Os quenianos elegeram Uhuru Kenyatta para um segundo mandato presidencial. Com a carreira cheia de altos e baixos, o filho do fundador da nação é um especialista no jogo da política.
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O vencedor das eleições presidenciais do Quénia tem um nome famoso: Uhuru Muigai Kenyatta.Ele é filho do fundador da nação e primeiro Presidente, Jomo Kenyatta, que governou o país de 1964 a 1978. Os Kenyattas são kikuyu, o maior grupo étnico queniano. Os kikuyu dominam a política e a economia do Quénia. Uhuru significa "liberdade" em Kiswahili e o novo Presidente não recebeu esse nome por acaso. Kenyatta nasceu em 26 de outubro de 1961, durante a luta pela independência.
Ele cresceu em Nairobi, começou a trabalhar para o banco Kenyan KBC e depois estudou economia e ciências políticas nos Estados Unidos. Ao retornar, juntou-se ao império comercial de seu pai. Sua primeira experiência na política foi em 1996, quando o Chefe de Estado Daniel arap Moi o nomeou presidente de uma ala do então partido no poder, a União Nacional Africana do Quénia (KANU, sigla em inglês).
Fantoche de Moi
Em 1997, Kenyatta concorreu a um assento parlamentar no distrito de Gatundu, que já foi representado por seu pai, mas perdeu depois que Moi o nomeou diretor da Autoridade de Turismo. Em 2001, ele ganhou um assento na Assembleia Nacional. No mesmo ano, assumiu o Ministério do Governo Local. Quando Daniel arap Moi decidiu abandonar o poder, escolheu Kenyatta, de 39 anos, como candidato do partido para a Presidência, uma jogada que surpreendeu muita gente.
Moi perdeu sua aposta. Diante de um candidato inexperiente, que foi considerado por muitos como o fantoche do ex-presidente, a oposição ganhou força. Funcionários descontentes da KANU também trocaram de lado e apoiaram Mwai Kibaki, um kikuyu como Kenyatta. Kibaki venceu as eleições de 2002 e Kenyatta encontrou-se na oposição.
Manobras políticas
Cinco anos depois, Kenyatta decidiu não correr novamente e optou por apoiar o Presidente Kibaki, que estava numa disputa acirrada com Raila Odinga. Quando a Comissão Eleitoral declarou Kibaki o vencedor, os apoiantes de Odinga suspeitaram de fraude.
Divisões étnicas levaram à violência. Nos meses seguintes, milhares de pessoas morreram. Kenyatta foi acusado de incitar a violência contra o grupo étnico Luo de Odinga e teve que comparecer perante o Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia.
O que se viu nos anos seguintes foi uma masterclass de manobras políticas. Kenyatta aliou-se a William Ruto, que havia sido acusado pelo TPI como o autor intelectual da violência contra a etnia de Odinga. Os aliados disseram que os procedimentos judiciais eram uma desculpa do Ocidente para influenciar a política queniana. Isso garantiu-lhes a vitória eleitoral contra Raila Odinga em 2013. Como presidente e vice-presidente, eles não tiveram dificuldades em retirar as acusações do TPI, especialmente porque não havia testemunhas.
Em seu primeiro mandato como Presidente, Kenyatta apresentou um plano de desenvolvimento nacional chamado "Visão 2030", que incluiu atendimento médico gratuito para mulheres grávidas, educação primária universal e computadores portáteis para todos os alunos. Mesmo que nem tudo tenha sido implementado, Kenyatta conseguiu aumentar seu apoio no país.
Ele foi criticado por excessivas de viagem ao exterior, incluindo 43 visitas de Estado em seu primeiro mandato. A dupla Uhuruto – Kenyatta e Ruto –, como são chamados no país, agora tem mais uma chance. De acordo com a constituição, este será o último mandato de Kenyatta.
Primeiras-damas em África: O amor ao poder
Não são eleitas pelo povo, mas têm muito poder. Algumas têm mesmo ambições presidenciais. Apresentamos-lhe algumas primeiras-damas africanas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Hutchings
Exuberante: Ana Paula dos Santos
Ana Paula dos Santos trabalhou como modelo e hospedeira de bordo. Conheceu o marido, o Presidente angolano José Eduardo dos Santos, a bordo do avião presidencial. Alguns gostam dela pelo seu empenho em causas femininas e infantis, outros criticam-lhe o estilo de vida luxuoso.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Novais
De ridicularizada a temida: Grace Mugabe
Durante muito tempo manteve-se nos bastidores. Teve dois filhos de Robert Mugabe quando ele ainda era casado com a primeira mulher. Só após a morte desta é que o Presidente casou com a sua antiga secretária. Hoje Grace Mugabe tem muita influência no partido no poder. Ainda que o negue, Grace, de 51 anos, é tida como sucessora do seu marido de 92 anos.
Foto: Getty Images/AFP/A. Joe
Estimada: Margaret Gakuo Kenyatta
Os quenianos adoram a sua primeira-dama. Margaret Gakuo Kenyatta promove campanhas de saúde maternal. A sua campanha para a redução da mortalidade infantil despertou muitas consciências para o tema. Gakuo é tida como modesta e discreta. É filha de um empresário do setor ferroviário e de uma alemã. É casada desde 1991 com o Presidente Uhuru Kenyatta.
Foto: imago/Xinhua
Discreta: Aisha Buhari
Os nigerianos foram surpreendidos pela positiva quando Aisha Buhari disse que respeitaria a Constituição e não se envolveria na política. Depois de ter tomado posse, o seu marido Muhammadu Buhari acabou com o posto de primeira-dama, por ser um desperdício de fundos públicos, inconstitucional.
Foto: Getty Images/AFP/P. U. Ekpei
Mulher fatal? Dominique Ouattara
Dominique Ouattara sempre gostou de se relacionar com os poderosos. Quando conheceu Alassane Ouattara, no final dos anos 80, já tinha feito carreira como agente imobiliária. Através do casamento a empresária de sucesso ascendeu à primeira liga dos poderosos, na Costa do Marfim. Entretanto ocupa-se de questões ligadas aos direitos das crianças.
Foto: Getty Images/AFP/S. Kambou
A eterna primeira-dama: Janet Museveni
Janet Museveni celebra 30 anos como primeira-dama, o que faz dela a mais antiga no cargo no continente africano. Depois da controversa vitória do marido, Yoweri Museveni, em fevereiro de 2016, Janet Museveni deverá permanecer ainda longos anos como primeira-dama. A mãe de quatro filhos é deputada desde 2006 e em 2009 foi nomeada ministra para a região de Karamoja, no nordeste do Uganda.
Foto: Imago/Xinhua
A conservadora: Marieme Faye Sall
A primeira-dama senegalesa Marieme Faye Sall (à direita com Michelle Obama) é a primeira senegalesa "genuína" a ocupar a posição, todas as anteriores tinham ascendência francesa. Marieme é descrita como uma dona de casa dedicada que não se intromete na política do marido, Macky Sall. O seu estilo de vida conservador vale-lhe muitas críticas.
Foto: Getty Images/AFP/S. Diallo
Atenciosa: Marie Olive Lembe
Foi noiva durante muitos anos do Presidente congolês Joseph Kabila. Em 2006 tornou-se primeira-dama. Marie Olive Lembe di Sita tem dois filhos e é muito amiga da irmã gémea do Presidente, que é tida como braço direito deste. A República Democrática do Congo acaba por ter desta forma duas primeiras-damas.
Foto: Imago/Reporters
Quem é a primeira-dama da África do Sul?
Em 2008, Jacob Zuma começou uma maratona de casamentos. Em quatro anos casou com três mulheres: Nompumelelo Zuma, Thobeka Zuma e Bongi Ngema-Zuma. Além destas três há ainda a esposa de longos anos Sizakelle Zuma. Os críticos dizem que a grande família presidencial custa aos contribuintes uma fortuna. A atual presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma, é ex-mulher de Zuma.