Paulo Pombolo novo secretário-geral do MPLA, também foi governador do Uige onde foi muito criticado pela população.
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Paulo Pombolo nasceu na província do Uíge aos 12 de abril de 1962. O político já exerceu vários cargos no partido e no governo.
Paulo Pombolo começou a notabilizar-se na política como 1º Secretário Nacional da MPLA, cargo que ocupou por vários anos. Analistas ouvidos pela DW África são unânimes em afirmar que enquanto responsável da JMPLA , a organização juvenil dos "camaradas" teve um bom desempenho. É o caso de Jorge Neto jornalista e diretor do semanário "Manchete".
"Teve um desempenho notório, conseguiu juntar a juventude do seu país ao nível nacional".
Cláudio Fortuna investigador da Universidade Católica de Angola, concorda:"Fez uma carreira notável na JMPLA, esteve de acordo com as orientações do partido e acaba por fazer da JMPLA um ninho de preservação. Deu voz de peso a JMPLA e assim foi premiado a governador do Uíge".
Governador do Uíge
Mas, enquanto governador do Uíge, cargo que ocupou entre 2009 a 2017, não teve o mesmo desempenho, diz Cláudio Fortuna que aponta o contexto da época como a razão.
"A sua governação foi desastrosa. Não houve avanços no Uíge e a província até retrocedeu. Mas também podemos adivinhar que resultou do facto de estar amarrado (à antiga governação)".
Para Jorge Neto a governação de Pombolo no Uíge também não foi boa."Saiu um pouco mais maculado na província do Uíge do que como 1º Secretário da JMPLA".
Paulo Pombolo o novo secretário-geral do MPLA já exerceu vários cargos no partido e governo
Desvios
Aliás, o ex-governante foi acusado pelos cidadãos locais de desviar autocarros para sua fazenda, lembra o analista político Augusto Báfuabáfua que quer saber em que pé está a acusação.
"Desvio de autocarros e levar para a sua fazenda, desta fama também Paulo Pombolo não se livra. Não sei até que ponto isso evoluiu, se eventualmente foi levada a Procuradoria-geral da República ou a uma instância judicial”.
Depois de ter ocupado a pasta de 1º Secretário da província do Uíge e a de Secretário para Informação do MPLA, o ex-governante tem novos desafios políticos. Paulo Pombolo foi eleito no último fim-de-semana, para o cargo de Secretário-geral do MPLA no VII Congresso Extraordinárioonde substituiu Álvaro de Boa-vida Neto.
Lealdade a José Eduardo dos SantosEm dezembro de 2018, o semanário angolano "Expansão" publicou uma entrevista em que Boa-vida declara a sua lealdade ao ex-Presidente José Eduardo dos Santos. Talvez seja isso que terá ditado a substituição do político, sublinha Cláudio Fortuna.
"É um posto que lhe caiu de para-queda porque ele não estava preparado. Teve a sorte de o anterior secretário-geral do MPLA, teve um posicionamento que está a margem dos ditames do partido que é um partido ortodoxo, conservador e não está preparado para criticas dos seus próprios militantes".
Questionado sobre se Paulo Pombolo estava a altura dos seus novos desafios, Augusto Báfuabáfua, prefere esperar e ver para crer.
"É difícil, a partida, aferir se alguém está a altura dos desafios. Que conhece muito bem o partido, conhece", concluiu.
Angola: Os contrastes de um gigante petrolífero
O "boom" do petróleo ainda não é para todos. Ao mesmo tempo que Angola oferece oportunidades de investimento a empresas nacionais e estrangeiras, mais de um terço da população vive com menos de um dólar por dia.
Foto: DW/R. Krieger
Lama no cotidiano
O bairro Cazenga é o mais populoso de Luanda – ali, vivem mais de 400 mil pessoas numa área de 40 quilômetros quadrados. Em outubro de 2012, chuvas fortes obrigaram muitos habitantes a andar na lama. Do Cazenga saíram muitos políticos do partido governista angolano MPLA. "Uma das prioridades de políticos pobres é a riqueza rápida", diz o economista angolano Fernando Heitor.
Foto: DW/R. Krieger
Dominância do MPLA
Euricleurival Vasco, 27, votou no MPLA nas eleições gerais de agosto de 2012: "É o partido do presidente. Desde a guerra civil, ele tenta deixar o poder, mas a população não deixa". Críticos dizem que José Eduardo dos Santos não cumpriu nenhuma promessa eleitoral, como acesso à água e à eletricidade. Mas o governo lançou um plano de desenvolvimento em novembro para dar esses direitos à população.
Foto: DW/R. Krieger
Economia informal em Angola
Muitos angolanos esperam riqueza do chamado "boom" do petróleo. Mas grande parte da população é ativa na economia informal, como estas vendedoras de bolachas na capital, Luanda. Segundo a ONU, 37% da população vivem com menos de um dólar por dia. Elias Isaac, da organização de defesa dos direitos humanos Open Society, considera este um "contrassenso" entre "crescimento e desenvolvimento".
Foto: DW/R. Krieger
Uma infraestrutura de fachada?
A capital angolana Luanda é considerada uma das cidades mais caras do mundo. Um prato de sopa pode custar cerca de 10 dólares num restaurante, o aluguel de um apartamento mais de cinco mil dólares por mês. A Baía de Luanda é testemunho constante do "boom" do petróleo: guindastes e arranha-céus disputam quem é mais alto.
Foto: DW/Renate Krieger
O "Capitólio" de Angola
Próximo à Baía de Luanda, surge a nova sede do parlamento angolano. O partido governista MPLA vai ocupar a maior parte dos 220 assentos: elegeu 175 deputados em agosto de 2012. Por outro lado, o MPLA perdeu 18 assentos em comparação à eleição de 2008. A UNITA, maior partido da oposição, ganhou 32 assentos em 2012 – mas tem pouco espaço...
Foto: DW/R. Krieger
O presidente no cotidiano de Luanda
…porque, segundo críticos, o presidente José Eduardo dos Santos (numa foto da campanha eleitoral) "domina tudo": o poder Executivo, o Judiciário e o Legislativo, diz o economista Fernando Heitor. José Eduardo dos Santos também parece dominar muitas ruas de Luanda: em novembro de 2012, quase todas as imagens eram da campanha do partido no poder, o MPLA.
Foto: DW/R. Krieger
Dormir nos carros
Os engarrafamentos são frequentes em Luanda. Por isso, muitos funcionários que moram em locais mais afastados já partem para a capital angolana de madrugada. Ao chegarem em Luanda, dormem nos carros até a hora de ir trabalhar – juntamente com as crianças que precisam ir à escola. A foto foi tirada às 06:00h da manhã perto do Palácio da Justiça em novembro de 2012.
Foto: DW/R. Krieger
A riqueza em recursos naturais de Angola
Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África, mas também tem potencial para se tornar um dos maiores exportadores de gás natural. A primeira unidade de produção de LNG – Gás Natural Liquefeito, em inglês – foi construída no Soyo, norte do país, mas ainda está em fase de testes. A fábrica tem uma capacidade de produção de 5,2 milhões de toneladas de LNG por ano.
Foto: DW/Renate Krieger
Para acabar com a dependência do petróleo...
A diversificação da economia poderia ser uma solução, diz o Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo angolano criou um fundo soberano do petróleo para investir no país e no estrangeiro, e para ter uma reserva caso haja oscilações no preço do chamado "ouro negro". Uma alternativa, segundo especialistas, poderia ser a agricultura, já que o petróleo só deve durar mais 20 ou 30 anos.
Foto: DW/R. Krieger
Angola atrai estrangeiros
Vêem-se muitas placas em chinês e empresas chinesas em Angola. Os chineses são a maior comunidade estrangeira no país. Em seguida, vêm os portugueses, que em parte fogem à crise económica europeia. Depois, os brasileiros, por causa da proximidade cultural. Todos querem uma parte da riqueza angolana ou investem na reconstrução do país.
Foto: DW/R. Krieger
Homem X Asfalto
Para o educador Fernando Pinto Ndondi, o governo angolano deveria investir "no homem e não no asfalto". Há cinco anos, Fernando e sua famíla foram desalojados da ilha de Luanda por causa da construção de uma estrada. Agora vivem nestas casas precárias. O governo constrói novas casas para a população. Porém, os preços, a partir de 90 mil dólares, são altos demais para a maior parte dos angolanos.
Foto: DW/Renate Krieger
Para onde vai o dinheiro?
O que aconteceu com 32 mil milhões de dólares lucrados pela empresa petrolífera estatal angolana Sonangol entre 2007 e 2011? Um relatório do FMI constatou, em 2011, que faltava essa soma nos cofres públicos. A Sonangol diz ter investido o dinheiro em infraestrutura. Elias Isaac, da Open Society, diz que o governo disponibiliza mais informações – o que "não é sinônimo de transparência".