Quénia: Odinga insiste em reforma na comissão eleitoral
AP | tms
17 de setembro de 2017
O líder da oposição queniana diz que a sua aliança não participará das novas eleições - a 17 de outubro - caso o pleito seja organizado pela comissão eleitoral atual.
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No Quénia, o líder da oposição Raila Odinga afirmou neste domingo (17.09) que a Super Aliança Nacional (NASA, sigla em inglês) vai liderar uma campanha para pedir reformas na comissão nacional eleitoral antes da realização do novo pleito – agendado para o dia 17 de outubro .
Odinga voltou dizer que não participará das eleições se a atual comissão eleitoral for responsável pelo processo. Entre as reformas defendidas pelo líder da oposição está a demissão de altos funcionários daquele órgão, a quem ele acusa de fraude eleitoral.
Falando aos seus apoiantes em Nairobi, Raila Odinga disse que "aqueles que perpetraram ilegalidades e irregularidades nas eleições anuladas permanecem na comissão, afirmando estarem preparados para as próximas eleições", fazendo referência às eleições de 8 de agosto, anuladas pelo Supremo devido a irregularidades.
"Estamos prontos para as eleições, mesmo amanhã, mas não vamos às eleições com uma comissão eleitoral comprometida", ressaltou Odinga, acusando a comissão eleitoral de trabalhar para o partido Jubileu, do Presidente Uhuru Kenyatta.
"O IEBC (a comissão eleitoral) e o Jubileu são parceiros de crime", disse Odinga. "Eles precisam uns dos outros. Se o Jubileu estiver no poder, protegerá os co-conspiradores e fraudadores no IEBC. Esses funcionários do IEBC têm todas as razões para proteger o Jubileu como sua única fonte de proteção", acusou.
O Presidente Uhuru Kenyatta defendeu que a comissão eleitoral não deve ser alterada e ele mesmo alertou o judiciário para não interferir.
"Empresas envolvidas em fraude eleitoral"
Além da reforma nos quadros do órgão eleitoral, Odinga também quer a desqualificação da empresa francesa OT-Morpho, responsável por fornecer os equipamentos para transmitir os resultados eleitorais.
A oposição alega que foram usados apenas dois dos mais de 40 mil kits para a transmissão dos resultados das eleições de 8 de agosto, e que a equipe da empresa pode ser cúmplice da fraude eleitoral.
Odinga também disse que a empresa de impressão Al Ghurair deveria ser dispensada. Segundo o líder da NASA, o Supremo Tribunal descobriu que algumas das formas impressas que eram utilizadas para transmitir resultados presidenciais não possuíam segurança, tais como números de série e marcas d'água, que deveriam evitar fraudes.
Política e controvérsia nas eleições do Quénia
A campanha eleitoral no Quénia acaba de se tornar ainda mais complicada do que já era com a formação da Super Aliança Nacional (National Super Alliance – NASA), que almeja derrotar o partido no Governo.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
NASA tenta derrotar o partido no poder
A aliança da oposição, NASA, nomeou o ex-primeiro ministro Raila Odinga candidato à presidência. Trata-se, com grande probabilidade, da última tentativa de Odinga, um opositor veterano de 72 anos, de ser eleito Presidente, após três candidaturas falhadas. A NASA esforçou-se por nomear um candidato passível de angariar votos dos principais grupos étnicos.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
A recruta de novos membros de áreas chave
A NASA quer derrotar o Presidente em exercício, Uhuru Kenyatta, que concorre pela segunda e última vez pela sua formação política, Jubilee Party. Recentemente, a aliança ganhou um novo co-presidente na pessoa do governador de Bomet, Isaac Ruto. O dirigente do sudoeste do país garante à NASA o apoio do Vale de Rift, a maior província do país.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Eleições no décimo aniversário de violência política
As eleições gerais quenianas realizam-se em 18 de agosto de 2017. Este ano, cerca de 19 milhões de quenianos recensearam-se para votar, embora ainda decorra um inquérito para eliminar da lista os eleitores entretanto falecidos. As eleições realizam-se dez anos após um sufrágio que desencadeou uma onda de violência, que resultou em mais de mil mortos e centenas de milhares de deslocados.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Número inesperado de eleitores
O número elevado de eleitores que se apresentou nas mesas de voto para eleger o candidato à presidência do partido governamental, obrigou ao adiamento do voto. O Jubilee Party não estava preparado para tantos eleitores, e teve que providenciar mais boletins de votos, antes de continuar a votação poucos dias mais tarde.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Violência eleitoral
As eleições deste ano para os governos e parlamentos regionais já foram marcadas pela violência. Dezenas de pessoas foram feridas no início do mês de Maio em Nairobi na central do partido de oposição Movimento Laranja Democrático, quando apoiantes de um candidato ao senado atacaram os adeptos da candidata desta formação política.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Alegações de fraude
Já há alegações de fraude. O líder da oposição, Raila Odinga, afirmou que o seu cartão de identidade foi usado para recensear outras pessoas. Em 2013, o equipamento electrónico para a contagem de votos falhou, alimentando suspeitas de fraude eleitoral. Em janeiro, o Presidente Kenyatta aprovou uma lei que impõe um recurso à contagem manual de votos caso o equipamento electrónico não funcione.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
O problema das etnias
No Quénia, o voto geralmente é determinado pela etnia. O critério para as alianças políticas é a capacidade de angariar votos dos cinco principais grupos étnicos do país. Kenyatta e o seu vice, William Ruto, formaram uma aliança entre dois grupos étnicos: a maioria kikuyu, da qual origina o Presidente, e os kalenjin de Ruto. Estas duas etnias protagonizaram os confrontos violentos de 2007.