Quénia: Oposição rejeita eleições "organizadas por ladrões"
Reuters | EFE | tms
3 de setembro de 2017
Líder oposicionista Raila Odinga reitera críticas à Comissão Eleitoral dizendo que "fraude foi muito longe no país". Odinga também assegura que não dividirá o poder com "ladrões".
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A principal aliança opositora no Quénia, a Super Aliança Nacional (NASA, sigla em inglês), reiterou neste domingo (03.09) que não se apresentará às próximas eleições se estas forem "organizadas pelos ladrões" da atual Comissão Eleitoral, afirmou o líder do grupo, Raila Odinga, durante um comício em Nairobi.
A NASA só se apresentará às eleições se houver garantias de que "os supervisores do processo não vão favorecer qualquer uma das partes", informou o jornal "The Star".
Odinga, que acredita que a "fraude eleitoral foi muito longe no Quénia", afirmou que a sentença do Supremo servirá para que "ninguém volte a sufocar a democracia".
O opositor insistiu que seu partido ganhou as eleições com 1,5 milhão de votos, que teriam sido subtraídos através de um algoritmo instalado nos servidores da Comissão Eleitoral por hackers para revertê-los para o atual presidente, Uhuru Kenyatta, que foi reeleito.
Raila Odinga questiona eleições no Quénia
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Sem aliança com "ladrões"
Diante da possibilidade de formar um Governo de aliança com o partido governante, tal e como ocorreu após os episódios de violência suscitados depois das eleições de 2007, na qual perdeu para o presidente Mwai Kibaki, Odinga descartou a ideia e se mostrou contrário a "compartilhar o poder com ladrões".
A campanha começou após a decisão do Supremo Tribunal, que alegou que "irregularidades" foram cometidas pela Comissão Eleitoral, "afetando a integridade do processo".
Imediatamente após a decisão, o número dois da NASA, Kalonzo Musyoka, assegurou que a Comissão carece da capacidade "para organizar eleições livres, justas e credíveis", apesar de o Supremo ter solicitado à mesma instituição a realização do novo pleito "em estrita conformidade com a Constituição".
A campanha eleitoral no Quénia acaba de se tornar ainda mais complicada do que já era com a formação da Super Aliança Nacional (National Super Alliance – NASA), que almeja derrotar o partido no Governo.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
NASA tenta derrotar o partido no poder
A aliança da oposição, NASA, nomeou o ex-primeiro ministro Raila Odinga candidato à presidência. Trata-se, com grande probabilidade, da última tentativa de Odinga, um opositor veterano de 72 anos, de ser eleito Presidente, após três candidaturas falhadas. A NASA esforçou-se por nomear um candidato passível de angariar votos dos principais grupos étnicos.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
A recruta de novos membros de áreas chave
A NASA quer derrotar o Presidente em exercício, Uhuru Kenyatta, que concorre pela segunda e última vez pela sua formação política, Jubilee Party. Recentemente, a aliança ganhou um novo co-presidente na pessoa do governador de Bomet, Isaac Ruto. O dirigente do sudoeste do país garante à NASA o apoio do Vale de Rift, a maior província do país.
Foto: Reuters/T. Mukoya
Eleições no décimo aniversário de violência política
As eleições gerais quenianas realizam-se em 18 de agosto de 2017. Este ano, cerca de 19 milhões de quenianos recensearam-se para votar, embora ainda decorra um inquérito para eliminar da lista os eleitores entretanto falecidos. As eleições realizam-se dez anos após um sufrágio que desencadeou uma onda de violência, que resultou em mais de mil mortos e centenas de milhares de deslocados.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Número inesperado de eleitores
O número elevado de eleitores que se apresentou nas mesas de voto para eleger o candidato à presidência do partido governamental, obrigou ao adiamento do voto. O Jubilee Party não estava preparado para tantos eleitores, e teve que providenciar mais boletins de votos, antes de continuar a votação poucos dias mais tarde.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Violência eleitoral
As eleições deste ano para os governos e parlamentos regionais já foram marcadas pela violência. Dezenas de pessoas foram feridas no início do mês de Maio em Nairobi na central do partido de oposição Movimento Laranja Democrático, quando apoiantes de um candidato ao senado atacaram os adeptos da candidata desta formação política.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
Alegações de fraude
Já há alegações de fraude. O líder da oposição, Raila Odinga, afirmou que o seu cartão de identidade foi usado para recensear outras pessoas. Em 2013, o equipamento electrónico para a contagem de votos falhou, alimentando suspeitas de fraude eleitoral. Em janeiro, o Presidente Kenyatta aprovou uma lei que impõe um recurso à contagem manual de votos caso o equipamento electrónico não funcione.
Foto: Reuters/M. Eshiwani
O problema das etnias
No Quénia, o voto geralmente é determinado pela etnia. O critério para as alianças políticas é a capacidade de angariar votos dos cinco principais grupos étnicos do país. Kenyatta e o seu vice, William Ruto, formaram uma aliança entre dois grupos étnicos: a maioria kikuyu, da qual origina o Presidente, e os kalenjin de Ruto. Estas duas etnias protagonizaram os confrontos violentos de 2007.