Ursula von der Leyen - um salto de Berlim para Bruxelas?
Christoph Strack
3 de julho de 2019
Surpresa em Bruxelas: A ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, está em negociações para se tornar a presidente da Comissão Europeia. É considerada um talento versátil e seria a primeira mulher no cargo.
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A ministra da Defesa da Alemanha, Ursula von der Leyen, foi nomeada esta terça-feira (02.07) pelo Conselho Europeu para suceder a Jean-Claude Juncker na presidência da Comissão Europeia. Mas o seu nome ainda terá de ser aprovado nos próximos dias pelo Parlamento Europeu, de onde têm chegado muitas críticas a esta nomeação, já que foram ignorados os cabeças de lista que concorreram nas últimas eleições europeias, em maio.
Ursula von der Leyen nasceu há 60 anos, em Bruxelas, e pode estar para breve o seu regresso à capital belga. Se tiver a aprovação do Parlamento, será a primeira mulher à frente da Comissão Europeia.
É membro da União Democrata Cristã (CDU) desde 1990 e aliada da chanceler Angela Merkel, que a escolheu para a sua equipa em 2005, como ministra da Família. Mãe de sete filhos e licenciada em Medicina, tornou-se depois ministra da Saúde, em 2009, antes de se mudar para o Ministério da Defesa, que continua a liderar.
Entre feitos e escândalos
Foi a primeira ministra da Defesa alemã a conseguir interromper a redução das Forças Armadas. E pela primeira vez desde o fim da Guerra Fria, conseguiu aumentar o número de tropas da Bundeswehr.
"Deixamos para trás um período de mais de 25 anos durante o qual as Forças Armadas da Alemanha foram reduzidas. Nos últimos anos, a situação de segurança mudou muito e o exército alemão tem de lidar com um grande número de desafios, desde a Síria, ao Iraque e ao Mali, da missão no Mar Mediterrâneo à ajuda aos refugiados, além da proteção da fronteira oriental", justificou na altura Ursula von der Leyen.
Mas a reputação da ministra da Defesa acabou por ser afetada nos últimos anos por causa de uma série de escândalos. Durante o seu mandato, foram adiados grandes projetos de armamento e também vieram à tona atividades da extrema-direita nas Forças Armadas da Alemanha.
Competências para se movimentar internacionalmente
Von der Leyen - um salto de Berlim a Bruxelas?
Ainda assim, há observadores que dizem que são boas as perspetivas de conseguir uma posição de responsabilidade em Bruxelas. Além das competências linguísticas, Ursula von der Leyen ajudou a estabelecer a estrutura de defesa da União Europeia (UE).
"É bom ter um exército europeu forte para deixar claro que estamos determinados a defender os direitos humanos no mundo e, acima de tudo, defender a paz", sublinhou von der Leyen.
Filha do ex-primeiro-ministro da Baixa Saxónia, Ursula von der Leyen fala fluentemente inglês e francês, ao contrário de muitos dos seus colegas do governo, e sempre se movimentou com confiança no cenário internacional. Agora, pode bem ser a primeira mulher no comando da Comissão Europeia.
História dos ataques terroristas na Europa
Desde o ano de 2003, ataques conduzidos por terroristas assombram a Europa. Nesta galeria, apresentamos uma cronologia.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Zinken
Dezembro de 2016: Berlim - Alemanha
A 19 de dezembro, um camião avança contra um dos maiores mercados natalinos em Berlim. Houve doze mortos e 55 feridos. O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico. O autor, o tunisino Anis Amri, foi abatido pela polícia italiana durante a sua fuga. O ataque ocorreu na Breitscheidplatz, praça conhecida pela igreja Kaiser-Wilhelm-Gedächniskirche, símbolo da destruição da Segunda Guerra Mundial.
Foto: REUTERS/P. Kopczynski
Julho de 2016: Würzburg - Alemanha
No dia 18 de julho de 2016, um jovem de 17 anos atacou passageiros num combioi regional em Würzburg, no estado da Baviera no sul da Alemanha. Com um machado e uma faca, ele deixou cinco feridos. O agressor de nacionalidade afegã tinha entrado na Alemanha em junho de 2015, como um requerente de asilo, e foi morto pela polícia durante a fuga. O "Estado Islâmico" reivindicou o ataque.
Foto: picture-alliance/dpa/K.-J. Hildenbrand
Julho de 2016: Nice - França
Um camião avançou sobre uma multidão em Nice, no sul da França, no dia 14 de julho de 2016, durante as festividades do Dia da Bastilha. 84 pessoas morreram e outras 18 ficaram feridas em estado grave. O Presidente francês, François Hollande, classificou o ataque de atentado terrorista e declarou o estado de emergência no país por três meses.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Goldsmith
Julho de 2016: Istambul - Turquia
No dia 28 de junho de 2016, três homens-bomba atacaram o Aeroporto Atatürk de Istambul, o terceiro maior da Europa. Mais de 40 pessoas morreram e mais de 230 ficaram feridas. Chama a atenção o fato de o ataque ter ocorrido dois dias antes do segundo aniversário da proclamação do califado do "Estado Islâmico" (EI), o que sugere uma nova fase da estratégia do grupo terrorista islâmico na Turquia.
Foto: Reuters/M. Sezer
Março de 2016: Bruxelas - Bélgica
No dia 22 de março de 2016, dois terroristas explodiram malas com explosivos na área de embarque do Aeroporto Internacional de Zaventem, em Bruxelas. Minutos depois, outra bomba foi detonada por outro terrorista suicida na estação de metro de Maelbeek, no bairro onde ficam escritórios da Comissão Europeia. 32 pessoas morreram e mais de 300 foram feridas.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Waem
Março de 2016: Ancara - Turquia
A Turquia sofreu vários atentados desde junho de 2015. Istambul e Ancara são as cidades mais visadas. Em 13 de março de 2016, um carro-bomba matou 37 pessoas e deixou 125 feridos. A violência é uma resposta à ação turca na guerra civil síria.
Foto: Reuters/U. Bektas
Novembro de 2015: Paris - França
Uma série de ataques a tiros e bombas em diversos pontos da capital francesa deixou 130 mortos. O maior número de vítimas foi registrado na casa de espetáculos Bataclan, que foi invadida por um grupode atiradores que dispararam a esmo. O local estava lotado. O grupo terrorista islâmico sunita "Estado Islâmico" (EI) reivindicou a autoria dos ataques.
Foto: Getty Images/AFP/K. Tribouillard
Junho de 2015: Saint-Quentin-Fallavier - França
Um ataque contra uma fábrica de gás na cidade de Saint-Quentin-Fallavier, próximo a Lyon, no leste da França, deixou um morto e vários feridos. Um corpo decapitado foi encontrado próximo à fábrica de gás, ao lado de uma bandeira islâmica.
Foto: picture-alliance/dpa
Janeiro de 2015: Paris - França
Um ataque ao semanário Charlie Hebdo, em Paris, matou 12 pessoas. O Presidente francês, François Hollande, condenou o atentado, classificando o ato como uma barbaridade extraordinária. Políticos e jornalistas na Europa dizem que o atentado à redação do "Charlie Hebdo" foi um ataque à liberdade de imprensa no continente.
Foto: picture-alliance/dpa/AP Photo/T. Camus
Maio de 2014: Bruxelas - Bélgica
Um homem armado abriu fogo na entrada do museu judaico, em Bruxelas, no dia 24 de maio de 2014, matando quatro pessoas. Após a sua identificação em França, ele foi extraditado para a Bélgica. Suspeita-se de que o homem, de nacionalidade francesa, teria combatido na Síria por mais de um ano ao lado de guerreiros islâmicos. Ele já esteve na prisão por roubo.
Foto: Reuters
Março de 2012: Toulouse - França
Entre 11 e 22 de março de 2012, a França foi tomada pelo medo. Um homem numa motocicleta baleou dois soldados. Oito dias depois, em 19 de março, ele matou três estudantes e um professor de uma escola judaica. No dia 22 de março, os policiais invadiram a residência do terrorista e mataram-no.
Foto: AP
Novembro de 2011: Paris - França
O semanário "Charlie Hebdo" já havia sido alvo de ataques há quase quatro anos. Um coquetel molotov foi arremessado para dentro da redação, mas ninguém ficou ferido. A pessoa que cometeu o atentado não foi identificada até hoje. O motivo do ataque, supostamente, foram as publicações críticas ao islã. O periódico está há bastante tempo sob proteção policial.
Foto: picture-alliance/abaca
Dezembro de 2010: Estocolmo - Suécia
No dia 11 de dezembro, duas bombas explodiram numa área comercial bastante movimentada da capital sueca. Duas pessoas ficaram feridas. O autor do atentado, um iraquiano de 28 anos, cometeu suicídio.
Foto: AFP/Getty Images/J. Nackstrand
Julho de 2005: Londres - Inglaterra
Quatro ataques suicidas aconteceram quase simultaneamente nas principais vias da capital inglesa na manhã do dia 7 de julho de 2005. Três bombas explodiram em linhas do metropolitano de Londres e uma num autocarro de dois andares. No total, 52 pessoas morreram, incluindo os quatro terroristas. Estes atentados foram os piores da história da Grã-Bretanha.
Foto: picture-alliance/dpa/P. MacDiarmid
Março de 2004: Madrid - Espanha
No dia 11 de março de 2004, 191 pessoas morreram no maior atentado da história da Espanha. Várias bombas explodiram em quatro comboios diferentes, um deles numa linha de metro. Os terroristas foram condenados no total a 43 mil anos de prisão. Mas como não há prisão perpétua na Espanha, os criminosos ficarão, no máximo, 40 anos na prisão.
Foto: AP
Novembro de 2003: Istambul - Turquia
Ao longo de cinco dias, radicais islâmicos praticaram diversos atentados em Istambul. 58 pessoas morreram e 600 ficaram feridas. Em 15 de novembro, dois carros-bomba explodiram ao pé duma sinagoga, na qual vários fiéis estavam reunidos para rezar. No dia 20 de novembro, os radicais atacaram um banco e o consulado britânicos. Os terroristas foram condenados em 2007.