"Angola vive um momento particular de grandes expetativas"
Lusa | ar
8 de março de 2018
Conferência Episcopal de Angola e São Tomé exortou os políticos angolanos a seguirem no "caminho da realização e desenvolvimento" das populações e que a política "não seja via indigna de enriquecimento pessoal".
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"É ainda importante e imperioso neste campo desafiar os políticos dos próprios vícios históricos metendo-se num caminho da realização sem qualquer outro interesse daquilo que é o bem e o desenvolvimento das nossas populações", sustentou esta quinta-feira (08.03) o presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), Filomeno Vieira Dias.
O também arcebispo de Luanda discursava na província angolana do Namibe, durante a cerimónia de abertura da primeira assembleia plenária anual dos bispos da CEAST, tendo sublinhado que Angola vive "um momento particular de grandes expectativas, muita esperança e sinais de diálogo permanente".
"Sente-se, respira-se, toca-se com os dedos o desejo popular de mudança. Há sinais de querer-se ouvir e dialogar mais com todos e de pensar-se a nação a várias vozes e a várias tonalidades", observou, questionando igualmente quantos estão na política para "cuidar e servir".
Bem estar da população
Por isso, assinalou, "nesses tempos com muitos rostos visíveis novos e credíveis na política é importante perguntar a quantos estão neste campo do cuidar, do vigiar, do conduzir a coisa pública, perguntar de forma clara quais são as suas próprias intenções".
"Tendo em conta que o povo quer que a política e o político tenha de facto, sem retórica, no fazer e no pensar quotidiano o bem-estar da população como seu objetivo e centro da sua ação. As pessoas querem que a política deixe de ser uma via indigna para o enriquecimento pessoal", adiantou.
Para Filomeno Vieira Dias, todos os esforços que se têm realizado "pouco servem as necessárias leis se as consciências continuam a respirar uma cultura que exalta o sucesso e o enriquecimento fácil, em vez da honra e do dever cumprido".
Na abertura desta primeira assembleia anual, que também marca o jubileu dos 50 anos da CEAST, o arcebispo católico Vieira Lopes fez saber que durante o encontro os bispos vão efetivar o projeto de reflorestação para travar a desertificação naquela província no sul de Angola, onde existe o deserto do Namibe, considerado o mais antigo do mundo.
"Sabemos que a questão ecológica é de grande atualidade sobretudo nas nossas terras, e o que pretendemos fazer é durante esses dias dar início a um projeto de reflorestação e um esforço para travar a desertificação aqui neste ponto do Namibe onde temos de facto esta realidade diante de nós", rematou.
Alerta sobre marginalização das minorias étnicas
Os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) consideraram que as minorias étnicas angolanas têm sido "esquecidas e marginalizadas" ao longo dos anos, exortando a sociedade a prestar "maior atenção" a esta franja populacional.
O posicionamento foi manifestado pelo presidente da CEAST, Filomeno Vieira Dias. "É necessário que todos, a começar por nós, Igreja, tenhamos uma atenção e voltemos a nossa ação, os nossos recursos humanos e materiais, para estas populações. Para que possam participar no bem-estar, mo desenvolvimento e no progresso da nação como um todo", exortou.
Segundo o presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, é necessário igualmente que as minorias étnicas populacionais do país "não se sintam como os irmãos mais pobres e até mesmo esquecidos".
Filomeno Vieira Dias destacou os esforços da Igreja para com esta franja da população "que ao longo dos anos tem sido esquecida, marginalizada e abandonada".A província do Namibe é precisamente uma das que apresenta maior diversidade de minorias étnicas, desde logo as comunidades nómadas do deserto, como os pastores Mucubai, que ainda vivem de forma tradicional, em tribos e cubatas.
No âmbito do Dia Internacional da Mulher, que se assinala esta quinta-feira com o habitual feriado nacional em Angola, os bispos católicos do país saudaram e felicitaram as mulheres, realçando que a celebração da data é uma oportunidade para "refletir sobre as injustiças e violência que muitas mulheres continuam a sofrer".
Há vida no deserto do Namibe
O deserto do Namibe, na África Austral, não é um lugar fácil para se viver: durante o dia está um calor abrasador e à noite está um frio de rachar. Mas estes animais adaptaram-se às condições hostis.
Foto: R. Dückerhoff
Agarre no que puder
As avestruzes não se importam com o calor do deserto. A temperatura corporal destas aves não voadoras aumenta para reduzir o suor e, consequentemente, a perda de água. Obtêm a água que precisam através das plantas que ingerem. E também engolem pequenas pedras, que ajudam a digerir a comida no estômago. Os intestinos das avestruzes são mais resistentes do que os de outros animais.
Foto: picture-alliance/Arco Images/C. Hütter
Fresco no deserto
Em dias quentes, a temperatura corporal do órix também sobe - até 45ºC. Uma rede de pequenos vasos sanguíneos nas suas narinas refresca o ar que o ónix respira e mantém o seu cérebro arrefecido. A zona inferior do órix é branca, para refletir o calor que irradia do solo. Este animal obtém a água que precisa através de raízes, tubérculos e de uma variedade de melão que cresce no deserto.
Foto: picture-alliance/Photoshot
Uma cor para cada ocasião
Está calor? Não para o camaleão Namaqua. Basta-lhe mudar a cor para ficar mais leve e refletir mais luz solar nas horas quentes. Nas manhãs frias, estes camaleões ficam negros. A sua cauda é mais curta do que a de outros camaleões. Eles não têm muitos sítios por onde trepar no deserto, mas sobem a rochas e pequenos arbustos para evitarem a areia quente a meio do dia.
Foto: R. Dückerhoff
Mais fresco nas alturas
As pernas destas formigas do deserto do Namibe têm cerca de cinco milímetros de comprimento. Elevam-nas a uma altura onde as temperaturas são até 10ºC mais baixas do que diretamente na areia. Alimentam-se do doce expelido por insetos sugadores de plantas. Estas formigas podem parecer inofensivas, mas os predadores evitam comê-las. O ácido das formigas estraga por completo a refeição.
Foto: DW/B. Osterath
Para ver as presas melhor
A osga do Namibe (Pachydactylus rangei) escava buracos e só sai à noite para fugir do calor. Os olhos grandes ajudam-na a encontrar as presas no escuro. E as suas patas com membranas são perfeitas para escavar areia e andar nela. A pele da osga é translúcida, sendo possível ver alguns dos seus órgãos internos. A sua cor é uma boa camuflagem na areia do deserto.
Foto: R. Dückerhoff
Dama da noite
Esta aranha, conhecida como "Dama Branca" do Namibe (Leucorchestris arenicola) também evita a luz do dia. Constrói um abrigo de meio metro de profundidade com areia e seda, onde se esconde nas horas de calor. Como esta aranha só sai à noite, não precisa de proteção solar, daí a cor branca.
Foto: R. Dückerhoff
Devagar, devagarinho
"Devagar se vai ao longe" poderia bem ser uma forma de descrever o metabolismo deste escorpião (Opistophthalmus flavescens). Não precisa de muita energia e pode ficar à espera da próxima refeição durante meses. O sistema de transporte de oxigénio no sangue do escorpião é diferente do nosso e as temperaturas altas não o bloqueiam, o que é perfeito para a vida no deserto!
Foto: R. Dückerhoff
Nariz como uma pá
A areia das dunas do Namibe é tão fina que alguns animais conseguem nadar nela, como se fosse água. Nem precisam de escavar. É o que acontece com este lagarto. O formato da sua cabeça permite-lhe mover-se pela areia, o que é bom para escapar aos predadores neste local com poucos esconderijos. As narinas estão voltadas para trás e têm uma aba cartilaginosa para impedir a areia de entrar.
Foto: R. Dückerhoff
Uma vida na areia
Este réptil da família dos lagartos (Typhlacontias brevipes) também consegue nadar pela areia. Passa a vida nas dunas à procura de comida, particularmente pequenos insetos. Deteta as presas através das vibrações que os insetos emitem quando se movem.
Foto: R. Dückerhoff
Estratega do deserto
Esta cobra venenosa descobriu uma forma perfeita de apanhar presas no deserto do Namibe. Esconde-se na areia, ficando apenas com a cabeça de fora, à espreita, completamente camuflada. Serpenteia pelas dunas, o que lhe permite mover-se pela areia quente sem sobreaquecer.
O tecelão social tem uma dieta rigorosa para ingerir a água que precisa. Come sobretudo insetos. Constrói grandes ninhos, que servem de casa a centenas de aves de diferentes gerações. Os ninhos têm câmaras interiores que oferecem sombra e são mais frescas do que o deserto envolvente; já as câmaras centrais conservam o calor e são um lugar ideal para dormir.
Foto: R. Dückerhoff
De todas as formas e tamanhos
Os escaravelhos são um elemento crucial na cadeia alimentar no deserto do Namibe. Alimentam-se de detritos e matéria orgânica de plantas que o vento leva para o deserto. De manhã cedo coletam água das pequenas gotas do nevoeiro. Outros animais alimentam-se de escaravelhos para obter água. No deserto do Namibe habitam cerca de 200 espécies de escaravelhos. A maioria esconde-se na areia.
Foto: DW/B. Osterath
À procura de água
O escaravelho tem uma forma peculiar de coletar água no deserto do Namibe. De manhã, anda pelas dunas e faz o pino. O nevoeiro condensa nas suas costas e as gotas escorrem até à sua boca. Conseguem beber até 40% da sua massa corporal numa manhã.
Foto: picture-alliance/Wildlife/M. Harvey
Faz-se de morto
Ser comido por outros animais? Nem pensar! Este gorgulho tem outros planos. Se é ameaçado, põe-se de costas e faz-se de morto, na esperança de que os predadores não queiram comer carcaças.
Foto: DW/B. Osterath
Sol q.b.
Há vida no deserto inteiro, mesmo debaixo das rochas! Aqui crescem cianobactérias. A estas rochas brancas chegam raios de sol suficientes para as bactérias fazerem fotossíntese. Mas elas morrem quando são expostas diretamente ao sol, no calor abrasador.