Quénia: ONU envia alimentos a afetados pelas enchentes
DPA | Lusa | kg
9 de novembro de 2019
Programa Mundial de Alimentos está a ajudar o Governo queniano a entregar comida à população no norte do país. O Escritório de Assuntos Humanitários da ONU estima que 144 mil pessoas foram afetadas pelas inundações.
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Milhares de famílias afetadas pelas enchentes no Quénia recebem este sábado (09.11) alimentos e outros suprimentos, anunciou o Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas.
O PMA está a ajudar o Governo do Quénia a entregar comida às famílias no norte e leste do país, especialmente nos condados de Mandera, Wajir, Garissa e Tana River.
As inundações estão a destruir pontes e estradas e a isolar as populações mais atingidas pelas enchentes. O Quénia está a passar por uma estação extremamente chuvosa com níveis de chuvas até três vezes maior que o normal.
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Desde outubro, 38 pessoas morreram e mais de 11.000 famílias foram deslocadas devido às intensas chuvas, segundo estimativas no Governo. Mais de 10.000 animais morreram.
O Departamento Meteorológico do Quénia alerta que as enchentes vão atingir um ápice ainda em novembro. As chuvas das últimas semanas provocaram inundações repentinas e deslizamentos de terra em pelo menos 25 condados, principalmente no norte do país, e destruíram infraestruturas importantes.
Segundo o Centro Nacional de Gestão de Catástrofes (NDOC) queniano, há 17 mil pessoas desalojadas, sendo que o centro de refugiados em Dabaab, o maior do mundo e situado na fronteira com a Somália, foi também atingido pelas chuvas, afetando a vida das 200 mil pessoas que lá vivem.
Mudanças climáticas
Após meses de seca, a segunda temporada das chuvas sazonais trouxe chuvas torrenciais, inundando zonas da África Oriental e do Corno de África, onde cerca de 2,5 milhões de pessoas foram afetadas. Na Somália, entre outubro e novembro, morreram 17 pessoas e 370 mil ficaram desalojadas, de acordo com os dados do OCHA.
No Sudão do Sul, mais de 900 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas, enquanto na Etiópia contam-se cerca de 570 mil e no Sudão, 364 mil.
Ecologistas, organizações não-governamentais e membros da comunidade científica alertam que a crise climática tem aumentado a frequência ou a gravidade dos numerosos fenómenos meteorológicos extremos, e o continente africano é um dos mais sofre.
Dos dez países do mundo mais ameaçados pela crise climática, sete são africanos, nomeadamente, a Serra Leoa, o Sudão do Sul, a Nigéria, o Chade, a Etiópia, a República Centro-Africana e a Eritreia.
Chuva em Nampula: Um rasto de destruição
Casas destruídas, estradas esburacadas e um ano letivo em risco: o mau tempo que se faz sentir há um ano na província de Nampula, norte de Moçambique, continua a fazer estragos.
Foto: DW/S. Lutxeque
Muitos estragos, poucos apoios
As chuvas que se fazem sentir desde dezembro do ano passado em Nampula estão a causar enormes estragos. Vários edifícios, entre residências e salas de aulas, ficaram destruídos. Há também estradas e pontes degradadas. Os apoios aos residentes são quase inexistentes. E o início do ano letivo poderá estar comprometido em várias escolas da cidade e província.
Foto: DW/S. Lutxeque
Edifícios não resistem à força da chuva
Desde dezembro de 2018, o número de casas destruídas na sequência do mau tempo tem vindo a aumentar. Até ao momento, as autoridades de gestão de calamidades ainda não divulgaram números concretos. No terreno, no entanto, constata-se que só na cidade de Nampula milhares de casas cederam perante a força da chuva.
Foto: DW/S. Lutxeque
Ano letivo comprometido
O início das aulas está marcado para 1 de fevereiro, mas o arranque do ano letivo poderá estar comprometido em diferentes distritos da província mais populosa de Moçambique, na sequência da destruição de algumas salas de aulas, sobretudo os telhados. Só na Escola Primária da Cerâmica, na cidade de Nampula, sete salas de aulas estão sem telhados devido a um vendaval que arrastou a cobertura.
Foto: DW/S. Lutxeque
Erosão ameaça destruir mais casas
Ainda chove na província de Nampula. A força das águas já está a provocar a erosão dos solos. Devido a este fenómeno, muitas moradias estão em risco de desabar: as paredes já estão a ruir.
Foto: DW/S. Lutxeque
Como chegar ao hospital?
O acesso ao Hospital Geral de Marrere, o segundo maior da província, está ameaçado. A ponte sobre o rio Muepelume, infraestrutura que dá acesso à unidade sanitária, está a ser corroída pelas chuvas e deixa os utentes preocupados. "Se as chuvas continuarem e o Governo não fizer uma intervenção, estaremos isolados do hospital", disse o cidadão André Kupula, à DW África.
Foto: DW/S. Lutxeque
Chuva pode isolar bairros
O rio Naphuta separa as unidades residenciais de Piloto e Muthita (à esquerda e à direita na foto, respectivamente). Com as chuvas intensas, um ponto pode, definitivamente, ficar isolado do outro, uma vez que não existe nenhuma infraestrutura a unir as duas regiões. Os moradores pedem que as autoridades municipais criem soluções, construindo uma ponte ou aqueduto, para evitar que o pior aconteça.
Foto: DW/S. Lutxeque
Lixo e pedras contra o mau tempo
Para se defenderem das chuvas, algumas famílias no bairro de Mutauanha decidiram entulhar as estradas e canais da corrente de água das chuvas com pedras e lixo. Mesmo assim, o perigo continua eminente. Se o mau tempo prevalecer, muitas casas poderão ceder.
Foto: DW/S. Lutxeque
A força dos sacos de areia
As famílias vão procurando alternativas para contornar os estragos do mau tempo e desafiar a corrente das chuvas. À entrada de muitas moradias vêem-se sacos de areia empilhados como uma espécie de "muralha" para travar a chegada das águas ao interior das casas e quintais.
Foto: DW/S. Lutxeque
Buracos nas estradas
Além das zonas residenciais, as intempéries afetam também o centro e as principais ruas da terceira cidade moçambicana. Muitas estradas e ruas estão esburacadas, mas as autoridades municipais afirmam que nada podem fazer, por enquanto, estando a aguardar o abrandamento das chuvas. Entretanto, os buracos vão ferindo a beleza da cidade, dizem os residentes.
Foto: DW/S. Lutxeque
Melhorar acessos "a medo"
Enquanto a chuva continua a cair, as estradas vão sofrendo as consequências. As vias das zonas periféricas são as mais afetadas. Ainda assim, a edilidade já começa os trabalhos de reparação, ainda que de forma "tímida". Uma das estradas em causa é a que liga a cidade ao bairro de Marrere, a zona em expansão mais concorrida dos arredores, devido às boas infraestruturas.
Foto: DW/S. Lutxeque
Trabalho infantil em alta
Com a queda das chuvas, as obras de reparação surgem um pouco por toda a província. E a construção civil gera um aumento do trabalho infantil, com muitas crianças a fazer o transporte de areia para venda nos locais das empreitadas. Jeremias, de 10 anos, trabalha para conseguir comprar material escolar: "Não tenho pasta nem cadernos". Precisa de juntar 400 meticais (cerca de cinco euros e meio).
Foto: DW/S. Lutxeque
Oportunidade para fazer dinheiro
A procura de blocos melhorados para a construção de moradias tem aumentado nas últimas semanas. Entre as consequências das chuvas, há quem encontre oportunidades de negócio. Na zona da Faina, um grupo produz e vende blocos de cimento: "Ultimamente, o negócio está a caminhar bem", diz um dos trabalhadores. "É normal, por dia, conseguir entre 2 mil e 5 mil meticais (entre 29 e 70 euros)".