Primeiro satélite de fabricação própria do país é obra de cientistas da Universidade de Nairobi, apoiados por especialistas japoneses. Foi lançado de Tsukuba, no Japão, esta sexta-feira (11.05).
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O Quênia lançou no espaço o seu primeiro satélite de fabricação própria, esta sexta-feira (11.05), desde o Centro Tsukuba, que pertence à Agência Espacial do Japão em Tóquio.
O nanossatélite, um cubo denominado 1KUNS-PF pesa 1,2 kg e mede dez centrímetros de comprimeiro e dez de altura, é capaz de fornecer observação terrestre limitada e transmissão de áudio.
O aparelho é obra de cientistas da Universidade de Nairobi, apoiados por especialistas da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), entre outros.
A equipe esperava "fazer história" ao se aventurar na ciência espacial, disse o vice-chanceler da universidade, Peter Mbithi.
Utilidade do satélite
Espera-se que o 1KUNS-PF esteja em órbita em 18 meses a cerca de quatro mil quilômetros da Terra. O satélite será usado em setores como previsão meteorológica, vigilância da vida selvagem, elaboração de mapas de segurança alimentar e gestão de desastres naturais.
O nanossatélite "leva duas poderosas câmeras e microfones, que ajudarão a captar imagens e gravar sons antes de postá-los na internet", explicou o professor da Escola de Engenharia da Universidade de Nairobi, Mwangi Mbuthia.
A ministra queniana de Educação, Amina Mohamed, descreveu o lançamento do satélite, que custou cerca de 834 mil euros, como um dos mais "notáveis desenvolvimentos científicos do nosso tempo".
NA África subsaariana, apenas Gana, Nigéria e África do Sul contam com satélites em operação no espaço.
Se o vôo for bem sucedido, os cientistas da Universidade de Nairobi planejam desenvolver satélites maiores e de alta resolução "com sérios valores científicos e tecnológicos para o país", de acordo com uma declaração divulgada.
O Quênia agora espera lançar seu próprio programa espacial - ao custo de 500 mil a um milhão de dólares por ano -, segundo a universidade.
Os satélites comerciais têm um potencial económico considerável para o Quênia, incluindo mapeamento e uso do solo, previsão do tempo, mapeamento da segurança alimentar, gestão de desastres, monitoramento de fronteiras e da costa, manejo e monitoramento da vida selvagem.
Os cientistas quenianos já estão a colaborar com o Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior, a Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA) e a Universidade de Roma, na Itália, para impulsionar a inovação no Quênia.
Dessalinização de água com tecnologia europeia em Cabo Verde
Em Cabo Verde, as reservas naturais de água são escassas e a estação chuvosa dura apenas três meses por ano. Governo aposta na dessalinização da água do mar para abastecer a população. Mais de 55% da produção perde-se.
Foto: DW/C. Teixeira
Água fresca para os cabo-verdianos
Em Cabo Verde, a dessalinização garante água fresca para cerca de 80% da população. O país aposta no sistema de osmose inversa para produzir água doce. A Electra, Empresa Pública de Electricidade e Água, é responsável pela produção e distribuição da água dessalinizada nas ilhas de São Vicente, Sal e na Cidade da Praia. Na foto, visão parcial da central dessalinizadora da Electra na capital.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Dessalinização por osmose inversa
O processo de dessalinização por osmose inversa é uma moderna tecnologia de purificação da água que consiste em diversas etapas de filtragem. Logo após a captação, a água do mar passa pelos filtros de areia, que têm por finalidade eliminar impurezas e resíduos sólidos maiores. Na foto, os dois grandes cilindros são os filtros de areia de uma das unidades de dessalinização na Cidade da Praia.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Várias etapas de filtragem
Depois, a água é novamente filtrada, desta vez por micro filtros. Os dois cilindros azuis que se podem ver na foto possuem uma alta eficiência na remoção de resíduos sólidos minúsculos - como moléculas e partículas. Essas duas pré-filtragens preparam a água para passar pelo processo de osmose inversa.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Sob alta pressão
O aparelho azul (na foto) é uma bomba de alta pressão. Aplica uma forte pressão na água do mar, que é distribuída pelos cilindros brancos. No interior, encontram-se membranas semipermeáveis por onde a água é forçada a passar. Neste processo de filtragem, consegue-se a retenção de sais dissolvidos. Obtém-se a água doce e a salmoura - solução com alta concentração de sal - que é devolvida ao mar.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Volume do abastecimento
Na Cidade da Praia, funcionam duas unidades dessalinizadoras da Electra, com capacidade para produzir 15.000m3 de água doce por dia. Pelo menos 60% da população da capital recebe a água dessalinizada da Electra. Na foto, uma visão parcial da unidade mais moderna de Santiago, em funcionamento desde 2013. A Electra é reponsável pelo abastecimento de água de mais de metade da população do país.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Controlo de qualidade
A água doce produzida é analisada num laboratório onde é feito o controlo de qualidade. De acordo com a Electra, a transferência da água para consumo só é autorizada se apresentar as condições estabelecidas nos protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na foto, a engenheira bioquímica Elisângela Moniz mostra as placas utilizadas para a contagem de coliformes totais e fecais.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Moderna tecnologia europeia
Cabo Verde utiliza tecnologias europeias, espanhola e austríaca, para a dessalinização da água do mar. Na foto, o reservatório de água da empresa austríaca Uniha, que tem capacidade para armazenar 1.500 m3 de água. A água dessalinizada não fica parada aqui: é constantemente bombeada para os reservatórios de distribuição existentes ao longo da Cidade da Praia.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Grandes perdas
Esses equipamentos são responsáveis por bombear a água para os tanques de distribuição da Cidade da Praia. No entanto, cerca de 55% de toda a produção é perdida durante este processo. As perdas são causadas por fugas de água em tubulações e reservatórios antigos para onde a água é enviada antes de chegar ao consumidor.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Desafios e esforços para produzir água
O engenheiro António Pedro Pina, diretor de Planeamento e Controlo da Electra, diz que os maiores desafios da empresa são "garantir a continuidade na produção, estabilidade na distribuição e combater as perdas que, neste momento, estão em cifras proibitivas". Pina defende, no entanto, que "tem sido feito um esforço enorme para garantir a continuidade da distribuição da água" em Cabo Verde.
Foto: DW/C.V. Teixeira
Recurso natural abundante
Terminado o processo de dessalinização, a água com alta concentração de sal, denominada salmoura, é devolvida ao mar. Composto por 10 ilhas, o arquipélago cabo-verdiano encontra-se cercado por uma fonte inesgotável para a produção de água potável. Os cabo-verdianos têm assim o recurso natural abundante para garantir à população o abastecimento de água dessalinizada e limpa, constantemente.
Foto: DW/C. V. Teixeira
Preço da água ainda é alto
A água dessalinizada pela Electra em Santiago abastece os moradores da Cidade da Praia. Na foto, moradores do bairro Castelão, na capital cabo-verdiana, compram água no chafariz público - um dos poucos que ainda restam no país. Cada bidão de cerca de 30 litros de água custa 20 escudos cabo-verdianos (cerca de 0,20 euros). O valor é considerado alto por muitos cabo-verdianos.