Polícia da República de Moçambique tentou travar protesto de apoiantes do candidato da RENAMO na capital da província da Zambézia. Manifestação prosseguiu em solidariedade com figuras afastadas da corrida às autárquicas.
Publicidade
A Polícia da República de Moçambique na Zambézia tentou impedir esta quinta-feira (20.09), com disparos, a marcha de apoio a Manuel de Araújo, o candidato da RENAMO às eleições autárquicas de outubro na cidade de Quelimane.
Os disparos fizeram-se ouvir já no decorrer da marcha que começou por volta das 13 horas locais, no aeroporto de Quelimane, depois de Araújo ter descido do avião, vindo de Maputo.
Ninguém ficou ferido, mas os disparos geraram o pânico entre os apoiantes de Manuel de Araújo. A marcha acabou por ser retomada, percorrendo várias avenidas e bairros da cidade de Quelimane até à sede distrital da RENAMO.
"Estamos aqui para concorrer"Manuel de Araújo, edil de Quelimane pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), perdeu o mandato por decisão do Conselho de Ministros por se ter apresentado como candidato às próximas eleições em representação da RENAMO.
Após o incidente desta quarta-feira, em declarações à DW África, Manuel de Araújo afirmou categoricamente que vai concorrer às autárquicas como candidato do maior partido da oposição. "Nós estamos aqui para concorrer, inscrevemo-nos para concorrer, acreditamos num Estado de direito democrático de Moçambique e esta é a marcha de apoio à minha candidatura", sublinhou.
Segundo Manuel de Araújo, a marcha decorreu também em solidariedade com os munícipes da cidade de Maputo que viram os nomes de Venâncio Mondlane (RENAMO) e de Samora Machel Júnior (independente) afastados desta corrida eleitoral, segundo uma decisão tornada pública pelo Conselho Constitucional e Comissão Nacional de Eleições.
"Esta é a marcha de luta e reafirmação da democracia em Moçambique", disse Manuel de Araújo, mostrando-se ainda convicto na sua vitória no pleito eleitoral. "A RENAMO é o único partido da oposição em Moçambique capaz de ombrear e enfrentar a FRELIMO", garantiu.
Clima de tensãoNos últimos dias, o clima político na província da Zambézia tem sido muito tenso, com os cabeças de lista de alguns partidos políticos a denunciar ameaças de morte e perseguição.
Quelimane: Polícia dispara em manifestação de apoio a Manuel de Araújo
É o caso do novo candidato do MDM em Quelimane, Rogério Warowaro, que diz "andar com o coração nas mãos", por ser procurado pela Polícia de Investigação Criminal por ter alegadamente invadido a sede da FRELIMO em Quelimane no dia do recenseamento eleitoral.
A queixa foi confirmada pela FRELIMO na voz de Alige de Morais, secretário para a verificação do partido em Quelimane: "Havia aqui um intercâmbio entre jovens filiados na Organização da Juventude Moçambicana (OJM) de Nicoadala e Quelimane e jovens do MDM. Invadiram a nossa sede, afirmando que os jovens vinham recensear-se".
"A sede do partido FRELIMO não é nenhum posto de recenseamento. Remetemos o caso à Procuradoria, o processo está a andar e estamos à espera do julgamento", explica.
Entretanto, o cabeça de lista da FRELIMO na autarquia de Gurué, José Aniceto, pediu ajuda à Polícia esta quarta-feira, porque diz estar a ser ameaçado de morte por um grupo de membros do MDM naquela vila autárquica da província da Zambézia. "São membros do MDM que estão a produzir músicas para difamar o partido e cabeça de lista. Eu não tenho medo e estou livre", garante.
Bicicletas táxi em Moçambique
Quem em Quelimane se quiser movimentar rapidamente, apanha uma bicicleta táxi. As ruas da cidade são muito más para os transportes convencionais. Para muitos, a bicicleta táxi é uma forma de poderem obter algum dinheiro.
Foto: Gerald Henzinger
Bicicletas em alternativa aos carros
Quelimane é uma cidade na costa de Moçambique. Quem por aqui se quiser movimentar rapidamente, apanha uma bicicleta táxi. As ruas da cidade são muito más para os convencionais táxis e autocarro. Além disso, para muitas pessoas, a bicicleta táxi é uma das poucas formas de poderem obter algum dinheiro.
Foto: Gerald Henzinger
Estradas intransitáveis para carros
Quelimane é a capital da província moçambicana da Zambézia. No entanto, as estradas estão em estado deplorável. As pistas de terra estão cheias de buracos. Quando chove, enchem-se de água e tornam as estradas intransitáveis para os carros e para os miniautocarros. As bicicletas táxi, porém, podem contornar as poças de água.
Foto: Gerald Henzinger
Viajar de bicicleta táxi
Dependendo da distância, uma viagem de bicicleta táxi pode custar entre 5 e 20 meticais (aproximadamente entre 15 e 60 cêntimos de euro). Primeiro, o preço é negociado com o motorista. Depois, ocupa-se o lugar almofadado, que é feito especialmente por medida.
Foto: Gerald Henzinger
A bicicleta como alternativa ao desemprego
Em vez estarem desempregados, muitos moradores de Quelimane preferem conduzir uma bicicleta táxi. No entanto, o mercado está saturado com os vários milhares de bicicletas táxi que existem. Lutam todos por clientes entre os cerca de 200 mil habitantes. Isso faz baixar os preços e, por isso, as bicicletas táxi são um negócio difícil.
Foto: Gerald Henzinger
Samuel, taxista de bicicleta
Quando Samuel não está a trabalhar como motorista de serviço, está a estudar. Quando era criança só frequentou a escola até ao sexto ano. Os seus pais não tinham dinheiro e não podiam continuar a pagar os seus estudos. Agora, o jovem de 27 anos tenta obter o diploma do ensino secundário. “Se não o terminar, não vou conseguir um trabalho decente”, diz.
Foto: Gerald Henzinger
Francis, mecânico de bicicletas
Parafusos soltos e pneus lisos estão entre as preocupações quotidianas de um taxista de bicicleta. Francis arranja bicicletas no Mercado Central de Quelimane. Por cada tubo que remenda recebe cinco meticais (cerca de 20 cêntimos). Ganha cerca de 85 euros por mês. Desta forma, consegue alimentar a sua família.
Foto: Gerald Henzinger
Licença controversa
A Câmara Municipal de Quelimane quer reduzir o número de taxistas de bicicleta nas suas estradas. Por isso, no início de 2010, criou uma espécie de licença para estes condutores. Oficialmente, deveria custar cerca de 12 euros, mas os motoristas protestaram. A Câmara Municipal cedeu e suspendeu a licença.
Foto: Gerald Henzinger
Andar de bicicleta para cumprir um sonho
Para o jovem Francisco Manuel, de 19 anos, a bicicleta táxi é uma forma de financiar a sua formação. O seu trabalho de sonho é ser polícia. “Eu não quero roubar para sobreviver”, diz. Assim, optou pela bicicleta táxi. Com os 2,50 euros que ganha diariamente, consegue manter-se a si e ao seu filho.
Foto: Gerald Henzinger
Uma bicicleta táxi para toda a família
Na sua última viagem, Armando só conseguiu ganhar 80 meticais (cerca de três euros). “Foi um bom turno nocturno”, afirma, em jeito de balanço. Desde que o seu pai morreu, tem de ganhar dinheiro para toda a família com a bicicleta táxi. Armando não aprendeu a ler e a escrever, já que abandonou a escola por causa de uma deficiência visual após a terceira classe.
Foto: Gerald Henzinger
Pouco dinheiro para sobreviver
As bicicletas táxi ajudam muitas pessoas sem formação a obter algum dinheiro de forma legal. No entanto, depois de deduzidos os custos, muitas vezes sobram apenas um ou dois euros por dia. E quando estes taxistas ficam doentes, já não entra mais dinheiro em caixa.