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Queda do preço do gás assusta investidores em Cabo Delgado

Eleutério Silvestre (Pemba)6 de agosto de 2015

Economistas moçambicanos querem debate sobre como investir as receitas da exploração dos recursos naturais energéticos, para salvaguardar a indústria das flutuações dos preços do petróleo e do gás no mercado mundial.

Foto: ENI East

No norte de Moçambique, empresários e economistas temem que a quebra do preço de gás no mercado mundial comprometa as atividades de exploração do gás em Palma. Temem também que a economia nacional possa ficar em maus lençóis.

O economista António Salião diz que é preciso criar mecanismos para a manutenção de reservas financeiras, uma vez que isso ajudaria a diminuir o impacto do "sobe e desce" do preço do gás no mercado mundial. O economista sublinha ainda que esses mecanismos se devem pautar pela transparência.

A desvalorização "poderá fazer com que os investidores recuem. Isso implica também que haja uma redução das empresas que prestam serviços a este grande projeto de gás nesta nossa parcela do país."

Estima-se que na Bacia do Rovuma haja reservas de gás natural na ordem dos 200 biliões de pés cúbicosFoto: DW/Eleuterio Silvestre

Despedimentos

A queda do preço de gás no mercado mundial tem-se refletido diretamente na vida de muitos cidadãos na província de Cabo Delgado. No princípio do ano, empresas subcontratadas para a prestação de serviços à multinacional norte-americana Anadarko e à italiana Eni viram-se obrigadas a reduzir os postos de trabalho e centenas de pessoas foram despedidas.

O empresário Hermenegildo Ildefonso diz ainda que várias empresas não renovaram contratos de prestação de serviço. "A expetativa era tão grande que muitos de nós demos tudo o que tínhamos para tentar chegar ao nível que estas empresas exigem."

O empresário mostra-se também preocupado com o futuro dos investimentos em Cabo Delgado. "Nós consideramos que isto está em banho-maria - estamos à espera que isto recomece. Há empresas que eu conheço que não são do nosso nível, que são de um nível mais acima, que vieram, começaram, mas tiveram que parar e diminuir o pessoal."

Debate

Académicos defendem que é preciso um debate de fundo sobre os mega-investimentos na província de Cabo Delgado, nomeadamente, sobre quais são as melhores políticas económicas a seguir no que diz respeito aos recursos naturais.

"Neste momento a situação está paralisada; não havendo produção então a nossa economia pode, por um momento, ficar estaganada, dada a contribuição dessas empresas que prestam serviços."

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Salião refere que ainda há desafios na implementação das leis - será preciso melhorar a fiscalização do setor para garantir o cumprimento das obrigações por parte das empresas, para que haja uma tributação adequada e uma partilha de benefícios entre os moçambicanos, diz o economista.

Moçambique espera ser um dos maiores países exportadores de gás natural liquefeito do mundo, com a reserva na bacia do Rovuma, estimada em cerca de 200 biliões de pés cúbicos de gás natural. A multinacional norte-americana Anadarko e a italiana Eni estão interessadas em explorar o gás. A DW África tentou ouvir ambas as empresas, sem sucesso.

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