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Quénia há um ano sem usar sacos de plástico

Bettina Thoma-Schade | vct
3 de setembro de 2018

Fez um ano que o Governo queniano tentou parar os efeitos negativos do uso dos sacos de plástico proibindo o uso dos mesmos. Lei prevê multas e até penas de prisão para incumpridores.

James Wakibia, o mentor da campanha que chamou a atenção para a poluição causada por sacos de plástico no QuéniaFoto: James Wakibia

James Wakibia foi o grande impulsionador do movimento para libertar o Quénia dos sacos de plástico, quando lançou uma campanha nas redes sociais em 2015 a favor da proibição destes produtos. Hoje, reconhece que, ao contrário de muitos países, Quénia "deu um corajoso passo" ao banir os sacos de plástico.

Muitos dos outros governos não têm coragem de dar este passo porque estão muito ligados à indústria. De facto, as críticas mais fortes a esta proibição saem da indústria.  O presidente da Associação de Fabricantes do Quénia, Sachen Gudka, diz que 170 empresas de produção de sacos de plástico fecharam, o que fez com que se perdessem 60 mil postos de trabalho. Além disso, Gudka queixa-se que o governo não deu tempo suficientemente à indústria para reagir a esta proibição.

Quénia há um ano sem usar sacos de plástico

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"O período de aviso que deram, seis meses, foi curto para se tomarem decisões sobre investimento e realocação de recursos. Não foi dado tempo para planear. Os investidores enfrentam a incerteza, o que acarreta problemas para os fabricantes, quando é dado tão pouco tempo", diz.

Multas até 32 mil euros ou penas de prisão até quatro anos podem ser as consequências para quem ignorar a proibição de sacos de plástico. Esta é, aliás, uma das leis mais rigorosas no que diz respeito à proibição de sacos de plástico, pois não proíbe apenas o seu uso mas também o fabrico e a comercialização.

Lei divide opiniões

No mercado de Kangemi, na zona oeste de Nairobi, no Quénia, como em tantos outros do país, não se vai encontrar sacos de plásticos, uma vez que foram banidos há um ano. Os clientes podem, por outro lado, comprar coloridos sacos reutilizáveis, que têm um custo de cerca de vinte cêntimos, dez vezes mais que o custo de um saco de plástico. Por isso, muitos trazem os seus sacos reutilizáveis de casa.

"Lido bem com esta proibição e sinto que o Governo deveria trabalhar para que embalagens de plástico que ainda existem possa ser eliminadas", diz Wilfred Mwiti, cliente regular deste mercado.

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02:18

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Mas nem toda a gente se adaptou facilmente à nova realidade. Martha Ndinda, que vende batata-doce no mercado, compreende as vantagens para o ambiente, mas defende que o plástico garantia maior qualidade aos produtos.

"Costumava vender a batata-doce em sacos de plásticos, para ficarem frescas durante mais tempo. Agora, secam mais rapidamente", conta.

Balanço

Apesar da proibição, um ano depois ainda é possível ver montes de sacos de plástico usados pelas ruas. Mas os trabalhadores da autoridade ambiental do Quénia dizem que a proibição de sacos de plástico tem sido um grande sucesso.

O mercado de Kangemi é um mercado livre de sacos de plásticoFoto: Bettina Thoma-Schade

"No início, foi um desafio. As pessoas perguntavam-se como poderiam carregar as coisas. Fomos capazes de demonstrar como se podia continuar os negócios e atividades sem os sacos de plásticos, e, assim, mudar comportamentos e aceitação", afirma Betty Nzioka, da Autoridade de Gestão Ambiental do Quénia.

Apesar das críticas, a Autoridade de Gestão do ambiente espera que o Quénia seja um exemplo para África. Até porque continua a haver importação ilegal de sacos de plásticos, por exemplo, vindos do vizinho Uganda, algo que esta autoridade quer também combater.

Outros países africanos como Marrocos, Ruanda ou Tanzânia também já impuseram proibições contra sacos de plástico. 

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