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Mara Quiosa é a nova vice-presidente do MPLA

19 de dezembro de 2024

Mara Quiosa, nova vice-presidente do MPLA, vai trazer ao partido no poder o rejuvenescimento prometido por João Lourenço? Analistas ouvidos pela DW dizem que mudanças não passam de mera operação de cosmética.

Congresso do MPLA em Luanda
João Lourenço, presidente do MPLA, quer com a escolha de Mara Quiosa rejuvenescer o partido no poderFoto: Borralho Ndomba/DW

Mara Quiosa, de 44 anos de idade, é a nova vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, substituindo no cargo Luísa Damião. Segundo o presidente do partido, João Lourenço, a escolha tem a ver com o rejuvenescimento do partido, que comemora 68 anos de existência.

Em declarações à imprensa, Mara Quiosa prometeu trabalhar para garantir mais apoio a João Lourenço e tornar o MPLA mais coeso, antes das eleições de 2027.

"O caminho é este, é o de continuarmos a dinamizar a nossa estrutura de base”, apontou. "Naturalmente, [vamos] continuar a trabalhar na união e na coesão do MPLA, conscientes de que só unidos seremos mais fortes e estaremos em condições de enfrentar com propriedade os desafios do presente e do futuro, essencialmente", garantiu. 

A nova vice-presidente dos chamados "camaradas” ocupava o cargo de governadora da província do Cuanza Sul. Foi também governadora do Bengo, Cabinda e desempenhou várias funções na comissão administrativa de Luanda. Ela é uma política de carreira.

Nos bastidores, circularam rumores de que Luísa Damião, a antecessora de Mara Quiosa, terá sido afastada por fraco desempenho como adjunta do líder. Nada disso foi confirmado pelo partido.

Colocar o MPLA nos carris

Mas como será com Mara Quiosa? Será que a nova número 2 do MPLA conseguirá revitalizar a imagem do partido, que parece cada vez desgastada após cinco décadas de governação? É a questão que se coloca entre os analistas ouvidos pela DW.

O jornalista Ilídio Manuel considera que "nada é seguro”. E explica que "mesmo a própria Mara Quiosa poderá, no próximo congresso, e em véspera das eleições, ser varrida também do cargo com o mesmo argumento de que não conseguiu colocar o partido nos carris." O problema está no partido em si, insiste Ilídio Manuel.

"Naturalmente, [João Lourenço] socorreu-se dos jovens que, em anteriores congressos, tinham ascendido ao Comité Central do MPLA”, avalia o analista angolano Ilídio ManuelFoto: Borralho Ndomba/DW

Para José Gama, outro jornalista e analista político angolano, o MPLA precisa urgentemente de reformas internas profundas, com mais caras novas. Ele admite que o "rejuvenescimento" dos últimos dias não basta.

"Precisa de congressos com múltiplas candidaturas, tanto ao nível dos comités distritais, municipais, provinciais e até nos congressos ordinários. E isto tem sido negado", entende.

Entretanto, na sua estratégia de "rejuvenescimento" dos últimos dias, João Lourenço fortaleceu a sua posição como presidente do MPLA. O congresso aprovou novos estatutos que permitem que seja o líder do partido a escolher a dedo o candidato presidencial do partido no poder às próximas eleições, em 2027.

"São jovens que querem subir a pulso na vida”

Além disso, segundo o jornalista Ilídio Manuel, foram também afastadas figuras de proa que não apresentavam garantias de apoio a João Lourenço. Isto, com o apoio de jovens que o Presidente promoveu na direção do partido. 

"Naturalmente, ele socorreu-se dos jovens que, em anteriores congressos, tinham ascendido ao Comité Central do MPLA”, adianta. "Nesta perspetiva”, explica depois, "são jovens que querem subir a pulso na vida”, que, "não só aspiram o poder político”, como também desejam "uma ascensão do ponto de vista material." Mas isto é um contrassenso, na opinião de Ilídio Manuel.

Enquanto Presidente da República, João Lourenço diz que precisa de injetar "sangue novo" no seu partido. Mas, conclui o jornalista, "ele próprio não diz se vai concorrer, ou não, para um terceiro mandato."

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