Membros do MDM e da FRELIMO tentaram fazer greve para protestar contra a decisão do edil Manuel de Araújo de não pagar salários. Mas a polícia bloqueou o acesso ao Conselho Municipal de Quelimane e não houve protesto.
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As bancadas do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) na Assembleia Municipal de Quelimane, no centro de Moçambique, convocaram uma greve para esta quarta-feira (12.12), em protesto contra o edil Manuel de Araújo, da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
Os membros da assembleia tencionavam fechar as portas do Conselho Municipal, mas a greve não se chegou a realizar. O acesso ao edifício foi bloqueado, de madrugada, por dezenas de agentes da polícia. A corporação recusou prestar declarações à DW África.
Quelimane: Polícia trava protesto contra Manuel de Araújo
Foram horas de tensão na cidade. Vários militantes da RENAMO também foram para junto do Conselho Municipal. "Estamos aqui porque haveria uma manifestação contra Manuel de Araújo. Como membros do partido RENAMO, estamos aqui para darmos segurança ao nosso cabeça de lista", disse Citiana Domingos.
Cândido Bonde, outro membro da RENAMO, também foi até ao edifício do Conselho Municipal para defender Araújo e disse sentir-se "feliz" porque "a suposta manifestação que os membros da Assembleia Municipal pretendiam realizar não foi feita."
Salários em atraso por "vingança"?
MDM e FRELIMO reivindicam mais de dois meses de salários em atraso, segundo Listano Evaristo, delegado do MDM, o partido que tem a maioria na Assembleia Municipal de Quelimane. "Estamos preocupados com os nossos subsídios, que é de lei. Os salários estão arquivados", explica.
A DW tentou contactar o edil de Quelimane por telefone, mas sem sucesso.
O braço-de-ferro entre os 39 membros das bancadas do MDM e da FRELIMO e Manuel de Araújo dura há vários meses. O edil tem-se recusado a pagar os salários, porque as sessões da Assembleia Municipal estão suspensas desde que Araújo mudou de partido, do MDM para a RENAMO.
Manuel de Araújo exige o fim da suspensão das sessões na Assembleia Municipal como condição para pagar os salários. Mas os membros da Assembleia querem os salários já.
Para Rijone Bombino, o chefe da bancada da FRELIMO, a falta de pagamento de salários é "apenas uma vingança, é falta de respeito". "Os membros estavam preparados para se manifestar, para mostrar o seu desagrado e desapontamento, para repudiar a má gestão que está a acontecer aqui no município, diz.
Listano Evaristo, do MDM, promete continuar a lutar: "A greve não parou. Estamos em negociação para vermos qual é a reação da outra parte. Depende deste consenso."
Autárquicas: Quem venceu nas principais cidades de Moçambique
Os resultados eleitorais das eleições autárquicas moçambicanas dão a vitória ao partido no poder em 44 municípios. A RENAMO, a principal força da oposição, venceu em sete autarquias. O MDM conquistou apenas a Beira.
Foto: DW/S. Lutxeque
Eneas Comiche, edil da capital entre 2004 e 2008, venceu em Maputo
Segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) saiu como grande vencedora em Maputo com 56,95% dos votos, contra os 36,43% da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a terceira força política mais votada com 5,13%.
Foto: DW/R. da Silva
Com margem estreita, Calisto Cossa conquista segundo mandato na Matola
No município da Matola, a FRELIMO foi considerada vencedora com 48,05% dos votos, contra os 47,28% da RENAMO, uma diferença inferior a um ponto percentual. A vitória da FRELIMO foi, no entanto, contestada pela oposição. Membros da Comissão Distrital de Eleições disseram mesmo que houve fraude eleitoral.
Foto: DW/Leonel Matias
Emídio Xavier, da FRELIMO, eleito pelo município de Xai-Xai
Na província de Gaza, concretamente na cidade de Xai-Xai, a FRELIMO venceu com 81,21% dos votos contra apenas 12,36% da RENAMO. Em 134 mesas, Xai-Xai registou 53,90% de votos válidos e uma abstenção de 43,86%.
Foto: DW/C. Matsinhe
Benedito Guimino, da FRELIMO, reeleito em Inhambane
Na cidade de Inhambane, capital provincial, a FRELIMO arrasou com 79,50% contra os 15,55% da RENAMO. Sobraram apenas 4,95% para o MDM. Inhambane contou com 65 mesas de voto e uma abstenção de 35,14%.
Foto: DW/L. da Conceição
Daviz Simango, líder do MDM, mantém-se na Beira
Na cidade da Beira, província de Sofala, o MDM conseguiu a única vitória neste sufrágio. A terceira força parlamentar arrecadou 45,77% dos votos. Em segundo lugar, ficou a FRELIMO com 29,26%. Em terceiro, surge a RENAMO com 24,57%. Neste município registou-se uma abstenção de 36,65%.
Foto: DW/A. Sebastiao
João Ferreira foi aposta da FRELIMO na cidade de Chimoio
Em Chimoio, província de Manica, a FRELIMO obteve maioria absoluta com 52,51% da votação. A RENAMO garantiu 44,51% dos votos válidos. Nesta cidade do centro do país havia 220 mesas e, curiosamente, não foram contabilizados quaisquer votos nulos ou brancos.
Foto: DW/M. Muéia
Manuel de Araújo reeleito em Quelimane - desta vez pela RENAMO
Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, a RENAMO venceu com 59,17% da votação contra os 36,09% arrecados pelo partido no poder, a FRELIMO. Quelimane com 168 mesas de votos registou uma taxa de abstenção de 34,72%. Do total de votos, 61,39% foram considerados válidos.
Foto: picture-alliance/dpa
César de Carvalho volta à edilidade de Tete, que liderou entre 2004 e 2013
Na província de Tete, na cidade com o mesmo nome, a FRELIMO levou a melhor com 54,49% contra os 43,02% da RENAMO, num universo de 57,04% votos considerados válidos. Nesta província do Centro Norte de Moçambique havia 184 mesas de voto.
Foto: DW/A.Zacarias
RENAMO vence em Nampula com atual edil Paulo Vahanle
Em Nampula, a RENAMO obteve mais votos do que o partido no poder. 59,42% dos munícipes votaram no principal partido da oposição, contra os 32,20% que votaram na FRELIMO. O MDM surge em terceiro com 6,23%. Nesta cidade contabilizaram-se 196.230 votos válidos, o que corresponde a 57,30% do total da votação. Em Nampula havia 456 mesas de voto.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO vence no município de Lichinga
Na cidade de Lichinga, na província do Niassa, a FRELIMO ganhou com 51,93% contra os 45,19% da RENAMO. O MDM garantiu o terceiro posto com apenas 2,88%. A abstenção situou-se nos 41,91%.
Foto: DW/M. David
Em Pemba, venceu Florete Simba Motarua da FRELIMO
Na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, a vitória foi alcançada pela FRELIMO que arrecadou 54,21% dos votos. A RENAMO não foi além dos 39,01%. Pemba com 134 mesas de votos contabilizou 56,23% de votos válidos. A taxa de abstenção nesta cidade nortenha foi de 40,87%.