Quatro mortos por cólera em distrito do norte de Moçambique
nn | Lusa
29 de novembro de 2024
Pelo menos quatro pessoas morreram nas últimas duas semanas, vítimas de cólera no distrito de Mogovolas, na província de Nampula, norte de Moçambique, anunciou fonte oficial local.
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Desde a eclosão da cólera no distrito são contabilizados 161 casos cumulativos da doença, avançou à imprensa o diretor provincial da saúde de Nampula, em Moçambique, Fernando Mitano.
"Destes 161 casos de cólera, infelizmente nós tivemos quatro óbitos, três na comunidade e um no centro de saúde. Esta tem sido uma grande preocupação para nós, porque estamos numa época chuvosa e neste momento a situação em Mogovolas está circunscrita exatamente naquelas comunidades da vila de Nametil", disse o diretor provincial da saúde.
Fernando Mitano avançou ainda que estão internados nove pacientes no centro de tratamento da cólera, em Nametil.
"Nós temos um centro de tratamento da cólera onde nós internamos e tratamos as pessoas lá, as pessoas estão a ter alta a partir de lá, temos medicamentos suficientes para isso e temos técnicos 24 horas", explicou Fernando Mitano, acrescentando que aquela unidade é a única ativa no distrito.
De acordo com último relatório sobre a progressão da doença, elaborado pelo Ministério da Saúde e com dados desde 01 de outubro de 2023, início do atual surto, até 14 de julho, registou-se um acumulado de 16.506 infetados e 38 mortos, com uma taxa de letalidade que se mantém em 0,2%, em todo o país.
Até então, desse total, 5.658 casos tinham sido reportados pela província de Nampula, com 15 óbitos, seguindo-se 2.873 em Tete, com 10 óbitos, e 2.327 em Cabo Delgado com uma morte.A doença é causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados por falta de redes de saneamento.
A cólera é uma doença, tratável, que provoca fortes diarreias e que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida.
A doença é causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados por falta de redes de saneamento.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado que o mundo terá um défice de vacinas contra a cólera até 2025 e que mil milhões de pessoas de 43 países podem ser infetadas com a doença.
Os locais mais propensos à ocorrência de cólera
A cólera é uma doença bacteriana grave, contraída através do consumo de água e alimentos contaminados. A falta de saneamento básico e as fortes chuvas têm causado surtos desta doença em Moçambique.
Foto: Romeu Silva/DW
Chuvas propiciaram a cólera
As chuvas intensas que caíram em fevereiro e março causaram enchentes. As autoridades já previam a eclosão da cólera em alguns bairros, sobretudo periféricos. Foram estas chuvas que provocaram a estagnação de águas que propiciaram a eclosão da cólera, não só na cidade de Maputo, mas também em outras cidades de Moçambique.
Foto: Romeu Silva/DW
Lama e lixo perto de casa
O lixo e a lama propiciam a eclosão da doença. Estes ambientes com resíduos acumulados geralmente estão próximos das residências.
Foto: Romeu Silva/DW
Condições de saneamento nos mercados
Nos mercados, o perigo da eclosão da cólera é visível. Na Praça dos Combatentes, popularmente conhecida por Xiqueleni, não há infraestrutura de saneamento. Esta é um dos maiores mercados informais de Maputo e, também, um dos locais mais perigosos para a eclosão da doença já que se acumula água suja nos mesmos locais onde se vendem alimentos para consumo.
Foto: Romeu Silva/DW
Alimentos vendidos em locais impróprios
Os alimentos são, muitas vezes, expostos no chão ou em locais que as pessoas podem facilmente pisar. Tal torna necessário uma boa higiente na preparação dos ingredientes, o que também é dificultado pela falta de saneamento.
Foto: Romeu Silva/DW
Águas negras em prédios
Em alguns prédios mais antigos de Maputo é comum sentir-se o cheiro nauseabundo das águas que brotam dos esgostos improvisados. Estes são locais muito propícios à propagação da doença.
Foto: Romeu Silva/DW
Sanitários públicos
Em alguns sanitários públicos é notória a falta de higiene, sobretudo em escolas e hospitais muito frequentados por cidadãos. Neste sanitário de uma escola, denotam-se esforços para manter o local limpo.
Foto: Romeu Silva/DW
Falta de água
Nos locais públicos, algumas pessoas também têm dificultado as ações das autoridades quando roubam torneiras, dificultando assim a higiene individual. Apesar do esforço em manter o local limpo, nota-se nesta imagem que as torneiras foram retiradas.
Foto: Romeu Silva/DW
Lixeira de Hulene
Há residentes nas imediações da maior lixeira do município de Maputo. Várias vezes ao dia são despejados resíduos no local. Nos arredores, veem-se residências de pessoas que convivem diariamente com esta situação.
Foto: Romeu Silva/DW
Comunidades na recolha de lixo
As comunidades nos distritos municipais de Maputo desdobram-se em ações de limpeza para evitar a propagação da cólera. Todas as manhãs é visível o transporte de resíduos sólidos para os contentores de lixo.
Foto: Romeu Silva/DW
Água canalizada
Nem todos cidadãos têm acesso a água potável na cidade de Maputo. Contudo, fontanários têm sido bastante importantes no abastecimento do população com todas as medidas de higiene respeitadas.
Foto: Romeu Silva/DW
Saneamento do meio
Valas de drenagem como esta são raras nos guetos de Maputo. Em tempos de chuva, a vala escoa água para zonas baixas. Isso evita as enchentes que provocam cólera.