Quénia: Deslizamentos e inundações deixam 34 mortos
AP | AFP | Reuters | cvt
23 de novembro de 2019
Fortes chuvas desencadearam inundações que mataram pelo menos 34 pessoas no oeste do Quénia, incluindo 29 pessoas que teriam sido soterradas por deslizamentos de terra, informaram as autoridades este sábado (23.11).
Publicidade
O secretário do Ministério do Interior, Fred Matiangi, disse que 17 pessoas morreram num deslizamento de terra na aldeia de Takmal, enquanto outras 12 perderam a vida em deslizamentos de terra nas aldeias de Parua e Tapach, no condado de West Pokot.
"Doze corpos foram recuperados, e uma busca por mais está em andamento”, explicou o comissário de West Pokot, Apollo Okello, acrescentando que outras cinco pessoas morreram quando o carro em que estavam foi arrastado na estrada entre Kitale e Lodwar, depois de dois rios terem transbordado.
Okello disse ainda que duas crianças foram retiradas vivas dos destroços esmagados de suas casas cobertas de lama.
"Elas foram levadas para o hospital", concluiu.
Fred Matiangi disse ainda que o Governo enviou helicópteros militares e policiais para ajudar as pessoas afectadas pelas inundações, mas a dimensão da catástrofe ainda não está clara.
Jovem zambiana luta contra as alterações climáticas
03:35
"Embora os esforços de resgate e recuperação continuem a ser a prioridade, uma avaliação da extensão dos danos causados continua a ser um desafio, devido a condições climáticas adversas", disse ele.
"Toda a aldeia corre o risco de ser dizimada pelas inundações", acrescentou o governador do condado, John Lonyangapuo.
Lonyangapuo acrescentou ainda que mais de 500 veículos encontram-se presos em estradas danificadas pelos deslizamentos de terra.
Chuva intensa na afeta África Oriental
Mais de um milhão de pessoas na África Oriental foram afetadas por inundações depois de chuvas mais intensas que o normal.
O Comitê Internacional de Resgate informou este mês que muitas pessoas estavam a se recuperar de uma seca severa. Agora, chove em partes da Somália, onde milhares ficaram desalojados, e do Sudão do Sul, onde cidades inteiras ficaram submersas. Tambüem foram registadas mortes na Etiópia e na Tanzânia. No Quénia, estão previstas chuvas para mais quatro a seis mais semanas.
Estas últimas mortes no Quénia elevam para 55 o número de pessoas que morreram num mês e meio devido a causas relacionadas com inundações.
As chuvas torrenciais são incomuns nesta época do ano.
Ilha do Ibo: de paraíso turístico ao caos
O ciclone Kenneth devastou partes de Moçambique no final de abril. Devido às fortes chuvas, muitas áreas ficaram isoladas, entre as quais, a ilha do Ibo, uma das mais afetadas. A ajuda começa a chegar, mas lentamente.
Foto: DW/A. Kriesch
Destruição maciça
O Ibo, no norte de Moçambique, é o lar de milhares de pessoas e foi também uma das áreas mais afetadas pela passagem do ciclone Kenneth em Moçambique. Quase todas as casas da ilha foram destruídas ou severamente danificadas pelo ciclone.
Foto: DW/A. Kriesch
Casas destruídas, vida em pedaços
"Eu perdi tudo", conta Njamu Shabani à DW África, enquanto pendura os seus lençóis para secar entre os escombros. "Minha geladeira, TV, tudo," enumerou.
Ela e a sua família não sabem o que virá a seguir. "Eu não tenho sequer o que comer. Eu não sei como posso continuar," lamentou.
Foto: DW/A. Kriesch
Abrigos de emergência improvisados
Shabani e sua família agora vivem nesta cabana improvisada. À DW, esta habitante diz esperar que o Governo forneça em breve alguma compensação. O Presidente Filipe Nyusi visitou o Ibo na passada quarta-feira (01.05), mas a chegada da ajuda à ilha tem sido lenta.
Foto: DW/A. Kriesch
Culpa do mau tempo
A ajuda está a chegar muito lentamente ao pequeno aeroporto do Ibo. A entrega de alimentos só começou na quinta-feira (02.05), devido ao mau tempo. Tem chovido todos os dias desde que o ciclone passou pela região, o que muitas vezes impossibilita a deslocação dos voos de socorro da parte continental de Moçambique, que fica apenas a cerca de oito quilómetros da ilha.
Foto: DW/A. Kriesch
Sem plantações não há colheita
O ciclone Kenneth e as fortes chuvas que se seguiram destruíram os campos da ilha. Alguns ainda estão inundados. O Ibo está com sorte - a água está a recuar na ilha, no entanto, o continente moçambicano ainda corre o risco de sofrer mais inundações.
Foto: DW/A. Kriesch
Meios de subsistência destruídos
Desde a passagem do ciclone Kenneth, os 6.000 habitantes da ilha têm que se defender contra a fome. Muitos aqui dependem da pesca, mas o ciclone levou ou destruiu muitos dos seus barcos de pesca. Os manguezais também foram assolados e os peixes expulsos, disseram os pescadores do Ibo.
Foto: DW/A. Kriesch
Consertar barcos danificados
"A tempestade levou o meu barco para longe no mar", disse o pescador Yusuf Abedi. "Acabei por encontrá-lo há dois dias com a ajuda amigos e trouxe-o de volta", revelou. Yusuf disse que está a tentar consertar o barco. "Espero que funcione para que possa ir pescar novamente," acrescentou.
Foto: DW/A. Kriesch
Destino de férias sem turistas
O Hotel Miti Miwiri fica mesmo ao lado da praia. Era considerado um excelente destino de férias, mas foi também afetado, tendo, atualmente, várias mangueiras caídas pela propriedade. Uma palmeira desabou mesmo sobre o seu telhado. "O turismo vai ficar de fora nos próximos meses", disse o proprietário Jörg Salzer à DW África.
Foto: DW/A. Kriesch
Alguma normalidade
Salzer vive na ilha há mais de 10 anos. "Ainda estou um pouco chocado. A minha casa também colapsou. Quase não tenho o que vestir", disse o dono do hotel, acrescentando estar a fazer o seu melhor para transmitir ao seu pessoal que a vida continua. Salzer e a sua equipa conseguiram assistir à semifinal da Liga dos Campeões na quarta-feira (01.05) - um pouco de normalidade na sequência do ciclone.