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EconomiaQuénia

Protestos: Nairobi recua no aumento de vários impostos

Martina Schwikowski
21 de junho de 2024

No Quénia, a proposta de lei das finanças provocou esta semana protestos em massa nas ruas do país. O Governo voltou atrás no aumento de vários impostos. Mas a manifestação ficou marcada pela violência policial.

Kenia Protest gegen Steuern in Nakuru
Foto: James Wakibia/SOPA Images/IMAGO

Nesta quinta-feira (21.06), centenas de manifestantes, a maioria jovens, protestaram em frente ao Parlamento pela segunda vez esta semana. Alegaram que os aumentos de impostos e taxas previstos no projeto de lei iriam agravar a crise social no país.

A polícia disparou gás lacrimogéneo contra a multidão e centenas de pessoas foram detidas. Os manifestantes expressaram o seu descontentamento pela forma como o Governo do Quénia tem vindo a lidar com a crise no país.

"Já pagamos impostos e o Governo não está a fazer grande coisa. O dinheiro é roubado. Como é que podemos confiar-lhes mais dinheiro?”, interroga um cidadão. 

Outro acusa: "Preferem ser fiéis ao Governo e não aos eleitores que os elegeram".

Ao contrário dos protestos anteriores, liderados por membros de partidos da oposição, estas manifestações foram conduzidas por jovens cidadãos que entoaram frases antigovernamentais e empunharam cartazes contra o projeto de lei.

Polícia a tentar deter uma manifestante em NairobiFoto: Andrew Kasuku/AP Photo/picture alliance

Governo cedeu a pressão

Há outra diferença: Desta vez, os jovens filmaram os confrontos com a polícia. A manifestação ganhou força nas redes sociais com a hashtag #OccupyParliament – ocupar o Parlamento.

Na tarde desta quinta-feira (20.06), o Governo cedeu à pressão e anunciou que iria eliminar muitas das disposições mais polémicas da lei, incluindo os impostos sobre o pão e os automóveis.

O Governo, sem dinheiro, já tinha defendido o aumento de impostos como solução para reduzir a dependência de empréstimos externos. Prevê-se que os aumentos venham a gerar cerca de 2,7 mil milhões de dólares, o equivalente a 1,9% do PIB do país.

Desde a pandemia de COVID-19, o Quénia tem-se debatido com o aumento do custo de vida. Os críticos alertam que a situação deve piorar com as taxas previstas no projeto de lei.

As manifestações aconteceram também noutros lugares do país, como em NakuruFoto: James Wakibia/SOPA Images/IMAGO

"Os quenianos não são violentos"

Olhando para as manifestações, Wanjiru Gikonyo, do Instituto para a Responsabilidade Social, ressalta a forma pacífica como os jovens estão a protestar e sem a mobilização de partidos políticos, como acontecia no passado.

"Os protestos violentos são realmente instigados na arena política. Os quenianos não são violentos, e podem manifestar-se sem violência. A violência, no passado, fez parte da estratégia de mobilização, porque é essa a base da política", argumenta.

Zaha Indimuli, diretora executiva da Organização Amali, que apoia a capacitação de jovens, diz que o Governo deve ser responsabilizado por usar a força contra manifestantes pacíficos.

"Porque é que se atira gás lacrimogéneo às pessoas que nos dão feedback? É medíocre e também mostra muita imaturidade no seio do Governo. Deviam sentar-se com as pessoas que realmente os colocaram lá e resolver os problemas em casa."

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