Quando um sonho africano na Europa se torna num pesadelo
9 de março de 2012“Elas sonhavam com um emprego bem pago na Europa e acabam como prostitutas na Ásia. Catorze mulheres, oriundas do Uganda, foram salvas de uma rede global de tráfico de seres humanos. Mas há centenas de mulheres africanas nas mãos dessa rede”, alerta o Die Tageszeitung.
O jornal conta a história de Sarah, uma jovem de vinte anos, que regressou a casa “depois de uma viagem de terror pela Malásia”. Durante anos Sarah tentou sem sucesso encontrar um emprego no Uganda. Num panfleto descobriu uma oferta de emprego na Europa.
“Uma mulher ugandesa disse-me que tinha uma irmã que era dona de um restaurante na Europa onde eu podia trabalhar e ganhar mais de 300 dólares por mês”, contou Sarah ao Die Tageszeitung. Só que em vez de aterrar na Europa, Sarah aterrou na Malásia. Em Kuala Lumpur, a capital da Malásia, foi levada para um prédio com centenas de outras mulheres ugandesas e nigerianas, retiraram-lhe o passaporte e foi obrigada a prostituir-se
Milhares de jovens mulheres, segundo estimativas da cônsul honorária do Uganda na Malásia, Noraihan, foram raptadas em 2011, 600 tiveram como destino a Malásia. “Noraihan mostra fotografias no seu computador: uma jovem mulher deitada no asfalto coberta de sangue. Foi atirada de uma varanda”, descreve o Die Tageszeitung. As ondas de choque deste de outros casos com vítimas mortas levaram a uma estreita colaboração entre as autoridades da Malásia e do Uganda no combate ao tráfico de mulheres.
Os porteiros da Europa
Ben Ali e Kadhafi foram derrubados. A Líbia e na Tunísia os países atravessam mudanças profundas, mas uma coisa manteve-se, salienta o Süddeutsche Zeitung. “Ambos os países continuam a ser os porteiros da Europa”.
O jornal escreve que, segundo a Frontex, a agência europeia de proteção das fronteiras, “o número de refugiados que atravessou com sucesso o Mediterrâneo saindo da Líbia diminuiu para um nível inferior ao antes da revolução”.
De acordo com o Süddeutsche Zeitung a União Europeia disponibilizou uma ajuda imediata de 30 milhões de euros “se os líbios reactivarem o seu controlo de migrações”. Uma evolução similar observa-se na Tunísia: “A um ditador que a pedido da Itália retinha os refugiados africanos sucedeu-se um novo governo, que após uma breve interrupção na Primavera [Árabe] de 2011, faz o mesmo."
Guerra de supermercados na África do Sul
“Os supermercados da África do Sul vão ter concorrência do gigante norte-americano Wal-Mart”, noticia o Frankfurter Allgemeine Zeitung. Nos próximos cinco anos a empresa norte-americana, que tenciona usar a África do Sul como plataforma para o mercado africano, espera atingir um volume de negócios, no ramos dos produtos alimentares, de 20 mil milhões de rands.
“Está prevista a abertura de cem supermercados para clientes com menor poder de compra e cinquenta para clientes da classe média”, refere o Frankfurter Allgemeine Zeitung. Os planos norte-americanos não bem vistos pelo Shoprite, um cadeia local, que detém o monopólio das grandes superfícies na África do Sul e está presente em Angola e na Nigéria, mas são saudados pelas associações de defesa do consumidor.
“Os consumidores sul-africanos, embora tenham salários menores e um poder compra inferior, pagam mais pelos bens alimentares do que os europeus, devido à inexistência de concorrência”, sublinha o jornal.
Autor: Helena Ferro de Gouveia
Edição: Renate Krieger