O Quénia proibiu a produção e venda de cremes para branquear a pele. Não é o primeiro país africano a banir um produto extremamente popular mas altamente perigoso. Mas o que pensam as quenianas?
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O Quénia é um de vários países africanos a banir cremes de branqueamento da pele. Antes de Nairobi, já a África do Sul, Costa do Marfim, Gana e Ruanda tinham tomado medida idêntica. Tal como em muitos países africanos, também no Quénia a indústria de produção dos cremes é um negócio de monta, que emprega milhares de pessoas.
Num breve passeio pelas ruas de Nairobi veem-se numerosas vendedoras que apregoam o creme para quem deseja um tom de pele mais claro e, afirmam, atraente. As próprias vendedoras ostentam na pele o resultado dos seus produtos.
Em muitos países africanos prevalece a noção de que a pele branca é mais bonita do que a pele escura.
A DW interpelou cidadãs quenianas para ouvir o que dizem sobre a ilegalização dos cremes altamente populares. As opiniões divergem: "Apoio esta medida do Governo, porque os produtos são cancerígenos. Podem causar cancro ou problemas na pele a longo prazo. Países como o Ruanda já os baniram. Já era tempo de serem proibidos no nosso país. É uma medida positiva que eu aprovo totalmente”, disse uma cidadã.
Um perigo para a saúde
Mas outra queniana respondeu: "Não apoio a proibição porque tanta gente vai perder o emprego. Trata-se de um negócio importante para muitas senhoras que trabalham com produtos de beleza”. E esta cidadã considera que a proibição viola os seus direitos: "Agora o Estado deu em controlar decisões privadas dos cidadãos. Quem usa os produtos está ciente das possíveis consequências. O Governo deve regular a indústria e não proibir os cremes. Tenho o direito de não gostar da cor da minha pele e querer um tom diferente, porque acho que é mais bonito”.
As ruas do Quénia estão cheias de a publicidade a cremes de branqueamento, com imagens de modelos de pele clara a promover uma noção deturpada de beleza.O cidadão comum segue o exemplo de celebridades como a cantora e atriz Vera Sidika, que admite abertamente clarear a pele. Mas outras estrelas, como a atriz Lupita Nyong'o, resistem à moda. E a pele escura de Nyong'o não a impediu de ter enorme sucesso a nível mundial.
Quénia proibe cremes que branqueiam a pele
A Organização Mundial de Saúde (OMS) chegou à conclusão que elementos contidos nos cremes de branqueamento são responsáveis por várias doenças, danificando o fígado, os rins ou os nervos, provocando psicoses, cancro, depressão, doenças da pele e anomalias em recém-nascidos.
Mas no Quénia há muita gente que acha que a proibição dos cremes não funcionará enquanto a pele clara for associada a maior beleza.
Mercados de Nampula são perigo à saúde pública
Mercados de Nampula são um perigo à saúde pública - alguns não possuem sanitários. Apesar dos esforços dos governantes em alguns locais, muitos vendedores enfrentam mau cheiro para garantir o seu sustento.
Foto: DW/S. Lutxeque
Hipotecar a saúde a favor da sobrevivência
Fátima Sualehe é vendedeira de hortícolas no mercado da Padaria Nampula. Ela desenvolve esta actividade há mais de dois anos, quando se separou do seu esposo. Aqui, ela enfrenta o cheiro ruim produzido pelas águas negras. Mas "é para garantir o sustento dos meus cinco filhos", disse a vendedeira de espinafre.
Foto: DW/S. Lutxeque
Espaço dos CFM transformados em mercado
Nos 18 bairros que a cidade de Nampula tem a apetência de vender, aliada ao desemprego, acarreta no aumento da actividade comercial. Isso faz com que mesmo lugares impróprios sejam ocupados pelos vendedores. Um desses lugares é o recinto dos "Caminhos de Ferro de Moçambique", onde está instalado o famoso "Mercado da Padaria Nampula".
Foto: DW/S. Lutxeque
Nas ruas da cidade
A cidade de Nampula está a ficar praticamente sem ruas e passeios. Nestes locais, vendedores encontram maior atrativo para a prática comercial. "Nos mercados não há muitos clientes, por isso a aproveitamos esses locais para vender nossos produtos e ganhar dinheiro", justificam quase todos os vendedores "assaltantes das ruas".
Foto: DW/S. Lutxeque
"Reciclar" consumíveis e vender
Todas as manhãs, mulheres e crianças escalam o mercado grossista do Waresta, o maior estabelecimento comercial de venda a grosso e a retalho. Nem todos vão para vender, muito menos comprar os produtos. Aproveitam-se da chegada e descarregamento dos camiões de grande tonelagem, transportando produtos, para selecionar os que não estão em decomposição e postereriormente colocá-los nas bancas.
Foto: DW/S. Lutxeque
Lixo e locomotivas
A luta pela sobrevivência de milhares dos moçambicanos, sobretudo os residentes na província mais populosas do país, já está a causar prejuízos e acidentes ferroviários. Os vendedores acumulam lixo e até chegam a embaraçar as locomotivas. As autoridades municipais falam em transferência dos vendedores, enquanto as empresas ferroviárias não param de sensibilizar os vendedores para o abandono.
Foto: DW/S. Lutxeque
Insuficiência de sanitários públicos
Muitos mercados da cidade de Nampula não tem sanitários públicos. Um dos maiores mercados é o da Padaria Nampula, no centro da cidade. Para atender as necessidades biológicas, os vendedores que ficam quase todo o dia a praticar a actividade comercial fazem as necessidades ao relento, mesmo no recinto dos estabelecimentos comerciais.
Foto: DW/S. Lutxeque
Sanitários em abandono
Enquanto muitos estabelecimentos comerciais não possuem sanitários públicos, no mercado grossista do Waresta existem dois desses melhorados, construídos pelas autoridades. Mas, de acordo com os gestores dos mesmos, os vendedores preferem fazer suas necessidades biológicas ao relento, distanciando de pagar uma taxa de 10 meticais por cada vez que necessitam.
Foto: DW/S. Lutxeque
Mercados a céu aberto
Apesar dos esforços da edilidade, reconhecido pelos munícipes, a cidade, que ainda ostenta o título da terceira maior de Moçambique, tem alguns dos seus mercados com aspetos rurais. Há muitos mercados e bancas a céu aberto, e outros de construção precária. Em tempos chuvosos, os vendedores vivem à deriva.
Foto: DW/S. Lutxeque
Partidarização dos mercados
Os partidos políticos na cidade de Nampula também procuram ganhar protagonismo através de propagandas baratas. Em quase todos os mercados da periferia existem bandeiras dos três partidos políticos com assento parlamentar (RENAMO, FRELIMO e MDM). A situação agudizou-se no período das campanhas eleitorais, mas até agora nenhum partido removeu os seus materiais de propaganda.
Foto: DW/S. Lutxeque
Esforços da Edilidade
O Conselho Municipal de Nampula, liderado por Paulo Vahanle, tem, apesar das dificuldades financeiras que herdou do antigo Governo (quando assumiu o poder depois das eleições intercalares) se esforçado para melhorar os mercados. Um deles é o mercado do Waresta, o maior da cidade, que está a beneficiar-se das obras de reabilitação.
Foto: DW/S. Lutxeque
Mercado Novo
O Mercado Novo, localizado no centro da cidade, é o primeiro e mais organizado. Aqui não existe lixo no chão, muito menos degradação. Há lojas organizadas e com sistema de escoamento de águas negras. Está localizado a pouco mais de 200 metros do edifício da edilidade, e a menos de cem metros do Mercado Central. Foi criado no Governo de Mahamudo Amurane, edil já falecido.