Semanas antes do Mundial da Rússia, algumas questões ainda permanecem sobre a equipa do país anfitrião. Houve doping no futebol russo? Algumas indicações sugerem que sim, mas nada está comprovado ainda.
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O jornalista investigativo alemão e "caçador de doping", Hajo Seppelt, poderá finalmente viajar para a Rússia. Seu visto para o país do Mundial 2018 foi aprovado – após uma intervenção do Governo alemão – depois de Seppelt ter sido declarado persona non grata em território russo, o que impediria a sua viagem para o torneio. No entanto, este pode não ser o fim da história.
É bem provável que Seppelt seja questionado por um comité de investigação russo logo à chegada se ele realmente for para o Mundial. O comité disse que quer informações relativas à sua investigação sobre Grigory Rodchenkov, o ex-chefe da agência antidoping de Moscovo, que foi um dos principais denunciantes em um documentário transmitido pela emissora pública alemã ARD em janeiro.
As reportagens de Seppelt e seus colegas em outros países levaram atletas da Rússia a serem banidos das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, e a Rússia competiu sob uma bandeira neutra nas Olimpíadas de Inverno em Pyeongchang este ano. O Comité Olímpico Internacional (COI) emitiu proibições permanentes a 19 atletas russos no ano passado. A investigação de Seppelt revelou evidências de que o país trocou sistematicamente testes positivos de doping por amostras limpas nas Olimpíadas de Inverno de 2014, em território nacional, em Sochi.
E a equipa de futebol?
De acordo com as conclusões da FIFA publicadas há 10 dias, os jogadores da equipa provisória do Mundial da Rússia não são conhecidos por terem falhado em qualquer teste de doping.
No entanto, Richard McLaren, autor do relatório de 2016 que apoiou as descobertas de Seppelt e seus colegas, disse que parece provável que a Rússia tenha empregado um sistema similar no futebol. Em Sochi, segundo o relatório da McLaren, os testes de doping falhados foram trocados por amostras limpas, com a Rússia aparentemente tendo um banco de urina limpo. A Agência Mundial Antidoping (WADA) informou à FIFA no final do ano passado que das 157 amostras de doping de futebolistas russos que analisou, 34 poderiam ter sido manipuladas.
Um artigo publicado no semanário britânico The Mail on Sunday informou que todos da equipa russa do Mundial de 2014 estavam em uma lista de mil atletas cujos testes de doping foram adulterados por ordem do Ministério do Esporte da Rússia. O vice-primeiro-ministro Vitaly Mutko, que não é mais ministro dos Esportes da Rússia, criticou o relatório na época.
A FIFA informou que não encontrou evidências anteriores de testes de doping fracassados contra a equipa atual russa e que encerraria a sua investigação. Entretanto, outros jogadores russos continuam sob investigação.
Críticas
Seppelt disse à ARD que não ficou impressionado com as conclusões da FIFA: "Perguntamos à FIFA nas últimas semanas se testaram as amostras suspeitas de todas as substâncias proibidas e de todos os métodos proibidos", disse Seppelt. "Mas ainda não recebemos uma resposta. Somente assim seus testes terão algum significado real".
Outro pesquisador alemão de doping, Werner Franke, também se mostrou cético. "Isso é corrupção institucional, mas é claro que isso permeia toda a história da FIFA", disse Franke à DW. "No futebol isso tudo foi feito antes, mas nada foi investigado. Por exemplo, no caso da Juventus [na década de 1990], quando as investigações foram prolongadas até que os processos prescrevessem. Pouco antes de um Mundial, as alegações de doping seriam uma distração indesejável".
Em uma visita à Rússia em dezembro, o presidente da FIFA, Gianni Infantino, disse que não tinha interesse na discussão sobre doping sem antes ter a prova de qualquer irregularidade.
"A FIFA não participa de qualquer especulação sobre qualquer situação", disse Infantino. "Até agora, todos os testes que fizemos - seja no Mundial de 2014, na Copa das Confederações, nos campeonatos europeus, em competições de clubes - foram negativos. E esses testes não foram realizados na Rússia. Todos os testes foram realizados fora da Rússia, por não-russos".
Infantino concluiu que a posição da FIFA era clara e inalterada: "Se alguém cometer uma infração de regra ou for pego no exame antidoping, haverá sanções".
Mundial de futebol na Rússia 2018: os estádios
De 14 de junho a 15 de julho de 2018 tem lugar na Rússia o Mundial de Futebol. Fique agora a conhecer os 12 estádios em 11 cidades, incluindo Moscovo, São Petersburgo, Sochi e Kazan, que acolhem a "nata" do futebol.
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Estádio Lujniki, Moscovo
As cerimónias de abertura e encerramento do Mundial 2018 terão lugar neste estádio, assim como uma das semi-finais. A casa da seleção nacional russa tem capacidade para 81 mil pessoas. O Estádio Lujniki, que foi remodelado para o Mundial de Futebol, já recebeu a final de uma Liga dos Campeões e foi palco dos Jogos Olímpicos de Verão.
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Estádio de São Petersburgo
O recinto do Zenit de São Peterburgo acolhe 68 mil pessoas. Provavelmente estará com lotação esgotada quando receber uma das semi-finais e o jogo para o terceiro lugar. O estádio será também foco de atenções em partidas nas anteriores fases. A Taça das Confederações 2017 teve lugar também no Estádio de São Petersburgo.
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Arena Ecaterimburgo
Tem hoje um ar moderno, mas a Arena de Ecaterimburgo tem um longo passado. Construído em 1953, o estádio foi remodelado em 2018 a pensar no Campeonato do Mundo. Com capacidade para 35 mil pessoas, o estádio é a casa do FC Ural, da primeira divisão russa. Ecaterimburgo é a cidade mais a leste entre as anfitriãs do Mundial.
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Arena Rostov
Com capacidade para 45 mil espectadores, este foi um dos novos estádios construídos especificamente para o Campeonato do Mundo. Aqui vão jogar-se quatro partidas da fase de grupos e uma dos 16 avos de final. Depois do Mundial, a Arena Rostov continuará a ter vida: será a nova casa do FC Rostov.
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Arena Volgogrado
Este estádio foi construído no mesmo lugar do antigo Estádio Central de Volgogrado, próximo do rio Volga. Durante os jogos que irá acolher na fase de grupos, poderá receber 45 mil pessoas. Depois do Mundial da Rússia 2018, passará a ser o estádio do Rotor Volgogrado, atualmente na segunda divisão. A cidade de Volgogrado era conhecida como Estalinegrado.
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Estádio Níjni Novgorod
Também este estádio foi feito de raiz para o Mundial de Futebol. Vai receber jogos da fase de grupos, uma partida dos 16 avos de final e outra dos quartos de final. O Olimpiyets Níjni Novgorod, da segunda divisão russa, terá depois aqui o seu relvado principal. Mas as autoridades locais já anunciaram que o recinto, com 45 mil lugares sentados, poderá vir a ser utilizado para outros eventos.
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Estádio de Kaliningrado
Este é o único recinto do Campeonato do Mundo localizado num exclave do território russo. Kaliningrado fica localizado num território entre a Polónia e a Lituânia. Foi concebido propositadamente para o Mundial para receber no máximo 35 mil pessoas, e depois deverá será reduzido para se tornar no lar do Baltika Kaliningrado, da segunda divisão.
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Arena Mordóvia
O arquiteto alemão Tim Hupe projetou este novo estádio com 44 mil lugares que vai ser palco de encontros na fase de grupos. Depois do Mundial, o anel superior será desmantelado e o estádio vai ser entregue ao clube Mordóvia Saransk, da terceira divisão.
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Arena Samara
Este estádio, com capacidade para 44 mil lugares, foi construído para o Mundial de Futebol numa ilha a sul de Samara, onde não existia antes qualquer infraestrutura. É aqui que a seleção russa vai jogar o último desafio da fase de grupos. Uma partida dos 16 avos de final e outra dos quartos de final terão também lugar neste estádio, que será depois do Krylya Sovetov, equipa da segunda divisão.
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Estádio Spartak
Apesar de ter sido palco da Taça das Confederações, o Estádio Spartak, com 45 mil lugares, é apenas utilizado em quatro jogos da fase de grupos e numa partida das eliminatórias. Reaberta em 2014, a arena é casa do Spartak Moscovo. Apesar de ser um dos clubes mais conhecidos da Rússia, o Spartak teve de esperar muitos anos para ter o seu próprio estádio.
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Arena Kazan
Um dos palcos da Taça das Confederações vai albergar partidas dos quartos de final, de 16 avos e quatro jogos da fase de grupos do Mundial 2018. O Presidente russo, Vladimir Putin, colocou a primeira pedra do estádio, inaugurado em 2013, que tem atualmente 41.585 lugares. É o recinto do Rubin Kazan.
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Estádio Olímpico de Fisht
Com capacidade para 41.220 pessoas, este estádio foi construído para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014. Uma parte do telhado foi removida a pensar no Mundial de Futebol, em 2018. A bola vai rolar neste relvado em quatro jogos da fase de grupos, um dos 16 avos e outro dos quartos de final.