o Presidente francês, Emmanuel Macron, o grupo de países prontificou-se para prestar garantias de segurança às autoridades da Ucrânia, estando "presentes em terra, no mar ou no ar".
"Esta força não tem a vontade nem o objetivo de travar uma guerra contra a Rússia, mas é uma força que deve garantir a paz e enviar um sinal estratégico muito claro", garantiu Macron.
O Presidente francês explica ainda que "será destacada no âmbito de um cessar-fogo, não na linha da frente, mas em zonas geográficas que serão definidas. O objetivo é impedir qualquer nova agressão de grande envergadura e envolver muito claramente os 26 Estados na segurança duradoura da Ucrânia.”
O Presidente ucraniano saudou o compromisso assumido pelos 26 países, que considerou "o primeiro avanço concreto sério” "pela primeira vez em muito tempo”.
Volodymyr Zelensky acusou mais uma vez Moscovo de não contribuir para que uma reunião a dois com o presidente russo aconteça.
"A reunião [com a Rússia] é necessária. Não é uma questão de desejo, é uma necessidade. Apoiamos a reunião em qualquer formato, tanto trilateral como bilateral. Acredito que a Rússia está a fazer tudo o que pode para adiar esta reunião”, acusa.
Rússia acusa europeus de "atrapalharem" a resolução do conflito
Putin disse esta semana que Zelensky poderia ir a Moscovo se houvesse perspetiva de um resultado favorável. Zelensky tem repetidamente pedido uma reunião cara a cara com Putin.
Ontem, o Presidente ucraniano sublinhou que a Rússia tem rejeitado todas as iniciativas de paz e não demonstra "vontade” de "acabar com a guerra”. Para a tão almejada paz, o líder russo exige que a Ucrânia ceda territórios e renuncie o apoio ocidental e a adesão à NATO, condições que Kiev considera inaceitáveis.
A Rússia acusou esta sexta-feira (05.09) os estados europeus de "atrapalharem" a resolução do conflito na Ucrânia, um dia depois de 26 países se terem comprometido com uma "força de segurança" em caso de acordo de paz.
"Os europeus estão a obstruir a resolução na Ucrânia. Não estão a contribuir", disse o porta-voz da Presidência da Rússia. Em entrevista ao jornal russo Izvestia, Dmitry Peskov acusou a Europa de "continuar as tentativas" de tornar a Ucrânia "o centro de tudo o que é antirrusso".