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Presidente guineense e novo Governo: Que relação esperar?

Iancuba Dansó (Bissau)
13 de julho de 2023

Analistas ouvidos pela DW não acreditam numa convivência harmoniosa entre as partes e apontam várias razões para um possível "bloqueio".

Bild-Kombo Domingos Simões Pereira und Umaro Sissoco Embaló
Foto: DW/B. Darame

Após as eleições legislativas na Guiné-Bissau, e consequente polémica sobre a data da tomada de possedos novos deputados, surge agora o debate sobre  a possível coabitação entre o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e o futuro Governo liderado pela coligação Plataforma da Aliança Inclusiva - PAI Terra Ranka.

Umaro Sissoco Embaló, que pertence ao Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15), o segundo partido mais votado nas eleições, tem apelado à calma e garantido uma convivência pacífica com a coligação liderada pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

Em declarações, na semana passada, o Presidente da República voltou a falar do tema. 

"Estou indo para uma coabitação, em que não me imiscuirei na formação do Governo nem pedirei pastas [governamentais], porque é isso que o povo decidiu e está decidido. Têm que deixá-los governar. Eu irei fazer o meu papel, que é de fiscalizar". 

Coligação vencedora das eleições é lliderada pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC)Foto: Alison Cabral/DW

No entanto, o jornalista Sabino Santos não acredita na coabitação entre o Presidente da República e o futuro Governo, devido a vários fatores. 

Modus operandi de Sissoco

O primeiro, explica, "tem a ver com o modus operandi do Presidente da República, que ao longo dos anos que está em funções, é também primeiro-ministro. Esta forma de estar e de ter total controlo [da governação] vai chocar com as novas autoridades governamentais", diz.

Sabino SantosFoto: Iancuba Dansó/DW

Um outro fator para conflitos nesta coabitação, continua Sabino Santos, está relacionado com a a liderança da coligação PAI Terra Ranka. Segundo o jornalista, "Domingos Simões Pereira [líder da coligação] tem um modo de funcionamento oposto ao do Presidente da República".

Por outro lado, questiona o mesma analista: "ao deixar os aliados do Presidente da República fora da governação, não estarão a instigá-lo a tomar medidas capazes de provocar a crise?".

A Guiné-Bissau tem enfrentado constantes conflitos entre o executivo e o chefe de Estado, o que fez com que nenhum governo tenha conseguido permanecer em funções durante uma legislatura completa de quatro anos desde as primeiras eleições multipartidárias há cerca de 30 anos.

Apelo ao Presidente

Mussa Embaló Foto: Iancuba Dansó/DW

O analista político Mussa Embaló apela a Umaro Sissoco Embaló para que evite guerras políticas desnecessárias, destacando que não há lugares cativos ou permanentes para ninguém, de acordo com a Constituição do país. Portanto, diz em declarações à DW, "a coligação que ganhou as eleições deve ter a oportunidade de formar o Governo e mostrar ao povo o que pode fazer em termos da mudança". 

Os novos deputados serão investidos no dia 27 de julho e nos dias seguintes deverá ser conhecido o futuro primeiro-ministro e os restantes membros do Governo da coligação. 

Ao futuro executivo guineense, Mussa Embaló recomenda a implementação das reformas em vários setores. 

"Se não fizermos pequenas reformas, não temos perspetiva nenhuma de fazermos desenvolver o país. Da forma como estamos a conduzir o país, não há hipótese de nós desenvolvermos a Guiné-Bissau", garante.

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